Doria fala em “genocídio”, chama Bolsonaro de “facínora” e pede reação
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu nesta sexta-feira que o Congresso e a sociedade civil reajam contra a condução da pandemia de covid-19 pelo presidente Jair Bolsonaro. Ao se referir aos mais de 205 mil brasileiros que morreram da doença, ele falou em "genocídio" e chamou Bolsonaro de "facínora".
Doria disse que a falta de oxigênio para pacientes internados com covid-19 em Manaus é de responsabilidade da "opção pelo negacionismo" e da "política caótica" do governo federal em relação à pandemia.
"Li uma manifestação do presidente Jair Bolsonaro dizendo 'fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus'. Inacreditável. Inacreditável. Em outro país isso talvez fosse classificado como genocídio. É um abandono aos brasileiros", afirmou.
As declarações foram dadas no Palácio dos Bandeirantes, em entrevista coletiva à imprensa para tratar da reclassificação do Plano São Paulo. O governador estava
"Li uma manifestação do presidente Jair Bolsonaro dizendo 'fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus'. Inacreditável. Inacreditável. Em outro país isso talvez fosse classificado como genocídio. É um abandono aos brasileiros", afirmou.
O governador de São Paulo, João Doria, fala durante entrevista coletiva — Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
"O negacionismo [está] dominando o país no governo federal. Um mar de fracasso, colocando como vítimas milhares de brasileiros que perderam a sua vida e outros milhares que podem perder", criticou o governador.
"Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiros, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negacionismo é aceitável?", completou.
“Está na hora de todo o Brasil reagir a esse presidente frio, sem solidariedade, sem coração”, disse. “O Brasil vai continuar quieto? Façam panelaço e usem as redes sociais”, convocou.
O governador ponderou que não é o momento de as pessoas fazerem manifestações nas ruas, para evitar aglomerações e a proliferação da covid-19.
Ao saber que o governo do Amazonas pedia ajuda para o atendimento de 60 bebês prematuros que poderiam ficar sem oxigênio, ele esbravejou: "Para quem é pai, quem é mãe, isso é o fim do mundo".
Doria disse que os bebês que puderem ser transferidos para São Paulo serão integralmente atendidos no Estado.
Antes disso, o tucano já havia anunciado que o Estado enviará 40 respiradores feitos pela Universidade de São Paulo (USP) para a Secretaria da Saúde do Amazonas, para que possam ser enviados aos hospitais da região.
Ele afirmou que já havia pedido ao secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, a gestão de leitos da rede pública e privada que pudessem ser colocados à disposição do Estado do Amazonas.
Ainda sobre a situação em Manaus, afirmou que não é "razoável que uma situação de caos, como a que vive a capital manauara, seja debitada somente na conta de um prefeito e de um governador".
O governador estava acompanhado do federal Baleia Rossi (MDB-SP), principal rival do candidato apoiado por Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), na disputa pela presidência da Câmara.
Doria falou depois de promover um almoço com 24 parlamentares em apoio a Baleia. Ele disse que decidiu se posicionar porque considera a eleição na Câmara uma "disputa entre a defesa democrática e a ameaça à democracia" e que eleger Lira seria "estender o poder de Bolsonaro ao Legislativo".