Entenda o que levou o cantor Belo para a prisão
RIO — Na noite da última sexta-feira, dia 12, o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, preso nesta quarta-feira,iniciou um show no pátio do Ciep 326 Professor César Pernetta, situado no Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, que avançou até a madrugada de sábado, dia 13. Apesar da pandemia, a apresentação, filmada pelo público e postada nas redes sociais, reuniu milhares de pessoas aglomeradas na quadra da escola.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que não houve nenhum pedido de liberação do pátio do Ciep para a realização do evento, e que não autorizou nenhum evento de qualquer natureza dentro de suas unidades escolares desde o início da quarentena, quando foram suspensas também as aulas presenciais.
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A assessoria do cantor informou que o show foi feito seguindo todos os protocolos, mas que eles não têm o controle do geral. "As praias estão lotadas, transportes públicos, e só quem sofre as consequências são os artistas. Que foi o primeiro segmento a parar, e até agora não temos apoio de ninguém sobre a nossa retomada. Sustentamos mais de 50 famílias", dizia a nota.
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Para apurar o caso, a Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) abriu um inquérito no último sábado. De acordo com as investigações, uma produtora de eventos, através de seus sócios e administradores, realizou e promoveu o evento. Nesta quarta-feira, agentes da especializada deflagraram a operação "É o que eu mereço”.
De acordo com o delegado Gustavo de Mello de Castro, titular da DCOD, a ação foi em cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça contra os responsáveis pela festa.
— Como se tal situação, por si só, não fosse absurda e suficiente para uma resposta do estado, foi verificado junto à Seeduc que o evento ocorreu sem qualquer autorização, configurando verdadeiro esbulho/invasão de um prédio público para a realização de um evento privado, contrário ao interesse público e que serviu para propagar ainda mais a doença viral — explicou o delegado, em nota.
Segundo a DCOD, a invasão do estabelecimento de ensino, localizado em “uma das áreas mais conflagradas do estado, onde a maior organização criminosa do Rio de Janeiro atua”, somente poderia ocorrer com a autorização do chefe criminoso da localidade, Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga. O criminoso controla o tráfico de drogas no Parque União há anos e figura como indiciado em diversos procedimentos policiais, sendo, inclusive, um dos bandidos mais procurados do Estado.
— Verifica-se que o cenário desenhado é um dos mais absurdos possíveis, na medida em que o "evento contagioso" não foi autorizado pelo estado, mas pelo chefe criminoso local, que também teve a sua prisão preventiva decretada — disse o delegado.
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Os mandados foram expedidos também para Célio Caetano, sócio da produtora, Henriques Marques, o Rick, sócio da produtora. Além das prisões, a Justiça também decretou a suspensão das atividades da sociedade empresária e bloqueio das contas bancárias dos investigados, até que se apure os prejuízos causados pela conduta criminosa.