Greve dos Correios: DF deve manter 30% dos profissionais em serviço, diz sindicato
Agência dos Correios no Setor Comercial Sul, em Brasília — Foto: Vinícius Leal/TV Globo
As agências dos Correios no Distrito Federal devem funcionar com 30% do efetivo a partir desta terça-feira (18), segundo o sindicato que representa a categoria. A medida é por tempo indeterminado e ocorre devido à greve nacional deflagrada na noite desta segunda (17).
Profissionais dos Correios protestam contra a redução dos benefícios pagos pela empresa pública e pedem mais segurança no trabalho durante a pandemia do novo coronavírus.
Já os Correios afirmam que o corte de gastos possibilitou uma economia de R$ 600 milhões e que "a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos" (saiba mais abaixo).
Por volta das 10h, o G1 esteve na agência da 412 Sul. A unidade estava aberta ao público e não havia placas com indiciativo de greve. Funcionários informaram que, no entanto, serviços expressos com hora marcada como Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje estão suspensos.
O funcionamento é das 9h às 17h. Em shoppings, o horário das agências varia de acordo com os estabelecimentos. A reportagem também questionou a diretoria dos Correios da capital sobre os impactos nas agências, mas não obteve retorno.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect-DF) afirma que, apesar da redução no número de profissionais nas agências e nos centros de distribuição, os serviços serão mantidos.
No entanto, a assessoria do sindicato informou que "algumas [unidades] podem fechar", já que "não há garantia que haja a mesma proporção de profissionais em todas as agências".
O percentual de profissionais que devem continuar em serviço segue a recomendação firmada durante a assembleia nacional da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect).
Um efetivo mínimo deve ser mantido durante paralisações, já que uma lei federal prevê "durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade".
O corte do benefício dos trabalhadores dos Correios, que está entre as pautas de reivindicações, ocorreu a partir da folha de pagamento de agosto. Foram retirados o direito ao adicional noturno e ao ticket alimentação durante afastamentos e férias.
Segundo o sindicato no DF, salários de R$ 1,7 mil tiveram descontos que chegam a R$ 400. Por causa das medidas, representantes sindicais do DF se reúnem na manhã desta terça (18) para analisar a adesão à greve entre os trabalhadores.
Os trabalhadores dos Correio chegaram a protestar em julho pela testagem de profissionais. O caso ocorreu em Santa Maria, quando o um funcionário testou positivo, mas os demais, que tiveram contato com ele não foram afastados.
Na época, os Correios no DF informaram ao G1 que estavam "acompanhando a situação de saúde dos seus empregados, prestando o apoio necessário e, também, atuando para garantir o bom funcionamento das atividades operacionais".
Leia íntegra da nota dos Correios:
"Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados.
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que a possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período - dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos."
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