Entenda o que é a endometriose e quais os sintomas
Uma a cada dez mulheres sofre com a endometriose no Brasil e não sabe de sua existência. Esse é um dado do Ministério da Saúde (MS) que, em 2021, registrou mais de 26,4 mil atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações pela doença registradas na rede pública de saúde. O assunto voltou a ser discutido após a cantora Anitta se manifestar sobre o assunto nesta quinta (7) e sexta-feira (8), anunciando estar acometida pela endometriose e fazendo um apelo para que as mulheres recebam mais informações.De acordo com o MS, a endometriose é uma doença inflamatória provocada por células do endométrio - tecido que reveste o útero - que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar e a causar sangramentos.
Segundo a ginecologista e obstetra Cecy de Conto Kopper, médica do Hospital Regina de Novo Hamburgo, os sintomas mais comuns são muita dor e sangramento durante a menstruação e dor durante as relações sexuais. No entanto, mesmo que o esclarecimento seja simples, o diagnóstico nem tanto. A doença, de acordo com a médica, depende do estado hormonal e pode aparecer em qualquer momento da fase reprodutiva, podendo surgir na adolescência, depois da primeira gravidez e antes da menopausa, por exemplo.
Porém, os sintomas variam. Em alguns casos, as mulheres não apresentam qualquer sinal de anormalidade. A médica conta que a descoberta pode acontecer até durante o parto. "Às vezes, a gente vai fazer a cesárea e, na hora de tirar o bebê, encontra focos de endometriose na cavidade.” Em outra situação, as mulheres que estão na tentativa de engravidar e estão com dificuldades, iniciam uma investigação e se deparam com a doença.Conforme Cecy, “o quadro clínico é variável, não existe 'ela só acontece dessa maneira’. No próprio achado cirúrgico, tem pacientes que têm muitos focos e pouca dor, e tem pacientes poucos focos e muita dor”. Por isso, se a paciente apresentar sintomas comuns, a médica orienta o tratamento hormonal, que é feito, geralmente, com anticoncepcional. "Mas é importante ter controle da parte clínica”, salienta.
Ela salienta que o diagnóstico vai muito da percepção do médico. “Às vezes, em exame de imagem, aparece o endometrioma. Ele forma um líquido escuro e espesso. Mas tem muitas pacientes em que não aparece nada”. A melhor forma de ter certeza do diagnóstico, de acordo com a médica, é a videolaparoscopia, que se trata de uma cirurgia em que o médico introduz uma microcâmera pelo umbigo para visualizar o útero, as tubas uterinas e os órgãos pélvicos. E por se tratar de um procedimento invasivo, Cecy não recomenda em casos mais comuns.
Pelo SUS
Questionada sobre o atendimento oferecido pelo SUS, a médica explica que sistema disponibiliza tratamento. "Muitos são medicamentos simples. Tem alguns tratamentos que são mais complexos e alguns medicamento que são mais novos que não vão ser encontrados pelo SUS, mas tem como tratarmos pelo sistema público. Tem vários hospitais que realizam também a videolaparoscopia. O atendimento até pode demorar, mas tem como tratar com certeza", salienta.