Com estratégia certeira, Verstappen derrota Hamilton e Bottas e vence GP dos 70 Anos
O que era praticamente impossível aconteceu neste domingo (9). Em ano ainda mais superior perante as demais equipes do grid, a Mercedes amargou sua primeira derrota na temporada 2020 e viu a vitória do GP dos 70 Anos da Fórmula 1 ser conquistada com bravura e acerto na estratégia por Max Verstappen. O holandês foi o único a ter largado com pneus duros, fez uma parte da prova com os médios e completou a estratégia com novos compostos brancos para lograr o primeiro triunfo da Red Bull e do holandês no campeonato, o nono do piloto em sua carreira na categoria.
Lewis Hamilton terminou na segunda colocação depois de ter superado Valtteri Bottas no fim, mas não conseguiu se aproximar mais de Verstappen nas voltas finais mesmo usando pneus duros mais novos na comparação com o piloto da Red Bull. Lewis, mesmo sem a vitória, garantiu mais uma marca histórica ao empatar em pódios com o recordista Michael Schumacher. Agora, os dois somam 155 troféus.
Bottas largou na pole e manteve a dianteira até fazer seu primeiro pit-stop. Depois, tentou perseguir Verstappen ao longo da prova, mas não apenas ficou longe do carro taurino, mas foi superado também por Hamilton no fim, fechando em terceiro.
Charles Leclerc, com uma Ferrari que teve uma ótima performance e lidou bem com o consumo dos pneus, alcançou outro bom resultado e foi o quarto, seguido pela Red Bull de Alexander Albon. Lance Stroll, depois de a Racing Point ter chamado Nico Hülkenberg para colocar pneus macios nas voltas finais, superou o alemão e foi o sexto, seguido pelo suplente companheiro de equipe.
Esteban Ocon, com a Renault, foi o oitavo na prova, seguido por Lando Norris, da McLaren, e Pierre Gasly, da AlphaTauri. Sebastian Vettel, depois de outra performance sofrível, foi somente o 12º.
Saiba como foi o GP dos 70 Anos da F1Os minutos que antecederam à quinta etapa da temporada trouxeram também a pergunta: finalmente Nico Hülkenberg conquistaria seu primeiro pódio na F1? O alemão de 33 anos superou o problema vivido há sete dias e conseguiu largar para a prova deste domingo em Silverstone.
Na largada, Hülkenberg acabou perdendo o terceiro lugar para a Red Bull de Max Verstappen e era seguido por Lance Stroll, que conseguiu fazer a ultrapassagem sobre a Renault de Daniel Ricciardo. Na frente, Valtteri Bottas manteve a ponta, logo à frente de Lewis Hamilton.
E Sebastian Vettel, em fase inacreditável, caiu de P12 para a última posição na primeira volta depois de ter rodado sozinho na curva 1. O alemão deu sorte pelo fato de não ter sido acertado por ninguém que vinha atrás.
Com sete voltas, o primeiro piloto fez seu pit-stop: Alexander Albon foi aos boxes da Red Bull para trocar os pneus médios pelos duros. O anglo-tailandês caiu para 20º. Em seguida, vários competidores seguiram o dono do carro #23 e também fizeram suas respectivas paradas.
Bottas liderava a disputa com 1s1 de frente para Hamilton. Mas a Mercedes alertava o finlandês sobre o aquecimento do pneu traseiro direito. Valtteri largou com os compostos médios, que se desgastavam muito mais. Tanto que Verstappen, com os duros, se aproximava das duas Mercedes a partir da volta 10.
Na volta 12, Hamilton afirmou que os pneus traseiros estavam acabados. Dois giros depois, a Mercedes chamou Bottas para fazer o pit-stop, trocando os médios pelos duros. Na volta seguinte, foi a vez de Hamilton trocar os pneus, seguindo a mesma estratégia do companheiro de equipe. Verstappen assumiu a liderança, com Hülkenberg em segundo, Stroll em terceiro, Bottas em quarto, Charles Leclerc em quinto e Lewis voltando em sexto.
Enquanto Albon fazia bela manobra para ultrapassar a Alfa Romeo de Kimi Räikkönen, Bottas e Hamilton tratavam de ganhar terreno. O finlandês fazia a volta mais rápida naquele momento com 1min30s850. Vettel, por sua vez, fazia uma honesta corrida de recuperação e já era o 11º após 18 voltas após ter despencado para a última posição.
Depois dos pit-stops dos pilotos que largaram com pneus médios e mudaram para os duros, Verstappen se manteve na pista e segurava significativos 13s de vantagem para Bottas, enquanto Hamilton vinha em terceiro. Carlos Sainz, da McLaren, que largou com os compostos duros, era o quarto, seguido pelas Racing Point de Hülkenberg e Stroll.
Sainz, que vinha muito bem, parou nos boxes para trocar os pneus duros pelos médios. Mas o espanhol voltou a enfrentar problemas no pit-stop e perdeu muito tempo e, na prática, a chance de marcar um bom resultado.
O ritmo inferior de Bottas e Hamilton na comparação com Verstappen deu a entender que a Mercedes resolveu tirar o pé e poupar pneus. Mas os dois pilotos sofriam muito, sobretudo com os dianteiros direitos. A corrida, cada vez mais, ganhava a cara do holandês da Red Bull.
Verstappen foi aos boxes fazer seu pit-stop na volta 27 e trocou os duros pelos médios. O piloto chegou a voltar para a pista atrás de Bottas, mas não tomou conhecimento da Mercedes do finlandês, passou com enorme facilidade e seguiu abrindo vantagem na ponta. Quem tinha problemas era Kevin Magnussen, da Haas, que foi punido pelos comissários por incidente com Nicholas Latifi, da Williams, na curva 15.
Vettel vivia mais um capítulo do seu calvário na Ferrari. E disparou contra a equipe depois de um pit-stop ruim. “Vou aguentar firme, mas saiba que vocês estragaram tudo”, bradou. Naquele momento, Daniel Ricciardo rodava após disputa na pista com Lando Norris, seu futuro companheiro de equipe na McLaren.
A Red Bull chamou Verstappen para um novo pit-stop na volta 33. A Mercedes reagiu na mesma hora e trouxe Bottas no ato. Os dois colocaram pneus duros para a sequência da corrida. E Hamilton, que sofria com muitas bolhas nos pneus, lutava para resistir e seguir o máximo de tempo na pista.
A aposta da Mercedes era num desgaste maior dos pneus médios de Verstappen para tentar garantir a vitória de Hamilton. Na volta 41, Max estava 8s8 atrás do hexacampeão, enquanto Bottas vinha com 3s5 de desvantagem para o holandês. Em quarto, Leclerc se destacava com uma estratégia que funcionava bem demais.
Um giro depois, não teve jeito. A Mercedes decidiu chamar Hamilton para os boxes para colocar um novo jogo de pneus duros e buscar somente um lugar no pódio. A batalha pela vitória estava restrita a Verstappen, com pneus médios, e Bottas, com os duros. Lewis voltou na quarta posição, 12s atrás do holandês com 10 voltas para o fim da corrida.
Hamilton aproveitou a performance dos pneus novos para voar na pista e tentar tirar a diferença. Levou um pouco mais que o esperado para superar a Ferrari de Leclerc e subir para terceiro e, em seguida, buscou Bottas e Verstappen. Neste tempo, a Racing Point chamou Hülkenberg para ousar no fim e colocar pneus macios para o stint final. Magnussen, por sua vez, abandonava.
Com duas voltas para o fim, Hamilton conseguiu deixar Bottas para trás, mas tinha 9s de desvantagem para Verstappen. Uma diferença que tornou impossível qualquer chance de brigar pela vitória. Méritos do holandês e da Red Bull, que venceram com valentia e desafiaram o improvável ao derrotar a Mercedes pela primeira vez em 2020 com uma conquista maiúscula no berço da F1.
E, no fim das contas, não foi desta vez que Hülkenberg foi ao pódio. O alemão teve de se contentar apenas com o sétimo lugar depois de ter largado justamente à frente do grande vencedor do dia.