Thiago Brennand está em hotel de luxo com diárias de R$ 22 mil, diz TV
O empresário Thiago Brennand, investigado por uma série de crimes sexuais no Brasil, está hospedado em um hotel em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, cujas diárias podem chegar até R$ 22 mil, segundo informou o "Fantástico", da TV Globo, na noite de ontem. Thiago foi preso no país árabe na quinta-feira passada (13), mas pagou fiança e foi solto no dia seguinte.
De acordo com a TV, o hotel de luxo em que ele está hospedado tem sete restaurantes, piscina e spa. Thiago teve que informar endereço fixo e não pode se ausentar do país sem comunicar à Justiça.
O empresário ainda se comprometeu a comparecer às audiências sempre que solicitado e irá responder ao processo de extradição em liberdade, segundo informações da TV Globo, confirmadas pelo UOL. O valor da fiança não foi divulgado.
Thiago estava foragido desde setembro. Ele havia se tornado réu por agressão após ter sido flagrado em vídeo agredindo a modelo Aliny Helena Gomes em uma academia em um shopping de luxo na cidade de São Paulo.
Depois do caso, que ocorreu no dia 3 de agosto, uma série de acusações públicas contra ele começaram a surgir.
Novas denúnciasAo "Fantástico", a estudante de medicina e vencedora de um concurso de Miss Stefanie Cohen, 30, afirmou que ela é uma das vítimas do empresário. Ela mostrou à TV que ele pediu, no dia 4 de setembro, para que ela depusesse a favor dele. Em uma mensagem de texto, Thiago escreve: "Você deporia a meu favor? Só pra dizer que nos relacionamos e que nunca fui um monstro pra você."
A estudante recusou. "Ele é um completo monstro. Não tem como um ser humano não achar ele um monstro. Nós não tivemos relacionamento nenhum. Ele me estuprou e eu consegui escapar no dia seguinte", disse ela, à TV.
Os dois se conheceram em um restaurante em São Paulo e, mais tarde, os dois começaram a trocar mensagens. "Ele me encontrou no Instagram depois de uns dois dias. Ele começou a falar comigo o dia inteiro. E falava que foi educado na Inglaterra... Tudo do Thiago parecia [que ele era] um lorde. Aí ele me chamou para jantar", disse ela.
Segundo a estudante, Thiago pediu duas caipirinhas e, após Stefanie beber uma delas, começou a passar mal. "Eu me lembro de ter ficado muito tonta e aí eu fui em direção ao banheiro."
Stefanie afirma que ficou "completamente desorientada" e que acredita ter sido uma vítima da droga "Boa noite, Cinderela". "Eu não tinha controle das minhas pernas, não conseguia andar."
Thiago então levou ela embora para um quarto de hotel. "Foi a pior noite da minha vida, porque ele me estuprou", disse a estudante. "Sem preservativos, sem nenhum tipo de preocupação com o que aquilo poderia fazer comigo. A parte que eu mais me lembro foi eu pedindo 'não' muitas vezes."
Ela diz que Thiago ficou a chamando de "namorada" para forçar a relação. "Ele tirou as minhas forças, a minha dignidade, tudo. Eu acordei no dia seguinte e ele começou a falar mal do meu corpo. [Ele disse]: 'Eu achei que estava saindo com a Miss São Paulo, mas está mais para Miss Paraíba', como se isso fosse algo degradante."
A estudante ainda disse que Thiago deixou o hotel afirmando que um funcionário dele passaria para buscá-la. A intenção dele era levá-la até a mansão em uma residência em Porto Feliz, no interior de São Paulo. No entanto, Stefanie conseguiu fugir.
"Eu falei para o funcionário que eu tinha um compromisso, que eu ia voltar para São Paulo com o meu carro e disse para avisar o Thiago", relata ela. "15 minutos depois ele me mandou um vídeo íntimo. Esse vídeo me calou. A vontade é denunciar, até você saber que ele tem um vídeo íntimo em que aparece o seu rosto. Então começaram os piores meses da minha vida. Eu não dormia à noite pensando: 'Será que ele ta fazendo isso com outra mulher?'. E então eu lembrava do vídeo. E o vídeo me calava."
A estudante ainda contou que passou dois meses em tratamento psiquiátrico após o ocorrido e que tem um laudo ginecológico que atesta a violência sexual. "Eu tinha que passar uma pomada por dez dias e eu queria vomitar toda vez que passava essa pomada porque eu tinha um nojo tão absurdo do meu próprio corpo, que era horrível."
Repercussão da prisãoHelena Gomes, modelo agredida por Thiago na academia de luxo em São Paulo, afirmou à TV Globo que espera que o empresário seja preso novamente. "Pra mim não é uma luta contra o Brennand. Sinceramente, ele não significa nada pra mim. Pra mim, é uma luta a favor das vítimas", disse ela. "Se ele ficar solto, vai continuar fazendo [isso] com outras pessoas. Não podemos aceitar Thiagos soltos por aí."
Além do caso de Helena, a Promotoria de Porto Feliz denunciou Thiago Brennand pelos crimes de estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal e coação durante o processo. É a segunda acusação aceita pela Justiça, com um novo pedido de prisão preventiva. A acusação diz respeito a uma única vítima, que não teve a identidade divulgada, e que foi submetida a repetidos estupros e teve as iniciais do empresário tatuadas na pele.
O tatuador, que colocou as iniciais de Brennand na vítima a pedido do próprio empresário, também foi denunciado pelos crimes de tortura e lesão corporal gravíssima. Contudo, ainda não há pedido de prisão contra ele.
Empresário ainda pode ser extraditadoApesar de ter sido solto, o empresário segue respondendo aos processos e aguarda o processo de extradição. De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, o processo deve durar cerca de 40 dias, quando é esperado que o acusado chegue ao Brasil, quando finalmente será ouvido em depoimento.
Em entrevista ao UOL, a delegada Ivalda Aleixo, da Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo, diz que o período de espera até a extradição se justifica em decorrência dos trâmites burocráticos entre os países envolvidos, que conta com a participação da embaixada brasileira nos Emirados Árabes. "Há protocolos internacionais que precisam ser cumpridos", diz.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Thiago Brennand, que informou que não vai se manifestar.