Botafogo x Corinthians, um mês após o fim do comitê gestor: onde estão os 'cardeais'?
O grupo de Whatsapp ainda existe, mas a tomada de decisão não passa mais pelo comitê gestor do futebol. É assim há exatamente um mês. O Botafogo faz neste domingo, às 16h, contra o Corinthians, no Nilton Santos, o último jogo de 2020 em um momento de distanciamento dos “cardeais”. Mas o resultado do trabalho deles é o que há em mãos para a tentativa de fuga do rebaixamento no Brasileirão.
Carlos Augusto Montenegro, Ricardo Rotenberg, Manoel Renha, Cláudio Good e Marco Agostini tomaram uma decisão conjunta pela última vez para demitir Ramón Díaz e trazer o técnico Eduardo Barroca. Semana passada, o Botafogo voltou a vencer após dez jogos.
Cada membro do comitê lidou de uma forma com a desmobilização do grupo, criado pela administração Nelson Mufarrej em 9 de dezembro de 2019. A atribuição inicial era definir “o planejamento para 2020 e gerir o departamento de futebol até a concretização da S/A”. Na prática, eles foram além do planejamento e a S/A não saiu ainda.
Rotenberg e Agostini seguem no clube, em transição com a gestão Durcesio Mello, cuja posse será em 4 janeiro. O presidente eleito tem frequentado treinos e até viajou para Porto Alegre no jogo contra o Inter. Discreto e avesso a entrevistas, Agostini está se despedindo da vice-presidência de futebol. O próprio Durcesio acumulará a função até o fim do Brasileirão, enquanto o CEO não chega.
— As atividades do comitê ficaram muito mais reduzidas, até pelo fim do prazo de inscrição dos jogadores. Não há contratações. Ficou um processo mais consultivo do que operacional. O grupo de Whatsapp não foi desfeito. Mas é muito menos usado. A expectativa está mais em cima dos jogos — explicou o VP de futebol.
Sob o guarda-chuva de Agostini está o gerente Túlio Lustosa, que gradativamente ganhou mais responsabilidades. Se antes era Ricardo Rotenberg quem liderava conversas para contratações, Túlio passou a ser a voz alvinegra no mercado. Ele atuou nas chegadas de Eber Bessa, Angulo e José Welison e em prorrogações contratuais recentes. No ano, o Botafogo fez 25 contratações.
Vice comercial e de marketing, Rotenberg se voltou ao departamento de origem. Ele sumiu do Twitter, terreno que frequentou muito no ano, com mensagens, no mínimo, inusitadas: “Yaya (Touré) não aceitou dizer não” ao Bota. Rotenberg participou das negociações com Centrum e Gold Meat, patrocinadores anunciados nas últimas semanas.
Em termos de exposição, Rotenberg foi quem mais se aproximou de Carlos Augusto Montenegro. Na maior das entrevistas — cerca de 4h de duração, após um desabafo de Felipe Neto por causa da condução da S/A —, o ex-presidente comparou a atuação no Bota ao vício no cigarro. Agora, diz que “está cuidando da vida”.
Montenegro voltou ao tabuleiro em 2019, diante da necessidade de dinheiro para despesas variadas — desde salários até, segundo ele, a compra de 18 bolas. Foi Montenegro quem puxou a desmobilização do comitê. Mas teve participação política porque apoiou Durcesio, seu amigo de infância.
A questão do financiamento também envolveu Cláudio Good, vice de finanças nas gestões Bebeto de Freitas e Mauricio Assumpção. No movimento conjugado de fazer o clube sobreviver no dia a dia e ser um dos investidores da S/A, o economista não se coloca como afastado do Botafogo:
— Continuo com disposição de ajudar em todos os pontos. No projeto S/A e financeiramente. Mas vai depender do Durcesio. O comitê era mais para efeito de contratação. Eu posto lá no grupo, dou minhas recomendações, apoio moral e confiança do mesmo jeito.
Manoel Renha é quem, geograficamente, está mais distante do Botafogo no momento. Em 27 de novembro, viajou para Toronto, no Canadá, para acompanhar o nascimento do neto e só deve voltar em meados de janeiro. Ele também já colocou dinheiro no Botafogo, custeando recentemente o plantio do gramado do CT. Muito ligado à base, pelo tempo que passou à frente da área, mantém contato com o gerente Tiano Gomes e o técnico do sub-20, Ricardo Resende. Eventualmente, é consultado para tirar dúvidas sobre contratos firmados na sua época.