Mogi Mirim projeta reforma em bunker usado por soldados da Revolução Constitucionalista de 32
Mogi Mirim projeta reforma em bunker usado por soldados da Revolução Constitucionalista
Mogi Mirim (SP) guarda um "esconderijo" histórico e subterrâneo da Revolução Constitucionalista de 1932 que, neste ano, deve passar por reforma. Um bunker construído em um ponto estratégico da cidade e que teria sido usado em 1932 para armazenar alimentos e armas dos soldados paulistas terá sua estrutura revitalizada.
A verba de R$ 90 mil para a revitalização é proveniente do governo estadual. Nesta quinta-feira (9), data que comemora a Revolução de 1932, o projeto de lei para inclusão da quantia no orçamento municipal foi colocado na Ordem do Dia da Câmara Municipal. A votação vai ocorrer na segunda-feira (13).
"Eu acredito que o processo licitatório comece talvez no final do mês e eu acho que em agosto a empresa já está estipulando prazo para ter início. Final de agosto e começo de setembro, minha previsão realista da coisa", afirmou o secretário de Cultura e Turismo de Mogi Mirim, Marcos Dias.
"Contempla projeto de paisagismo, colocação de claraboias para mais luminosidade e ventilação, impermeabilização do local, melhoria nas escadas de acesso, drenagem para evitar alagamento e também colocação de lâmpadas a base de bateria".
A reforma vai melhorar a segurança e a impermeabilização do bunker para evitar que não haja infiltração, além de contemplar um projeto paisagístico externo. Não haverá mudança na arquitetura, garantiu Dias.
Esconderijo subterrâneo usado na Revolução de 1932 será reformado em Mogi Mirim — Foto: Reprodução/EPTV
"Melhorar a toda a infraestrutura para receber com mais segurança as pessoas", resume o secretário.
Com 15 metros de profundidade e apenas dois metros de altura e largura, o bunker recebe visitas uma vez por ano - sempre em 9 de julho, quando é celebrado o feriado da Revolução Constitucionalista. Em 2019, foram duas datas de visitação. Já neste ano, o evento foi suspenso por conta da pandemia do novo coronavírus.
O secretário de Cultura pensa na possibilidade a ampliar o número de visitas, sempre com acompanhamento de guias, depois da reforma. "Podemos, logicamente, ampliar. Além do 9 de Julho, colocar mais datas, programar mais passeios".
Segundo o secretário, a entrada é estreita e pouco acessível. Por isso, não há possibilidade de manter o bunker aberto ao público ininterruptamente. As visitas, independentemente do número de datas, serão acompanhadas.
Bunker é estreito e teria sido usado para armazenar armas e alimentos durante a Revolução de 1932 — Foto: Reprodução/EPTV
Mogi Mirim não tem somente o bunker como referência da época. A ligação estreita da cidade com a Revolução de 1932 garantiu a inclusão da cidade na lista de Municípios de Interesse Turístico (MIT) do estado. Foi por meio desse programa que a prefeitura obteve o valor para a reforma.
Os monumentos espalhados pela cidade, incluindo o bunker, fazem parte de um passeio que revela a história da revolução em Mogi Mirim. O evento está no calendário turístico do estado de São Paulo desde 2019.
"O 9 de Julho não contempla só a visita ao bunker. Nós temos mais pontos, como o antigo aeroclube da cidade, onde foi bombardeado um dos aviões do governo pelos revolucionários. Então o avião foi abatido ali, é histórico".
"A gente também tem a Praça 9 de Julho, que é um monumento comemorativo onde se realiza os eventos cívicos (...) Temos hoje onde é a Estação Educação, que era a antiga Estação da Mogiana, onde os trens passavam, soldados desciam", completa o secretário.
O secretário lembra também da Escola Coronel Venâncio, que tem mais de 100 anos e abrigou soldados aquartelados.
O bunker foi assunto da comemoração dos 40 anos da EPTV, em 2019. Na época, o turismólogo Edvaldo Donisete Alípio explicou que o esconderijo foi construído em um ponto estratégico da cidade.
"Estamos ao lado do rio Mogi Mirim e do outro lado passava na época a linha férrea da Estação Mogiana. Daqui até o Morro do Gravi são 15 quilômetros. Então o local [é] exatamente estratégico para armazenar armas e alimentos dos soldados da época".