Investigado por ameaçar mulheres em academia de SP, empresário cresceu no Recife e usa sobrenomes de famílias tradicionais de Pernambuco
Imagem de câmera de segurança mostra empresário discutindo com mulher instantes antes de agressão — Foto: Reprodução/TV Globo
Investigado por perseguir e ameaçar mulheres em uma academia de ginástica de um shopping de luxo de São Paulo, o empresário Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira, de 42 anos, cresceu no Recife e usa nomes de famílias tradicionais de Pernambuco. Nas redes sociais, publica textos sobre pessoas conhecidas da família e foto com integrantes de forças policiais do estado.
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Em reportagem exibida no domingo (28) pelo Fantástico, da TV Globo, uma das testemunhas de agressões, flagradas por câmeras de segurança, diz que todo mundo afirma que o empresário "é influente, tem dinheiro e não vai acontecer nada” (veja vídeo abaixo).
A reputação é reforçada nas redes sociais, onde Thiago publica textos sobre pessoas da família conhecidas nacionalmente e tem foto com integrantes de forças policiais de Pernambuco, entre eles um ex-comandante da Polícia Militar de Pernambuco e um ex-chefe da Polícia Civil do estado.
Em setembro de 2015, descreveu o coronel da PM como "velho querido amigo" e "um dos melhores comandantes-gerais que nossa PM já teve" e lembrou que o delegado ao lado deles era "recém-saído da chefia da Polícia Civil".
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O perfil do empresário o coloca como criador e proprietário de uma empresa de investimentos com sede no Recife. Diz também que, antes, ele foi coproprietário do Grupo Fernandes Vieira e do Hospital Memorial São José, empreendimentos dos seus familiares.
Nas informações, constam, ainda, que ele estudou nos colégios Santa Maria e Marista São Luís, frequentando ainda uma escola nos Estados Unidos e a Universidade de Oxford, na Inglaterra.
No dia da morte do empresário e engenheiro pernambucano Ricardo Brennand, Thiago fez uma publicação dizendo ter o sobrenome do seu bisavô, que era pai de Ricardo Brennand, e fez uma longa descrição sobre as relações familiares, concluindo a homenagem póstuma com "um beijo, meu tio".
Em outra postagem, mostra uma carta enviada pelo bisavô Arsênio Tavares da Silva ao então presidente General Emílio Garrastazu Médici, um dos militares que comandou o país durante a ditadura, sobre a recondução do Gilberto Freyre ao serviço público.
Também compartilhou uma carta de João Cabral de Melo Neto ao avô Luiz Tavares da Silva, que chama de "um dos maiores cardiologistas do mundo em seus tempos".
Thiago Brennand Fernandes Vieira sem camisa e ao telefone em imagem publicada em rede social — Foto: Reprodução/TV Globo
A maioria das publicações tem versões também em inglês. Em um vídeo, Thiago diz ter casa em quatro países.
Em uma foto, mostrou um quarto cheio de armas e, na legenda, afirmou que "todo homem tem o guarda-roupa que merece" e elencou pistolas e fuzis. Também nas redes sociais, diz seu o maior colecionador de armas táticas da América Latina.
O empresário também faz publicações sobre hipismo e diz ser integrante da Federação Paulista de Hipismo. Ele ainda afirma ser faixa preta de Jiu Jitsu.
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O Fantástico apurou que dois clubes de hipismo de São Paulo baniram o empresário por mal comportamento. Em um destes lugares, um funcionário relatou à polícia que ele costumava ameaçar associados por mensagens.
Além da aluna que denunciou perseguição e agressões, outras mulheres de São Paulo denunciam Thiago. Elas chegaram a criar um grupo de apoio.
A Secretaria de Segurança Pública disse ao Fantástico que "os casos envolvendo Thiago estão sendo investigados pela décima quinta delegacia de polícia, que apura os crimes de lesão corporal e injúria".
Uma publicação do Tribunal de Justiça de São Paulo também mostra que ele foi proibido de se aproximar do cavaleiro olímpico Álvaro Affonso de Miranda Neto, Doda Miranda, e de seus familiares.
Ao Fantástico, o advogado de Thiago negou, em nota, as abordagens indesejadas a alunas da academia e disse que tudo "não passa de mais um ataque de feministas e mulheres querendo a melhor das vitrines".
Em Pernambuco, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informou que não foi localizado nenhum processo contra o empresário na Justiça pernambucana.
O g1 também questionou se existem, no sistema da Polícia Civil de Pernambuco, investigações contra Thiago Antonio Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira em andamento ou concluídas e quais são elas.
Por nota, a corporação informou que "o crime ocorreu em São Paulo, razão pela qual as peças coletadas aqui foram remetidas àquele estado", mas não respondeu, até a última atualização desta reportagem, se existem investigações em andamento ou concluídas no estado contra o empresário.