Dando o que falar no ‘BBB20’, hipnose tem feito a cabeça dos cariocas: há sessões gratuitas nas ruas
Das praias do Rio à tela da TV no Big Brother Brasil 20: a hipnose tem feito a cabeça de muita gente e já caiu na boca do povo. Nos primeiros dias do programa global, o hipnólogo e youtuber Pyong Lee usou a ferramenta para ajudar Hadson, outro brother, a se livrar de uma dor de cabeça. Foi o sucesso nas redes sociais por conta das sessões de hipnose que levou Pyong ao programa — ele tem 6,3 milhões de inscritos no Youtube e 2,6 milhões de seguidores no Instagram.
Na Praia do Arpoador, em Ipanema, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, e na Zona Portuária do Rio é possível experimentar gratuitamente uma breve sessão de hipnose durante os fins de semana. A iniciativa é do projeto Street Hipnose RJ.
— O objetivo era aproximar a técnica das pessoas e fazer com que o preconceito que existe em torno desta ferramenta acabe. Nos eventos, para provar que a hipnose existe, fazemos a pessoa esquecer o próprio nome ou o número de telefone — conta Jayleno Souza da Costa, criador do projeto.
De fato, a hipnose desperta certa desconfiança de quem nunca teve contato com a técnica, mas especialistas afirmam que a ferramenta funciona e que pode ser usada para solucionar variadas questões, inclusive traumas vividos no passado.
— Neste procedimento, um especialista sugere mudanças comportamentais e cognitivas, para que a pessoa tenha algum tipo de ganho com a sugestão. Durante a sessão, o paciente entra em um novo estado mental. A hipnose reduz o setor crítico, é muito usada para que a pessoa possa experimentar sensações que não experimentaria se estivesse com esse fator ativado — explica Eduardo Rocha, hipnoterapeuta e especialista em programação neurolinguística.
A ideia de que, quando hipnotizada, a pessoa fica totalmente suscetível às ordens dadas pelo hipnólogo é um erro, garantem especialistas. Segundo eles, tudo o que acontece durante as sessões é resultado de um trabalho feito em conjunto, entre profissional e cliente.
— São duas pessoas trabalhando juntas para construir uma nova realidade, e não uma manipulando a outra. É como se o hipnólogo fosse um GPS e o sujeito que está na hipnose, o motorista. O GPS só indica o caminho, mas quem decide ou não seguir é o motorista. A decisão é dele — diz o psicólogo e hipnólogo Romanni Souza.
Especialistas alertam para alguns riscos
A servidora pública Adriana Fontes, de 54 anos, se considera outra pessoa desde que fez três sessões de hipnose para ajudar no tratamento de sua depressão crônica.
— Toda vez que achava que estava bem, a doença retornava e isso me incomodava demais. Não evoluía como pessoa e profissional. Hoje sou outra pessoa: mais segura, mais profissional, mais atuante. Quem me conhecia antes pode ver a diferença. Até o meu tom de voz é diferente — garante.
Mas há contraindicações para o uso da hipnose. No casos de alívio da dor, por exemplo, eliminá-la pode camuflar um problema mais grave, já que o principal sinal de alerta seria a dor.
— Gestantes também devem evitar técnicas de hipnose que envolvem fortes descargas emocionais. O estresse pode chegar até o bebê por meio de reações fisiológicas, através da liberação de hormônios como cortisol e adrenalina. Em grandes quantidades, eles podem representar riscos para a gravidez — alerta Erick Heslan, presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose.
Outros efeitos adversos da hipnose podem estar relacionados a enrijecimento prolongado de músculos (quando o hipnólogo sugere movimentos como levantar o braço em uma apresentação), criação de falsas memórias e confusão mental. Especialistas afirmam que estes problemas estão ligados à má pratica profissional.