Dia dos Pais S/A: conheça empresas que apostam na sucessão de ...
Apenas 30% das empresas familiares chegam à 3º geração, mostrando que a sucessão pode ser um problema sério
As empresas familiares empregam cerca de 75% da mão de obra do Brasil e são responsáveis por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A importância, porém, não garante permanência. Apenas 30% delas chegam à 3º geração, mostrando que a sucessão pode ser um problema sério.
Em homenagem ao Dia dos Pais, a Forbes conversou com quatro empresas que estão trabalhando em sua sucessão, de pai para filhos e podem ser inspirações positivas para o seu próprio processo. Confira:
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ForbesAções garantem o futuro (AGF) Luiz Barsi e Louise Barsi
Conhecido como o Warren Buffett brasileiro, Luiz Barsi Filho é o maior investidor pessoa física da B3, mas nem sempre ocupou esse posto. Filho de imigrantes espanhóis, Barsi começou a trabalhar muito cedo fazendo bicos e conseguiu dinheiro para se formar em contabilidade. Em pouco tempo, ele conheceu o mercado de ações e se encantou com o seu poder de multiplicar patrimônio.
Então, desenvolveu um método próprio de investir, a “carteira de ações previdenciária”, que tinha a função de concentrar capital e investir em papéis de empresas que garantem bons dividendos. Em 10 anos, Barsi já poderia se aposentar, se quisesse, mas não foi o que fez.
Atualmente, aos 84 anos, ele segue na ativa, mas já pensa em passar o seu legado para a sua sócia e única filha mulher, Louise Barsi. As finanças sempre fizeram parte de sua vida, mas seu primeiro contato efetivo com o mundo dos investimentos aconteceu aos 14 anos, quando seu pai a presenteou com uma carteira de dividendos no lugar da mesada.
Após conquistar experiência no mercado, Louise decidiu começar a trilhar o caminho do pai e montou a Ações Garantem o Futuro (AGF), revisitando o estudo feito por Barsi na década de 1970 e o adaptando para o momento atual. O conteúdo deu origem a uma escola de educação financeira, que também faz análise de papéis como uma gestora.
Louise diz que não existe conflito de gerações. “Eu e meu pai pensamos de maneira muito parecida, o que facilita as coisas”, diz. “Quando o tema é sucessão, acredito que um dos maiores desafios das famílias é separar a emoção das decisões empresariais”, afirma.
“Na nossa família, entendemos que o patrimônio do meu pai é um CNPJ, independente de laços familiares”, diz ela. Segundo Louise, a meta é garantir a continuidade desse patrimônio e seu crescimento no futuro de uma maneira sustentável. “Assim vamos continuar focados na geração de dividendos, sem disputas e focados na missão empreendedora que meu pai construiu ao longo de sua existência”, diz ela.
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Ale VirgilioArezzo Anderson Birman e Alexandre Birman
A marca de calçados Arezzo foi fundada em 1972 pelos irmãos Anderson e Jefferson Birman, em Minas Gerais. O grande salto da Arezzo se deu em 1979, quando a empresa lançou um modelo de sandália feminina revestido de juta chamada Anabela. Em 1980, a marca já vendia 1,5 milhões de pares por ano.
Alexandre Birman, primogênito de Anderson, sempre gostou de brincar com as caixas de sapatos da marca do pai. Aos 12 anos, ele desenhou seu primeiro modelo, um sapato masculino para presentear Anderson, marcando o início de sua carreira. Aos 16, começou a ser treinado para assumir a sucessão e, aos 18 anos, lançou sua primeira marca, a Schutz.Em março de 2013, aos 36 anos, Alexandre assumiu como CEO da Arezzo&Co, no lugar do pai, que passou a presidir o Conselho de Administração.
Dois anos antes disso, em fevereiro de 2011, a Arezzo estreou na B3 valendo R$ 3,1 bilhões, em valores atualizados. Na sexta-feira (11), último pregão antes do Dia dos Pais, a companhia vale R$ 8,8 bilhões, uma valorização de 184% em termos reais em pouco mais de 12 anos. A Arezzo é líder em calçados no segmento AB+.
A sucessão está encaminhada. Em maio deste ano, Anderson informou que vai doar seus 28,1% da companhia aos cinco filhos: Alexandre, Patrícia, Allan, André e Augusto, mas ele continuará com poder econômico e financeiro da participação – ou seja, dono dos votos e dos dividendos.
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Divulgação/BretonBreton Família Rivkind
Fundada na década de 60, a Breton é uma referência em mobiliário de alto padrão há mais de 55 anos. Atualmente, a empresa é gerida pelo casal Anette e Marcel Rivkind ao lado de seus três filhos: André, Fabiana e Giselle, que seguem os mesmos passos dos pais, para no futuro assumirem a empresa
Fabiana Feferbaum, de 41 anos, é a primogênita e formou-se em administração de empresas. Trabalhou na B3 antes de ingressar na Breton a convite de seu pai, logo após a faculdade. Atualmente, é Diretora de Gente e Gestão na companhia e acredita que trabalhar com a família é gratificante, pois compartilham do mesmo objetivo.
André Rivkind, de 40 anos, é o filho do meio e formou-se em medicina. Trabalhou em hospitais por anos antes de se juntar à Breton em 2012. Desde criança, acompanhava seus pais pelos corredores da fábrica. Sempre se encantou com o negócio da família, tanto que abandonou a carreira médica. Em 2020, tornou-se CEO, representando a terceira geração da família, e tem objetivos definidos para os próximos cinco anos, incluindo a expansão da marca dentro e fora do país, com um total de 30 lojas.
Giselle Rivkind, de 33 anos, é a caçula e também graduou-se em administração de empresas. Antes de ingressar na empresa em 2012, trabalhou no banco Santander, mas seu coração sempre esteve na Breton. Atualmente é Diretora de Marketing e adora enfrentar os desafios do dia a dia com seus pais e irmãos.
Administrar uma empresa familiar nunca é fácil, mas os Rivkind se orgulham do legado que construíram e valorizam as opiniões e diferenças uns dos outros.
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Reprodução/InstagramCimed João Adibe Marques e Adibe Marques
A história da farmacêutica Cimed se confunde com a de João Adibe Marques. Casado, pai de cinco filhos, começou a trabalhar com a família ainda bem jovem, aos 15 anos, participando do processo que transformou o pequeno laboratório dos pais em um negócio bilionário.
A Cimed é a terceira maior farmacêutica em volume de vendas do Brasil, com mais de 600 produtos no catálogo e uma distribuição nacional para mais de 70 mil pontos de vendas atendidos diretamente.
A empresa é fundamentalmente familiar. Assim como João aprendeu com seus pais, três de seus cinco filhos, Adibe, 24, Esther, 22 e Bruna, 20, trabalham na empresa. E a expectativa é que os caçulas João Pedro, 8, e Charlotte, 3, também terão seu espaço por lá.
O primeiro a ser preparado para a sucessão é Adibe, hoje diretor comercial da Cimed. Ele trabalha na companhia há sete anos. Começou na unidade de negócio institucional, passando por planejamento de demanda, pricing e, há cerca de um ano, assumiu a diretoria comercial, reformulando toda a área.
Conhecido como o Warren Buffett brasileiro, Luiz Barsi Filho é o maior investidor pessoa física da B3, mas nem sempre ocupou esse posto. Filho de imigrantes espanhóis, Barsi começou a trabalhar muito cedo fazendo bicos e conseguiu dinheiro para se formar em contabilidade. Em pouco tempo, ele conheceu o mercado de ações e se encantou com o seu poder de multiplicar patrimônio.
Então, desenvolveu um método próprio de investir, a “carteira de ações previdenciária”, que tinha a função de concentrar capital e investir em papéis de empresas que garantem bons dividendos. Em 10 anos, Barsi já poderia se aposentar, se quisesse, mas não foi o que fez.
Atualmente, aos 84 anos, ele segue na ativa, mas já pensa em passar o seu legado para a sua sócia e única filha mulher, Louise Barsi. As finanças sempre fizeram parte de sua vida, mas seu primeiro contato efetivo com o mundo dos investimentos aconteceu aos 14 anos, quando seu pai a presenteou com uma carteira de dividendos no lugar da mesada.
Após conquistar experiência no mercado, Louise decidiu começar a trilhar o caminho do pai e montou a Ações Garantem o Futuro (AGF), revisitando o estudo feito por Barsi na década de 1970 e o adaptando para o momento atual. O conteúdo deu origem a uma escola de educação financeira, que também faz análise de papéis como uma gestora.
Louise diz que não existe conflito de gerações. “Eu e meu pai pensamos de maneira muito parecida, o que facilita as coisas”, diz. “Quando o tema é sucessão, acredito que um dos maiores desafios das famílias é separar a emoção das decisões empresariais”, afirma.
“Na nossa família, entendemos que o patrimônio do meu pai é um CNPJ, independente de laços familiares”, diz ela. Segundo Louise, a meta é garantir a continuidade desse patrimônio e seu crescimento no futuro de uma maneira sustentável. “Assim vamos continuar focados na geração de dividendos, sem disputas e focados na missão empreendedora que meu pai construiu ao longo de sua existência”, diz ela.