Morre Maguila, ídolo do boxe brasileiro, aos 66 anos ESPN
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Morreu Maguila, ídolo do boxe brasileiro, nesta quinta-feira (24). José Adilson Rodrigues dos Santos, um gigante do esporte nacional, tinha 66 anos e sofreu uma parada cardíaca em uma clínica em São Caetano do Sul, em São Paulo, onde estava internado há pouco mais de um mês.
O ex-lutador era diagnosticado com encefalopatia traumática crônica, chamada de demência pugilística. A doença é neurodegenerativa, sem cura, e causada por repetidos traumatismos na cabeça. Além disso, tratava um tumor no pulmão.
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Em 2018, o ex-boxeador, junto com a família, concordou que teria o cérebro doado, após a morte, para pesquisas na Universidade de São Paulo. A USP deve estudar as consequências de grandes e repetidos impactos na cabeça -- o primeiro diagnóstico do ex-atleta, em 2010, foi de Mal de Alzheimer. O diagnóstico da encefalopatia traumática crônica veio em 2013.
Maguila lutou profissionalmente por 17 anos. Ele estreou em 1983 e se aposentou em 2000. Foram 85 combates, com 77 vitórias, sete derrotas e um empate técnico. Dos triunfos, 61 foram por nocaute, sendo campeão brasileiro e sul-americano na categoria peso-pesado. Em 1995, foi campeão pela Federação Mundial de Boxe (WBF).
Nos últimos tempos, as redes sociais do ex-atleta se dedicavam a preservar a "Memória Maguila", com vídeos de lutas e entrevistas antigas. Em uma delas, no programa Provocações, de 2010, ele respondeu sobre como via os comentários a seu respeito.
"Ninguém comete erro ao falar sobre mim. Está falando de um ídolo, que foi campeão, ídolo nacional e internacional. Não acho que cometem erros. Eu sempre falo: 'Falem de mim, mal ou bem. O importante é falar'. Não estou nem aí", disse.
A família também mantém o Instituto Adilson Maguila, criado em 2003, um projeto social na periferia oeste de São Paulo que oferece aulas gratuitas de boxe para crianças, jovens e adultos, com objetivo de incluir por meio do esporte.
A Confederação Brasileira de Boxe lamentou a perda de Maguila e o descreveu como alguém que "colocou a nobre arte na atenção do povo".
"Lamentamos profundamente a perda de um dos maiores boxeadores brasileiros da história. Maguila representava não só o boxe, mas todo o esporte brasileiro. Enchia-nos de orgulho e colocou a nobre arte na atenção do povo, contagiando a torcida que o acompanhava. Em resultados, foi campeão brasileiro, conquistou o Continental das Américas (WBC) e título mundial da Federação Internacional de Boxe (IBF)", escreveu a entidade.
"Mas para além deles, Maguila foi um expoente importante do boxe brasileiro até para aqueles que não conheciam a nobre arte. A comunidade toda do boxe está em luto, nossos sentimentos à família e amigos do nosso eterno campeão dos pesos-pesados!", completou.
Maguila ultrapassou a barreira do boxe
Maguila foi o tipo de atleta que ganha destaque para além do esporte. O pugilista teve reconhecimento nacional e ficou em evidência até para quem não acompanhava boxe.
Ele participou de programas de TV e chegou a gravar um álbum de samba em 2009.
A carreira nos ringues começou a ser vislumbrada em 1979, quando começou a praticar boxe e foi orientado pelo técnico Ralph Zumbano, tio de Éder Jofre. Maguila tinha, à época, 21 anos. Ele havia chegado em São Paulo aos 14, vindo de Aracaju, no Sergipe, onde nasceu.
A partir da década de 80, começou a ganhar notoriedade até se tornar um ídolo capaz de enfrentar -- mesmo que tenha perdido -- dois nomes históricos do boxe mundial: George Foreman e Evander Holyfield.
O tetracampeão mundial Popó prestou homenagem após a morte e reverenciou o ídolo. "Descanse em paz, meu eterno campeão", escreveu, nas redes sociais.