Maioria dos deputados estaduais vota contra o lockdown em SP
Os deputados estaduais votaram nesta sexta-feira (22) contra as emendas que poderiam ser incorporadas ao projeto de lei 351, que antecipou o feriado de 9 de julho para segunda-feira (25), aprovado já na Assembleia Legislativa de São Paulo. Uma delas era a implantação de lockdown no estado.
Todas as emendas foram votadas de uma única vez, como se fossem um bloco. Muitos deputados ou partidos, como PL e Podemos, estavam em obstrução à proposta, recurso utilizado para impedir o prosseguimento da votação. Foram 72 votos contrários, 4 a favor e 1 abstenção. Para aprovação, eram necessários, ao menos, 48 votos, ou seja, maioria simples. Participaram da votação virtual 77 parlamentares.
Agora, o projeto segue com seu texto original para sanção pelo governador João Doria (PSDB), autor da proposta.
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Segundo o presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB), que votou favorável à proposta, a sociedade enfrenta um momento difícil e que, segundo ele, nenhum agente político estava preparado. "Tudo aquilo que poderia ser feito para as pessoas não perderem suas vidas está sendo feito. O isolamento social tem uma premissa, que não é só a pessoa não adquirir o vírus, mas não ter o pico de crescimento para que toda a população não vá ao sistema de saúde ao mesmo tempo".
O presidente ressaltou ainda que a maioria das pessoas não deve viajar nestes seis de feriado prolongado, que só termina na segunda-feira (25). Ele destacou também que 70% da economia paulista está funcionando apesar da quarentena, decretada para conter a propagação do novo coronavírus.
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Macris lembrou ainda que o isolamento social é essencial para não sobrecarregar o sistema de saúde no estado: "Ele não está preparado para atender a todos, não vai conseguir dar o atendimento necessário e mais pessoas vão morrer. Mas nosso sistema ainda não está colapsado, ao contrário de diversos municípios".
Ao final da sessão, o presidente da Alesp ressaltou que o Brasil está no momento de crescimento do pico da pandemia. "Esses seis dias de feriado fazem com que uma pessoa que esteja infectada não transmita para outras", afirmou. "A ampla maioria da população não vai viajar. Se não tivesse feriado, ela poderia infectar mais pessoas", concluiu.
Antes do início da votação, deputados destacaram problemas em relação ao valor do auxílio emergencial pago pelo governo federal, considerando R$ 600 insuficientes para arcar com o custo de vida de moradores de São Paulo. Muitos deputados, ao longo da votação, afirmaram ser contrários ao lockdown e favoráveis à reabertura dos comércios.
Um dos deputados que votou "sim" às emendas foi Paulo Fiorilo (PT), que afirmou ser "contra a hipocrisia."
Votação anterior
O texto-base havia sido aprovado pelo plenário da Casa na madrugada desta sexta-feira (22) por 57 votos a 5, em sessão iniciada ainda ontem (21). Antes, o líder do governo, deputado Carlão Pignatari (PSDB), havia conseguido aprovar um rito de tramitação que inviabilizou substitutivos da oposição e fez as emendas serem debatidas em um único bloco.
Com isso, impediu que propostas como a instituição de barreiras sanitárias nas rodovias de acesso aos litoral sul e norte do Estado, a restrição do tráfego de veículos no perímetro de 150 km em torno do Centro da capital e até mesmo a proibição, nos primeiros 15 dias de junho, da circulação de pessoas e automóveis no Estado - o chamado lockdown - fossem avaliadas individualmente pelos deputados.
Feriado e isolamento
A criação de um "megaferiado" é uma estratégia conjunta da prefeitura da capital e do governo estadual para estimular o aumento da taxa de isolamento social da população e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde.
Com o feriado na segunda-feira confirmado, a cidade de São Paulo completará uma folga de seis dias, já que a gestão municipal antecipou as comemorações de Corpus Christi (originalmente em 11 de junho) e da Consciência Negra (20 de novembro) para quarta-feira (20) e quinta-feira (21), respectivamente. Esta sexta-feira (22) é um ponto facultativo na cidade.
A exemplo da sessão iniciada ontem e encerrada na madrugada, algumas falas desta manhã ecoaram o temor de prefeitos de municípios do litoral e do interior de que uma possível chegada em massa de veranistas e turistas da Grande São Paulo aumente as taxas de infecção e sature as estruturas de saúde desses locais.