Brasil tem tombo histórico no PIB do segundo trimestre por causa da pandemia
Brasil tem tombo histórico no PIB do segundo trimestre por causa da pandemia
A pandemia da Covid-19 provocou um tombo histórico do Produto Interno Bruto brasileiro no segundo trimestre.
A queda foi de 9,7% em relação aos três primeiros meses de 2020. Com o resultado, a economia entrou em recessão técnica, já que no primeiro trimestre, o PIB também já foi negativo.
Segundo o IBGE, com esse resultado, a economia brasileira voltou ao patamar do final de 2009.
O péssimo desempenho do setor de serviços, que tem o maior peso no PIB, segue como o mais afetado pela pandemia, isso porque diversas atividades permanecem com restrições ou até mesmo proibidas de abrir.
O que aconteceu com a economia pode ser medido em reais, em percentuais e também em decibéis. O silêncio é o fundo do poço para quem vive de vender alegria.
"Tinha como ter algo pior do que esse vírus? Eu não consigo imaginar nada pior do que isso", diz a empresária Solange de Fátima Rodolphi.
Buffets infantis, por exemplo, ainda não podem voltar a funcionar em São Paulo.
"Nós tínhamos aqui mais ou menso 45 contratos fechados no dia 15 de março. No dia 18, os clientes ligavam e falavam 'Solange, eu preciso cancelar porque tem uma pandemia'. Me assustei, mas eu falei 'não, vai melhorar', mas são quase seis meses sem melhorar."
Quase seis meses sem festa alguma. Dinheiro não entra, mas sai todo mês: aluguel, IPTU, luz, sistema de segurança.
O buffet tem apenas três funcionários, que estão em casa, com o contrato de trabalho suspenso. Agora, para isso funcionar, havia mais gente envolvida. Muitos prestadores de serviço que viviam das festas infantis estão, agora, parados.
"Começa com o manobrista que recebe o convidado. O recepcionista que dá as boas-vindas. Depois vem para o salão onde tem as pessoas que vão atender, vão servir que são as garçonetes, são os barmen, os monitores que prestam serviços para o entretenimento das crianças. Depois a gente entra na copa, tem a cozinheira, a copeira. Eu acho que a cadeia de eventos, de prestação de serviços é uma cadeia fortíssima, que toca a economia de forma muito importante", conta.
O setor de serviços teve queda de 9,7% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro. Foi a maior já registrada pelo IBGE. A indústria caiu ainda mais: 12,3%. Recorde também. Enquanto a agropecuária cresceu pouco: 0,4%.
De tudo isso, o que mais pesa no resultado do PIB é a queda nos serviços, já que o setor representa 65% da economia brasileira.
"As empresas são empresas pequenas em geral, que têm baixa capitalização, mais dificuldade de aguentar um período severo como esse. Eu acho que a natureza da crise relacionada a questão do distanciamento social vai fazer com que o retorno dos serviços seja lento e acidentado", comenta o economista André Loes, da Kairós Capital.
O ministro Paulo Guedes disse que após o segundo trimestre a economia começou a melhorar.
"Esse é o som daquele impacto da pandemia lá atrás e é onde o Brasil ficaria caso não tivéssemos feito exatamente - nós junto com o Congresso - todas as medidas que fizemos. O que aconteceu realmente é que nós com essas medidas que fizemos, conseguimos criar uma volta em V. A economia está voltando em V. "
Mesmo com o auxílio emergencial de R$ 600, o consumo das famílias despencou mais de 12%, outro recorde negativo que se juntou à queda nos gastos do governo e nos investimentos.
As exportações tiveram uma pequena alta beneficiadas pelo real mais barato frente ao dólar e as importações caíram muito.
André Loes afirma que, além do desemprego, da queda na renda e do fechamento de serviços, o consumo refletiu a falta de confiança das famílias.
"As pessoas têm um alto grau de incertezas sobre o que vai acontecer nos trimestres seguintes. Não se sabe exatamente qual vai ser o ritmo da retomada, porque a crise está muito relacionada a uma dinâmica de saúde do vírus. Então eu acho que essa retração do consumo das famílias, um pouco mais forte que eu imaginava inclusive, ela demonstra essa situação de poupança por precaução."
Análises de Carlos Alberto Sardenberg
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