Um erro 'imprecionante'? Uma 'paralização' do português?

Piadas, memes, achincalhamentos: ministro da Educação, Abraham Weintraub, escreve "imprecionante", em vez de impressionante, em sua página no Twitter, e movimenta as redes sociais.  

Vale lembrar que esse não é o primeiro deslize cometido pelo ministro. Em ofício encaminhado ao Ministro da Economia, Paulo Guedes, Weintraub escreveu "paralização", em vez de paralisação. Em outro caso, ocorrido em junho de 2019, o ministro participava de uma audiência no senado e chamou o escritor Franz Kafka de "kafta", produto de origem árabe, semelhante a um espetinho de carne. 

Diante desse cenário, apresento aqui uma reflexão: o que a repercussão toda em relação aos erros do ministro tem a nos ensinar? 

Em primeiro lugar, todos precisam ficar atentos. Fica evidente que erros de português podem complicar a imagem de um profissional em um ambiente de trabalho. Há muitos anos, além de ministrar aulas em instituições de ensino, trabalho como consultor em grandes empresas. Menciono sempre a questão de "cuidar da Língua Portuguesa".

Ter uma boa comunicação, oral e escrita, pode fazer toda a diferença em uma carreira de sucesso. Então, mesmo que não seja um conteúdo específico de sua área de atuação, preocupe-se com o uso adequado da Língua Portuguesa, em cada situação comunicativa. Há ambientes em que você DEVE ser formal; e outros em que você PODE ser informal. Ter um "bom português" é saber transitar, com qualidade, entre o formal e o informal, em TODAS as situações. 

Um segundo tópico, mais polêmico, diz respeito ao que chamo de "hipocrisia e preconceito linguístico". Obviamente, isso não é uma teoria ou um conceito das ciências da linguagem. É apenas uma maneira de dizer que não concordo com os achincalhamentos feitos por conta de erros de português. 

Posso ser bem direto e, de antemão, afirmar que não concordo com os modelos de trabalho adotados pelo ministro Abrahan Weintraub, tampouco coaduno com as políticas apresentadas pelo atual governo. Portanto, minha intenção não é defender alguém, política ou ideologicamente. Quero apenas refletir. 

Como não é o primeiro equívoco cometido pelo ministro e por ele gerir a pasta da EDUCAÇÃO, é notório que Weintraub deveria ser mais cuidadoso ao publicar ofícios, textos, postagens ou quaisquer comunicações. Ele não trabalha sozinho. Uma equipe de qualidade precisa auxíliá-lo para evitar que essas situações ocorram. Além disso, presume-se que o Ministro da Educação tenha competência para exercer tal função e, dessa forma, não cometa determinados equívocos. Quanto a isso, não há discussão. É fato. 

Porém, percebe-se claramente a intenção de usar a Língua Portuguesa para dizer que tal pessoa é incompetente e não merece estar em determinada posição. E não acho isso justo. Como disse acima, quando presto consultoria para grandes empresas, aviso a todos: "cuidem da comunicação oral e escrita de vocês". Isso pode prejudicar a imagem de vocês. Infelizmente, isso acontece mesmo. 

Contudo, não considero correto medir a competência de uma pessoa por conta disso. Erros de português são cometidos, diariamente, por milhares de pessoas, tanto nas redes sociais como em conteúdos e documentos oficiais. Advogados, médicos, engenheiros, administradores, jornalistas, professores: todos cometem equívocos ortográficos e gramaticais e, nem por isso, são menos competentes. Como já disse por duas vezes, vou falar pela terceira: é preciso "cuidar da comunicação".

Quase todos os dias, recebo uma ligação de alguém que tem uma dúvida e quer verificar alguma regra, antes de publicar ou escrever um texto. Talvez, esse seja o problema do ministro Weintraub. Ele deveria verificar, checar, analisar e revisar tudo, antes de publicar. E como ministro da pasta da EDUCAÇÃO, deveria ter ainda mais cuidado. 

De qualquer forma, repito: não concordo com achincalhamentos e piadas destrutitvas para qualquer pessoa, em todos os aspectos. Prefiro estender o mão, em vez de apontar o dedo. E não concordar com as políticas do atual ministro não me dá o direito de agir de forma diferente do que, todos os dias, eu comento com meus alunos. Respeito, educação e humanidade acima de tudo. 

Por menos hipocrisia e mais EDUCAÇÃO!