Jovem de Vinhedo com varíola dos macacos tem boa evolução do quadro; outros contactantes são pais dele e estão assintomáticos
Varíola dos macacos é semelhante à varíola que já foi erradicada, mas menos severa e menos infecciosa — Foto: Science Photo Library
Está evoluindo bem o jovem de 29 anos morador de Vinhedo (SP) diagnosticado com a varíola dos macacos, o vírus monkeypox; o segundo caso positivo da doença no Brasil. A atualização do estado de saúde dele foi divulgada nesta segunda-feira (13) pela prefeitura. Ele continua isolado em casa e a fase da doença é de baixa transmissão, segundo o secretário de Saúde, Milton Ricardo Riboli.
"Ele já está numa fase mais final da doença. Já passaram os primeiros sintomas de cansaço, de febre. Continuam as erupções, que vêm reduzindo. Os familiares próximos estão isolados na mesma residência, o paciente está isolado em uma parte da residência", disse.
O g1 recebeu informações de que os dois contactantes dele, que também estão isolados, são pai e mãe. O casal está sem sintomas da doença. O acompanhamento dos três será feito até o dia 29 de junho - completando 21 dias.
"O momento é de alerta, mas sem pânico", completou o secretário.
Segundo o doutor em epidemiologia pela Unicamp André Ribas Freitas, existe um antiviral para esta doença, só que ele não é de uso amplo e não está disponível no Brasil. O tratamento é só o suporte para que o caso não se agrave.
"Evitar a transmissão para outras pessoas, isolar o paciente, cuidar para que as lesões não se agravem, cuidar que as lesões não tenham infecções secundárias bacterianas. É fundamentalmente higienização, isolamento, suporte clínico e, quando necessário, uso de antibiótico. Havendo lesão de pele, vesículas, bolhas, principalmente acompanhado de febre, é importante procurar o serviço de saúde", orientou.
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O rapaz viajou recentemente para a Portugal e Europa, e os sintomas começaram ainda durante a viagem, antes o retorno ao Brasil. Ele fez um teste e viajou em seguida. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde em SP, o resultado do exame saiu quando ele já estava de volta e o caso é considerado importado.
"O resultado positivo só foi confirmado por um laboratório espanhol após o desembarque no Brasil, ocorrido no dia 8 de junho", disse a nota da Saúde de SP.
Novas amostras foram coletadas e enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, informou o Ministério da Saúde, que criou no dia 23 de maio uma Sala de Situação para monitoramento dos casos positivos no Brasil.
"As medidas de controle foram adotadas de forma imediata, como isolamento e rastreamento de contatos em voo internacional, com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", disse o Ministério.
Morador de Vinhedo confirmado com varíola dos macacos segue monitorado pela prefeitura
O protocolo adotado pelos aeroportos do país em casos de viajantes com sintomas ou diagnóstico da varíola dos macacos é o indicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que divulgou a nota técnica mais recente em 3 de junho.
No documento, o órgão federal ressalta que não há no momento restrições de viagens, no entanto pacientes com sintomas ou resultado positivo para a doença não devem viajar até cumprirem o prazo de segurança para evitar a infecção de outras pessoas.
"Portanto, considerando que, no momento, não há orientação para restrições de viagens devido à doença causada pelo vírus Monkeypox, orienta-se que os viajantes atentem para sinais e sintomas dessa doença, evitem realizar viagens caso apresente-os e procure orientação de profissional de saúde no local em que se encontra", diz trecho da nota.
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As autoridades pedem que a população fique atenta aos sintomas clássicos da varíola dos macacos — Foto: Getty Images/via BBC
Os casos desta doença começaram a ser identificados no dia 15 de maio em diversos países - já no Brasil, o primeiro foi no dia 9 de junho.
"No momento, para prevenir a disseminação do vírus Monkeypox, orienta-se que as pessoas com quadros suspeitos fiquem em isolamento e evitem viajar até o desaparecimento das lesões na pele características da doença", informou a Anvisa.
O g1 entrou em contato com o Aeroporto Internacional de Viracopos, que informou que não foi a porta de entrada do morador de Vinhedo, mas que segue com rigor o protocolo da Anvisa. O terminal listou os seguintes cuidados:
- A pessoa que apresenta sintoma na cidade de origem não deve embarcar.
- O passageiro deve notificar a sua situação nos postos da Anvisa localizados nos aeroportos e seguir a orientação das autoridades de saúde.
- Se a pessoa conseguiu embarcar, durante o voo há o protocolo em que o piloto informa a situação à torre de controle.
- A torre de controle avisa o aeroporto, que aciona todas as autoridades de saúde.
- O passageiro não desembarca no terminal junto aos demais viajantes. O veículo de atendimento médico - Samu, por exemplo - estaciona junto à aeronave e recebe o pasageiro.
- Em seguida, ele é levado para atendimento conforme orientação das autoridades sanitárias.
Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas — Foto: Reprodução/EPTV
- Febre
- Dor de cabeça
- Dores musculares
- Dor nas costas
- Gânglios (linfonodos) inchados
- Calafrios
- Exaustão
- Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
- As lesões passam por cinco estágios antes de cair, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.
A varíola dos macacos vai virar uma pandemia?
A vacina contra varíola existe, mas não em massa e não há campanha no Brasil desde 1980. A doença foi erradicada ainda na década de 1970, e somente em casos muito específicos profissionais de saúde recebem a dosagem.
O g1 questionou o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde em SP sobre uma possível retomada da vacinação por conta dos três casos confirmados de varíola dos macacos até agora, mas não teve retorno.
- Marca de vacina no braço indica proteção contra varíola dos macacos? Veja o que se sabe sobre a imunização
Estudos apontam que a vacinação contra a varíola humana (smallpox) é cerca de 85% eficaz na prevenção da varíola dos macacos.
Imagem de microscópio eletrônico do vírus da varíola dos macacos. — Foto: ASSOCIATED PRESS/Unidad de Microscopía Electrónica del ISCIII