A demissão de Rogério Ceni de madrugada foi um sinal claro que o desgaste no Flamengo era insuportável. O vice de futebol Marcos Braz e o diretor Bruno Spindel, após reunião no fim da noite de sexta-feira com o presidente Rodolfo Landim, receberam a ordem do mandatário para que comunicassem ao profissional o seu desligamento.
Ceni deu treino mais cedo, terminou a atividade quando a cúpula do futebol já estava reunida no Ninho do Urubu, e deixou o local sem nenhuma tipo de comunicado ou indício dos dirigeitens. Braz e Spindel foram à casa de Ceni horas depois para dar a notícia pessoalmente.
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Algumas horas antes, o audio vazado do analista de mercado Roberto Drummond, com declarações contra o treinador havia gerado a demissão do próprio funcionário, mas escancarado o que o Flamengo ainda tentava esconder. A relação de Ceni com a comissão técnica do clube e com parte da diretoria vivia desgaste havia semanas. Nos últimos dias, o convívio com os atletas também pesou.
Apenas os principais líderes, como Filipe Luís, Diego Alves se Diego Ribas, se mantinham próximos a Ceni, dando algum respaldo. E sentiram que a situação saiu do controle depois dos últimos resultados, afrouxando esse apoio. Assim, Ceni se viu ainda mais isolado. E já tinha a noção de que o clube o queria fora, mas não tinha coragem de demitir.
Após a derrota para o Atlético-MG, a segunda seguida no Brasileiro, a situação ficou insustentável. Não pelo resultado em si, mas pela forma como o time passou a jogar desde que o treinador voltou recuperado de Covid-19. O peso dado aos desfalques convocados para as seleções era tratado como justificável, mas o pano de fundo era uma crise maior.
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Ceni deixa o Flamengo com a obrigação do clube em pagar uma multa rescisória de quase R$ 3 milhões. A diretoria também estava reticente e esticava a corda para não se embolar financeiramente. O ano de vacas magras ainda criou rusga entre o técnico e a diretoria na contratação de reforços. Nenhum nome pedido por Ceni foi trazido. O técnico indicou vários jogadores do mercado brasileiro, mas a diretoria e o setor de análise de mercado não concordava.
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A bateção de cabeça com orientações táticas durante os treinamentos ficava ainda mais latente. Os jogadores passaram a não comprar mais a ideia do téncico, embora Ceni tenha sido sempre elogiado por seus métodos. Mas o problema não era o conteúdo, e sim a forma como os conceitos eram passados, com certa arrogância. Sem resultados, isso pesou.