Masturbação, sedução: 'The Idol' mostra influência da pornografia ...
"É reflexo da 'pornificação' da cultura pop americana", disse Sam Levinson, criador de "The Idol", série com Lily-Rose Depp e The Weeknd que teve première mundial na noite de segunda (22) no Festival de Cannes.
Cenas quentes: A definição aconteceu durante conversa com a imprensa sobre o teor alto de cenas de sexo (quase) explícitas que envolvem a personagem de Lily-Rose, Jocely, uma cantora pop disposta a fazer de tudo para se tornar um grande estrela e deixar um legado importante.
Para isso, haja cenas em que Jocely se masturba, incluindo uma vez com gelo, fotos 'revenge porn' vazadas por um ex-namorado e um tom de sedução e tensão que perpassa a série, definida pela equipe como um 'filme longo'.
Perdida entre um período em que enfrenta o luto por conta da recém-morte de sua mãe, uma crise nervosa e o desejo de se afirmar, Jocelyn encontra Tedros (Weeknd), o dono de uma boate, com um passado conturbado, com quem começa um tórrido romance.
Forte influência pornográfica"Particularmente nos Estados Unidos, a influência da pornografia é realmente forte em termos de influenciar a psique, a mente, dos jovens norte-americanos. A gente vê a música pop e vê como ela reflete o lado obscuro da internet de certa forma", completou Levinson, que criou "The Idol" com Reza Fahim e o cantor e músico Abel "The Weeknd" Tesfaye. A série, aliás, estreia em 4 de junho na HBO.
Levinson, que também criou o grande sucesso "Euphoria" e tem um olhar muito voltado para as histórias do universo jovem, e também ao público jovem, comentou que conversou muito com Lily-Rose sobre quem era, na verdade, Jocelyn e que a sexualidade é algo que sai naturalmente dela: "E acho que isso é muito fiel ao que quase todas as estrelas do pop contemporâneo vivem e estão fazendo hoje", completou Levinson.
Ele assumiu a direção da série depois que a diretora original, Amy Seimetz, foi afastada do cargo e a série reescrita por "não atingir os standards de qualidade da HBO, produtora de "The Idol".
PolêmicasA propósito, "The Idol" estreia com polêmicas anteriores, com o episódio da reescrita e notícias de que a produção foi caótica, com roteiros sendo entregues na última hora (em matéria publicada pela Rolling Stone que rende assunto até agora).
Sobre isso, Lily-Rose já havia se manifestado oficialmente, desmentindo que o set foi tenso e caótico. E a atriz voltou a repetir, nesta terça, que a realidade "foi o oposto disso" e que o clima de improviso, na verdade, contribuiu para a autenticidade da série.
Quem vive Tedros é o cantor e músico Abel "The Weeknd" Tesfaye, que também criou "The Idol" ao lado de Levinson. A boate, ou bar, do qual ele é dono, é, na verdade, um culto, fato que dá mais complexidade à "The Idol" e promete reviravoltas nos episódios futuros.
A partir do momento em que o romance entre ele e Jocely começa, a vida dela entra em uma espiral vertiginosa. "É como seria a realidade caso eu tivesse feito as escolhas erradas da minha vida. Eu queria mostrar pro mundo ou ensinar os jovens artistas a fazerem as escolhas certas", comentou The Weeknd sobre Tedros.
Ele é baseado em pessoas da minha vida que tiveram que tomar as decisões certas. É complicado, mas Sam (Levinson) é muito observador. Ele escreve sobre o que ele sabe e o que ele vê. Weeknd.
"The Idol" dividiu a crítica. Houve quem considerasse um projeto ousado, a julgar por apenas dois episódios, que não deixam muita margem para onde a trama, e quem julgasse que o sexo é retratado com o "male gaze" (o olhar masculino) de sempre, tendo as cenas quentes sempre protagonizadas por Lily-Rose e explorando o corpo da atriz.
Sobre a construção da personagem, Lili-Rosey afirmou que ela e Levinson sempre conversaram muito sobre Jocely, sobre seu caráter, passado e personalidade. "A gente tentou mergulhar na mente de alguém que viveu uma vida que eu particularmente não vivi. A gente falou de outras influências, como Sharon Stone em "Instinto Selvagem" outra mulheres poderosas", afirmou a atriz, que é filha da cantora e atriz francesa Vanessa Paradis e Johnny Depp.
Ao falar do alegado caos na produção, Levinson garantiu que também contribuiu para a qualidade e veracidade da série. "De alguma forma, a espontaneidade nos permite entrar na realidade do mundo em que a gente está mergulhando. A sequência do musical que a gente filmou, por exemplo, criou a energia que a gente precisava. Uma energia que a gente vê e reconhece nos Realities, nos Reality Shows", comentou o diretor.
"Acho que as pessoas perseguem a realidade. Eu queria que isso se tornasse parte desta série. Este é o sentimento que existe em "The Idol". É esta emoção visceral que a gente não consegue recriar, que é difícil, a não ser que se sinta que há segurança nisso", finalizou.