Ford vs Ferrari é um filme de arrepiar quem ama carros e competições
Cartaz do filme que mostra a disputa entre as marcas na prova de Le Mans(Fox/Divulgação)
Nesta quinta-feira (14), estreia nos cinemas do Brasil o filme Ford vs Ferrari, baseado em uma das memoráveis histórias da indústria automobilística.
Como o título diz, o filme fala da passagem em que as fábricas Ford e Ferrari se enfrentaram. O confronto, no caso, não foi no mercado, já que essas duas marcas sempre atuaram em segmentos diferentes, mas sim nas pistas de corrida.
A Ford desenvolveu o GT-40 para enfrentar a Ferrari(Ford/Divulgação)
A narrativa se passa precisamente em 1966, ano em que a Ford estabeleceu como meta encerrar o domínio da Ferrari na 24 Horas de Le Mans, a mais antiga e tradicional competição de automobilismo, prova que a Ferrari mantinha uma sequência de seis vitórias consecutivas: 60, 61, 62, 63, 64 e 65.
A história é conhecida e, no filme, ela é contada de forma bastante fiel, embora o roteiro não perca as oportunidades de envolver os expectadores com cenas do bem contra o mal e situações sentimentais.
O filme é dirigido pelo americano James Mangold e tem como protagonistas principais os premiados Matt Damon, no papel do corredor e construtor americano Carroll Shelby, e Christian Bale, que vive o piloto inglês Ken Miles.
A Ferrari entrou na prova com a 330 P3(Ferrari/Divulgação)
Quem sabe como tudo aconteceu vai gostar de ver a história encenada. Quem não sabe vai gostar de conhecer a trama da forma como é contada.
Mangold declarou que sua intenção não era fazer apenas um filme sobre corridas, mas queria também produzir uma fita que falasse sobre os personagens que povoam o universo das pistas.
“Mais do que carros incríveis e velocidade, acho que esse é um filme sobre a família, sobrevivência, e sobre como as pessoas precisam aprender a confiar em seus amigos com sua vida se quiserem transcender”, afirmou.
Christian Bale vive o papel do piloto inglês Ken Miles(Fox/Divulgação)
Não dá para saber qual parcela do público sairá do cinema com reflexões como as que pretende o diretor, mas, entre os que gostam de carros e de corridas, muitos sairão como se tivessem presenciado a prova de Le Mans de 1966, seja torcendo ou, no caso dos mais empolgados, se sentindo o próprio Ken Miles.
Logo no começo da fita, há uma cena que parece gravada com miniaturas de plástico – e podem até ter sido mesmo.
Em um primeiro momento, isso é meio frustrante para o expectador, mas como é uma cena em flashback, talvez o diretor quisesse causar esse efeito menos real. E, felizmente, ele não se repete mais.
Todas as demais ações são bem realistas e deixam claro que quem escreveu o roteiro (os roteiristas são Jez Butterworth, John-Henry Butterworth e Jason Keller) sabia do que estava falando.
Matt Damon é o americano Carroll Shelby(Fox/Divulgação)
As esticadas de marchas e as trocas rápidas com a câmera mostrando o movimento dos pés pressionando os pedais e da mão deslocando a alavanca do câmbio são muito reais.
Mas o diretor poderia ter mostrando também as freadas, tão importantes quanto as acelerações para um traçado eficiente. Não se vê um punta-taco sequer. Quando fala dos freios, o diretor prefere mostrar os discos incandescentes.
Filme mostra os bastidores das pistas e das fábricas de automóveis(Fox/Divulgação)
Faltou veracidade em momentos como o de uma tomada interna que mostrava o carro se aproximando de uma curva em alta velocidade, como se o piloto retardasse a frenagem.
E, já a cena seguinte, de um ponto de vista externo, o carro cumpria a trajetória de forma perfeita, sem qualquer desvio.
Há apenas um momento (que eu lembre) em que a câmera externa mostra o carro saindo de traseira e, quando corta para a câmera interna, o piloto está acabando de fazer uma correção com o volante.
É uma situação muito rápida que poderia ser repetida para deixar os entusiastas da plateia com (ainda mais) adrenalina nas veias.
Os aficionados também terão prazer em acompanhar o desenvolvimento do carro em um tempo em que não havia tanta tecnologia, como telemetria e túneis de vento, e pilotos com conhecimento e sensibilidade eram colaboradores de vital importância para os engenheiros.
As tomadas dos carros na pista, com a variedade de protótipos de diferentes marcas, e os modelos protagonistas disputando os espaços na pista também são motivos de deleite.
Na corrida de Le Mans de 1966, havia Porsche, Alpine, Matra e Austin-Healey, além, é claro, do Ford GT 40 e da Ferrari 330 P3, retratados no filme.
O GT-40 era equipado com motor V8 7.0(Ford/Divulgação)
O Ford GT40 MkII tinha motor V8 7.0 e a Ferrari 330 P3 contava com um V8 4.0.
Apesar de a história ser contada pelo ponto de vista da Ford, o roteiro não diminui a importância histórica da Ferrari tanto na trama como na História de fato, com H maiúsculo.
O filme mostra também os bastidores das provas, com as trapaças que sempre existiam durante as provas e as disputas internas entre os executivos das fábricas.
Ferrari 330 P3 tinha motor V8 4.0(Ferrari/Divulgação)
Ford vs Ferrari é um daqueles filmes obrigatórios para quem gosta de competições.
Tanto quanto Grand Prix (1966), que fala da Fórmula 1 dos anos de 1960; 24 Horas de Le Mans (1971), com Steve McQueem; Rush (2013), sobre a rivalidade entre dos pilotos da F-1, James Hunt e Niki Lauda, nos anos 70; 500 Milhas de Indianápolis (1969), com Paul Newman, e Dias de Trovão (199), sobre a Nascar, com Ton Cruise , entre outros.