Ações da Magazine Luiza (MGLU3) abrem em queda de 8%
As ações ordinárias da Magazine Luiza abriram em queda de 8,09% nesta terça-feira, após anúncio de ajustes realizados pela companhia em seu balanço financeiro. A companhia comunicou ter identificado “lançamentos indevidos” de bonificações em exercícios anteriores, culminando numa baixa patrimonial de R$ 830 milhões.
O Magazine Luiza teve lucro líquido de R$ 331,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 190,9 milhões do mesmo período de 2022.
A empresa também reconheceu que o resultado do terceiro trimestre inclui um ganho extraordinário relacionado a bonificações de fornecedores, além de créditos fiscais de PIS e Cofins relacionados a esses contratos anteriores a 2022, no valor líquido de R$ 507 milhões.
Apesar de a empresa ter comunicado números positivos referentes ao terceiro trimestre deste ano, o foco dos investidores tende a ser o erro contábil apresentado pela companhia junto com o balanço.
O Citi ressaltou que a companhia teve vendas 1% abaixo do esperado, com dinâmica ruim nas lojas físicas. Enquanto isso, o Ebitda foi 16% aquém das expectativas. Além disso, os números do terceiro trimestre vieram poluídos por itens não recorrentes relacionados a créditos fiscais e a ajustes por conta dos erros contábeis divulgados pela empresa.
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A baixa contábil de R$ 830 milhões que o Magazine Luiza computou pelos erros contábeis foram mitigados parcialmente por R$ 507 milhões em créditos fiscais.
“As atenções agora vão se voltar a entender como foi a investigação interna sobre esses erros contábeis e os potenciais riscos que podem aparecer, isso se existirem, de novos procedimentos”, comentam os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo, do Citi.
Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, ressalta que o resultado da Magazine Luiza não foi lido de forma positiva pelos analistas, tanto pelo erro contábil quanto pelos números da companhia. Por isso, as ações têm sido evitadas em termos de recomendação.
“A gente estava muito convicto em evitar outras empresas de varejo, mas ultimamente está crescendo um rumor de que mesmo Magazine Luiza não sobrevive porque tem empresas demais concorrendo no e-commerce, e acaba que no meio do caminho alguém vai sair. Quem saiu primeiro foi Americanas, mas outras estão sobrevivendo por aparelhos. As empresas torcem para um vizinho sair antes e assim sobrar um pouco mais de market share e conseguir preços melhores”.
Já os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, do Goldman Sachs, destacaram o crescimento nas vendas do seu marketplace on-line, o que quase que totalmente compensado pelo fraco desempenho de lojas físicas e on-line, junto com maiores custos e despesas.
“Ainda que a denúncia tenha sido considerada improcedente, a necessidade de reapresentação de lançamentos contábeis e de implantação de medidas visando aprimorar os mecanismos de controles internos gera incertezas quanto à existência de outras inconsistências porventura ainda não evidenciadas e o nível de governança corporativa da companhia, o que adiciona mais riscos à esse investimento”, diz o relatório assinado por Georgia Jorge e equipe do BB Investimentos.
Sobre o balanço, o BB Investimentos considerou ‘misto’, do lado positivo destacando o crescimento das vendas no marketplace, incremento da margem bruta permitindo anular a perda de alavancagem operacional e fluxo de caixa livre robusto.
Do lado negativo, tivemos mais um trimestre de prejuízo com vendas fracas tanto nas lojas físicas quanto no on-line com estoque próprio.
(Com informações do Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico)