União Europeia recomenda que países não impeçam viagens essenciais para Reino Unido
GENEBRA — A União Europeia (UE) recomendou, nesta terça-feira, que seus países-membros não bloqueiem as viagens essenciais para o Reino Unido, com o objetivo de evitar uma "ruptura nas redes de abastecimento", adotando uma recomendação comum para as ações do bloco no enfrentamento de uma nova cepa do coronavírus que está se espalhando rapidamente em território britânico.
A recomendação, que permitirá a milhares de cidadãos da UE e do Reino Unido retornar para suas casas, será examinada nesta terça-feira pelos embaixadores dos Estados-membros da UE. Vários países europeus suspenderam as conexões aérea, ferroviária ou marítima com o Reino Unido nos últimos dias, levando ao caos nos transportes e temor de escassez de alimentos.
Nesta terça, Hungria, Panamá e Guatemala se uniram ao grupo de mais de 40 países que suspenderam voos ou proíbiram a entrada de pessoas que passaram recentemente pelo país. No Brasil, passageiros que chegarem do Reino Unido serão monitorados, de acordo com a Anvisa.
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Os laços comerciais entre França e Reino Unido foram particularmente afetados, com quilômetros de engarrafamentos de caminhões de carga no Sul da Inglaterra, o que por sua vez paralisou o tráfego de automóveis às vésperas do Natal. Diariamente, cerca de 10 mil caminhões cruzam o Canal da Macha nas duas direções.
"Conquanto seja importante adotar ações de precaução temporária para limitar uma futura propagação da nova cepa do vírus e desencorajar todas as viagens não essenciais de e para o Reino Unido, as viagens essenciais e o trânsito de passageiros devem ser facilitados. As proibições de voos e [viagens de] trens devem ser levantadas devido à necessidade de garantir viagens essenciais e evitar interrupções na cadeia de suprimentos", diz a nota oficial publicada pela Comissão Europeia.
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A Comissão ainda sugere alguns procedimentos a serem adotados no caso de pessoas em trabalho essencial — como médicos e enfermeiros — que devem ser submetidos a testes RT-PCR ou testes rápidos com antígenos, mas não obrigadas a passar por quarentena em caso negativo.
O comunicado tem a assinatura de três comissários do bloco — de Justiça, Didier Reynders; de Assuntos Internos, Ylva Johansson; e de Transporte, Adina Valean — e ressalta que ações coordenadas são necessárias neste momento, assim como vêm sendo desde o início da pandemia de Covid-19.
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O texto lembra também que, por conta do Brexit, as "regras de livre circulação ainda são aplicadas em relação ao Reino Unido" e "isso significa que os Estados-membros não podem proibir a entrada de pessoas" que estão vindo do território britânico.
"Após o fim do período de transição, o Reino Unido será afetado pela recomendação do Conselho sobre restrições temporárias ou viagens não essenciais para viagens para a UE", ressalta ainda a nota.
Desde o fim de semana, diversos países do bloco vetaram voos e viagens de e para o Reino Unido, após o premier Boris Johnson anunciar que a variante do Sars-CoV-2 era transmitida mais rapidamente do que as anteriores.