Banqueiro Joseph Safra morre aos 82 anos em São Paulo


Morre Joseph Safra aos 82 anos
Morreu nesta quinta (10), em São Paulo, aos 82 anos, o banqueiro Joseph Safra, do Grupo Safra.
Um homem de fino trato, expressão repetida por quem o conheceu de perto. Menos pela vida de riqueza, com uma fortuna avaliada em mais de R$ 100 bilhões, mais pela maneira de tratar as pessoas mesmo.
“Antes de tudo, muito agradável, muito educado. Seu José também tinha bom humor”, conta José Roberto Mendonça de Barros, economista.
“Ele faz parte de uma geração que fez com que o setor bancário no mundo inteiro se tornasse mais moderno, mais tecnológico e voltado para o desenvolvimento das economias mundo afora”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Joseph safra nasceu no Líbano em 1938. Chegou ao Brasil nos anos 1960 para assumir o banco fundado pelo pai, Jacob. A trajetória bancária da família, iniciada no século XIX, inspirou a frase publicitária “tradição secular de segurança” do banco, que se tornaria um dos maiores do Brasil.
“Todas as vezes nos anos 1980, 1990, com a hiperinflação, com os planos econômicos, ele sempre estava em um diálogo com as autoridades, com o governo para que o sistema bancário tivesse a solvência necessária para ter credibilidade”, conta Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Bradesco.
“Uma capacidade de entender simultaneamente, o que parece fácil, mas não é, não, a situação e a natureza dos mercados desenvolvidos, Suíça, Nova York, Londres, e, ao mesmo tempo, a natureza de mercados como o brasileiro, de países emergentes. Ele conseguiu operar nesses dois mundos com muita tranquilidade”, afirma José Roberto Mendonça de Barros.
O Joseph que nesta parte do mundo virou José, era brasileiro naturalizado, se declarava corintiano, e também será lembrado por um importante papel social.
“A coisa mais importante nesse brasileiro ilustre era a sua generosidade. Na verdade, um homem cooperativo, qualquer proposta que significasse o bem do país recebia dele um suporte muito grande”, diz Antônio Delfim Netto, economista e ex-ministro.
“Apoio a escolas, hospitais, um amor muito forte pelas artes, pelo apoio dos museus. Ele tinha na filantropia uma forma de devolver à sociedade tudo aquilo que ele conquistou sendo bem-sucedido”, conta Luiz Carlos Trabuco Cappi.
Bom exemplo dessa visão são as 12 esculturas de artistas como Rodin e Brecheret, doadas por ele e que podem ser vistas por todos na Pinacoteca do Estado de São Paulo.