Morre Olivia Hussey, estrela do filme 'Romeu e Julieta', aos 73 anos
A atriz Olivia Hussey Eisley, conhecida por seu papel de Julieta na adaptação cinematográfica Romeu e Julieta (1968), dirigida por Franco Zeffirelli, morreu na última sexta-feira, 27, aos 73 anos, em decorrência de um câncer de mama. A artista de origem argentina e britânica também atuou no clássico de terror slasher Noite do Terror (1973) e no suspense Morte Sobre o Nilo (1978). Ela deixou o marido, David Glen Eisley; os filhos, Alex, Max e India; e o neto, Greyson.
De acordo com a Variety, a morte de Olivia Hussey foi confirmada ao jornal San Francisco Chronicle pelo cineasta Marc Huesti. A atriz havia sido diagnosticada com câncer de mama pela primeira vez em 2008, e a doença voltou em 2018. “É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento de Olivia Hussey Eisley, que se foi pacificamente para casa, cercada por seus entes queridos, em 27 de dezembro. Olivia era uma pessoa notável cujo calor, sabedoria e pura gentileza tocaram as vidas de todos que a conheceram. Olivia viveu uma vida cheia de paixão, amor e dedicação às artes, espiritualidade e gentileza para com os animais.”, disse uma nota publicada no Instagram da atriz.
A polêmica de Romeu e Julieta
Olivia estreou na peça Primavera de uma Solteirona ao lado de Vanessa Redgrave, e depois foi escalada, aos 15 anos, para protagonizar a adaptação cinematográfica do clássico de William Shakespeare. Ela tinha 16 anos durante as filmagens, contracenando com Leonard Whiting como os amantes desafortunados. O longa foi elogiado pela crítica da época, recebendo quatro indicações ao Oscar e outras nomeações no Globo de Ouro.
Em 2018, porém, Olivia e Leonard denunciaram abusos do diretor nos bastidores da produção em um processo contra a Paramount por exploração infantil. Os protagonistas alegaram que o diretor Franco Zeffirelli disse a eles que não haveria cenas de nudez e que seriam usadas roupas íntimas da cor da pele em uma cena dos amantes no quarto, mas o cineasta teria mudado de ideia e insistido para que eles atuassem nus “ou o filme falharia”.
Segundo a denúncia, Zeffirelli mostrou a eles onde a câmera seria posicionada e garantiu que nenhuma nudez seria fotografada ou divulgada no filme, mas imagens das nádegas de Whiting e dos seios de Hussey foram expostas. Por isso, eles alegam no processo que o diretor, morto em 2019, foi desonesto e que Whiting e Hussey foram filmados nus sem consentimento. Hussey, porém, chegou a declarar em 2018, que a cena era “necessária” para o filme, embora ainda fosse tabu nos Estados Unidos.
A denúncia também afirmava que a dupla sofreu “angústia mental e sofrimento emocional” nos anos seguintes e perdeu oportunidades de emprego. Eles buscavam uma indenização que se estipulada acima de 500 milhões de dólares. “Eles eram crianças jovens e ingênuas nos anos 1960, que não entendiam o que estava prestes a acontecer”, disse Solomon Gresen, advogado da dupla. “De repente, eles ficaram famosos em um nível que não esperavam e, além disso, foram violados de uma forma que não sabiam como lidar.”
Iniciado em 30 de dezembro daquele ano, o processo chegou em meio a uma onda de ações similares movidas na Califórnia, estimuladas por uma mudança na lei estadual que suspendeu temporariamente as limitações para denúncias antigas de abuso sexual infantil, levando casos datados desde a década de 1940 à Justiça. O processo foi indeferido em 2023, em parte por motivos de prescrição. Eles processaram novamente no início deste ano, mas o caso também foi indeferido em outubro, com o juiz concluindo que os atores haviam consentido com as cenas.