Varíola dos macacos no Brasil: O que infectologista diz sobre a doença?
Algumas teorias apontam que os casos aumentaram por causa do fim da vacinação contra a varíola humana (Crédito: Pixabay )
O Brasil confirmou três casos de varíola dos macacos. Dois, no estado de São Paulo, e um, no Rio Grande do Sul. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde investiga uma suspeita de morte.
A varíola dos macacos é uma doença transmitida por um vírus que infecta macacos e pode contaminar humanos. Ela ocorre geralmente em regiões florestais da África Central e Ocidental.
A infectologista Ana Helena Germoglio esclarece algumas dúvidas sobre a doença e como ela chegou ao Brasil.
- O que é a varíola dos macacos? Tem a ver com a varíola humana?
A varíola do macaco é uma doença já conhecida desde a década de 50. O primeiro caso em humano foi notificado em 1970.
Não tem nada a ver com a varíola humana. São vírus da mesma família, mas apresentam manifestações completamente diferentes.
É uma doença já endêmica em vários países africanos, principalmente na República Democrática do Congo.
- Por que há pessoas que não viajaram para a África e pegaram a doença?
Algumas teorias apontam que os casos aumentaram por causa do fim da vacinação contra a varíola humana, na década de 80, após a erradicação da doença.
Essa vacina protege indiretamente contra a varíola dos macacos. São 40 anos sem a vacina, causando uma redução de anticorpos na população e muita gente que não é vacinada. Esse pode ser o motivo do aumento do número de casos.
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- Podemos chamar de surto?
Sim. O surto é qualquer mensuração de doença fora do esperado.
- Como a doença é transmitida?
É uma doença de fácil transmissão por gotículas de via aérea, mas principalmente por contato entre as pessoas, compartilhamento de objetos, como lençol e roupa.
- Quais os primeiros sintomas?
Febre, mal-estar, dor no corpo, náuseas, vômito, ínguas e manchas vermelhas na pele que aumentam de tamanho e viram bolhas com líquido repleto de vírus.
6. O risco de morte é alto?
Não é grande, mas é preciso avaliar populações específicas, como imunossuprimidos, crianças e gestantes. Essas pessoas precisam ser acompanhadas mais de perto porque a doença pode evoluir para formas graves, com manifestações no sistema nervoso, infecções secundárias e pneumonias associadas.
7. O que devo fazer se eu desconfiar que estou infectado?
Se a pessoa teve contato com algum infectado e observar o aparecimento de sintomas, ela deve procurar imediatamente atendimento médico para avaliação. O mais importante é fazer o isolamento para evitar a contaminação de outras pessoas.
8. Como é o tratamento?
Não há tratamento específico, por exemplo, um antiviral, mas há tratamentos para melhorar os sintomas.