PIB do Brasil cresce 1,9% no 1° trimestre, puxado por disparada da ...
Agropecuária foi a grande impulsionadora do PIB no 1° trimestre de 2023 — Foto: Embrapa Agropecuária Oeste/Divulgação
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no 1º trimestre deste ano, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (1). Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 2,6 trilhões no trimestre.
O resultado foi impulsionado, principalmente, pela agropecuária, que teve uma alta de 21,6% no período, na maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996.
Em suas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os resultados divulgados pelo IBGE "comprovam que o país está melhorando".
Em relação ao mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 4,0%. Enquanto isso, no acumulado dos quatro trimestres terminados em março de 2023, a alta foi de 3,3% na comparação com os quatro trimestres imediatamente anteriores.
O resultado representa uma forte aceleração em relação aos números observados no último trimestre do ano passado, quando o PIB apresentou uma queda de 0,1%, segundo dados revisados do IBGE.
Variação trimestral do PIB brasileiro — Foto: g1
O PIB do 1° trimestre veio bem acima das projeções do mercado. O Itaú Unibanco previa um crescimento de 1,4% entre janeiro e março e de 3,4% na comparação anual. As projeções do BTG Pactual apontavam para um aumento de 1,1% no trimestre ante o trimestre anterior e de 2,9% ano a ano.
Na ótica da oferta, além da forte alta de agropecuária, o setor de serviços também cresceu, com variação positiva de 0,6%. Já a indústria teve leve baixa de 0,1%.
Pelo lado da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos produtivos na economia) caiu 3,4% em relação ao trimestre anterior. O consumo das famílias teve alta de 0,2%, numa desaceleração frente os trimestre anteriores, e as despesas de consumo do governo se mantiveram estáveis em 0,3%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia (entenda como ele é calculado).
- Agropecuária: alta de 21,6%
- Serviços: alta de 0,6%
- Indústria: baixa de0,1%
- Consumo das famílias: alta de 0,2%
- Consumo do governo: alta de 0,3%
- Investimentos: baixa de 3,4%
- Exportações: baixa de 0,4%
- Importação: baixa de 7,1%
Variação do PIB no 1º trimestre de cada ano — Foto: g1
Já era esperado pelos especialistas que a agropecuária apresentasse um resultado bastante positivo, mas as projeções apontavam para uma alta bem menos expressiva do que realmente foi.
Além do crescimento de 21,6% no trimestre, o setor teve um avanço de 18,8% na comparação anual. As expectativas do Itaú, por exemplo, apontavam para uma alta de 14% ano a ano.
O IBGE destaca que a agropecuária tem um peso de cerca de 8% sobre toda a economia do país.
De acordo com Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, após um período de problemas climáticos que impactaram negativamente o setor no último ano, as previsões para 2023 são de uma safra recorde de soja, com avanço de mais de 24% na produção.
"A safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da Agropecuária", pontua.
Outro setor que teve um desempenho positivo no primeiro trimestre foi o de serviços, que cresceu 0,6% frente ao trimestre anterior. Nos últimos três meses de 2022, o setor havia registrado uma alta de 0,2% na comparação trimestral, o que revela uma aceleração no começo deste ano.
Dentro de serviços, os destaques foram:
- Transportes, com alta de 1,2%
- Atividades financeiras, também com alta de 1,2%;
- Informação e comunicação, com queda de 1,4%, a maior do período para serviços.
Rebeca, do IBGE, explica que as altas de transportes e atividades financeiras, que foram as que mais contribuíram para o crescimento do setor, podem ser explicadas:
- pelo avanço dos transportes de cargas e de passageiros;
- pelo bom desempenho do segmento de seguros financeiros, já que o valor dos prêmios cresceu, enquanto o de sinistros caiu, gerando um ganho para o setor.
Também tiveram alta no período o comércio e as atividades imobiliárias, ambos com alta de 0,3%, e o grupo de administração., defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, com alta de 0,5%.
Já no campo das baixas, o desempenho negativo do segmento de informação e comunicação pode ser explicado, "em grande parte, por uma base de comparação alta. Foi a atividade que mais cresceu depois da pandemia, se encontra 22,3% acima do patamar do quarto trimestre de 2019".
O segmento de outras atividades de serviços registrou baixa de 0,5%.
A indústria recuou 0,1% no primeiro trimestre, representando uma estabilidade em relação ao trimestre anterior.
Os dois segmentos do setor que tiveram um resultado negativo foram a indústria de transformação (que transforma matéria-prima em outros produtos), com queda de 0,6%, e a construção, com baixa de 0,8%.
Já as indústrias extrativas e o grupo de eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos tiveram crescimento de 2,3% e 1,7%, respectivamente.
"A queda na Indústria de Transformação foi influenciada pelas quedas de bens de capital e bens intermediários, enquanto a Atividade de Eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos subiu 6,4%, visto que estamos em um momento de boas condições hídricas, sem escassez", destaca Rebeca.
Análise do PIB por setor — Foto: g1
Análise do PIB por demanda — Foto: g1