Cancelamento do SBT Brasil causa revolta em afiliadas da rede
Numa atitude inédita, Silvio Santos decidiu ontem vetar a exibição do telejornal "SBT Brasil", o mais importante da emissora.
O objetivo foi não permitir a exibição editada da reunião ministerial liberada na sexta-feira ao público pelo ministro do STF Celso de Mello.
A reunião é cheia de críticas de Jair Bolsonaro e seus ministros a outros poderes. Um espetáculo constrangedor.
A reunião teve ameaças, xingamento e desejo de prisão de ministros do STF, ofensas à grande imprensa e também a outros países —embora esses últimos trechos abordando internacionais tenham sido cortados.
Em decisão tomada em sua casa, afastado do SBT por ter 89 anos, estar doente e fazer parte do grupo de risco, Silvio decidiu então cancelar o telejornal.
Desde o início da tarde, os funcionários do Jornalismo já haviam sido informados que não era para publicarem nenhuma notícia ou repercussão negativa sobre a reunião.
Afiliadas boquiabertasMas Silvio agora vai ter de enfrentar a ira de várias afiliadas, que não se conformaram com a decisão, considerada vergonhosa até para qualquer padrão de "Governismo".
As afiliadas já tinham seus planos de publicidade e "breaks comerciais" preparados e vêm se revoltando cada vez mais com a intempestividade e decisões ciclotímicas de Silvio que acabam afetando-as.
Para acalmar a revolta, Silvio acena que pode permitir a exibição do vídeo na íntegra ainda na noite deste domingo.
Na cabeça de Silvio, é menos prejudicial exibir a íntegra do que editá-la e submetê-la a análises (como todos as outras emissoras fizeram).
Do outro lado, já há afiliadas entrando em contato com outras cabeças de rede nacionais.
Não será surpresa se, depois de perder prestígio, ibope, público, respeito da imprensa televisiva, o SBT também comece em breve a perder afiliadas para a concorrência.
Ontem, no lugar no telejornal, ele reprisou o péssimo programa "Triturando". Tudo para agradar a esse governo tresloucado —e que combina perfeitamente com o dono do SBT.
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