Ações de Itaú Unibanco e Inter caem por motivos diferentes; entenda
Itaú anuncia plataforma de pagamento e transferências digitais da empresa — Foto: Nacho Doce/Reuters
As ações do Itaú Unibanco e do banco Inter iniciaram o pregão desta segunda-feira (4) em ampla desvalorização. Os motivos, contudo, são completamente diferentes.
As ações do Itaú Unibanco fecharam o pregão de sexta-feira (1) acima dos R$ 27. As ordinárias ITUB3 terminaram o dia cotadas a R$ 27,74, enquanto as preferenciais ITUB4 fecharam aos R$ 29,77. Nesta manhã de segunda-feira, porém, ambas operam abaixo dos R$ 24.
Mas o maior banco da América Latina não colhe desvalorização do negócio e, sim, um ajuste do preço das ações após o "divórcio" definitivo com a XP. Em 2017, o banco comprou 49,9% da XP, que era avaliada em R$ 12 bilhões naquela época.
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Em 2019, a corretora fez sua oferta pública inicial (IPO) na bolsa americana Nasdaq e é avaliada hoje em mais de US$ 22 bilhões (quase R$ 120 bilhões).
A saída do investimento do Itaú estava sendo negociada há meses. Em dezembro, o banco havia vendido uma fatia de 5% que tinha na empresa e separado o restante em uma empresa chamada XPart, que será agora incorporada à XP.
Aos acionistas controladores do Itaú serão fornecidas ações da XP. Aos demais investidores, parte das ações que eram do Itaú serão convertidas em BDRs da XP (XPBR31), que replicam o desempenho da XP na Nasdaq.
Na prática, portanto, o investidor não teve perda financeira com a operação apesar do ajuste de preço nas ações do banco.
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O caso do banco Inter é diferente. O pregão desta segunda-feira é mais uma mostra de fragilidade das ações da empresa, que colhem queda superior a 20% no último mês.
Além de uma desvalorização natural pela saída de investidores do setor de tecnologia — mais volátil e arriscado, em busca de ativos mais seguros — o Inter colhia quedas pela possibilidade de aumento dos provisionamentos da empresa.
Provisionamentos são aumentos das reservas para possíveis calotes das carteiras de crédito dos bancos. Em outras palavras, o acionista teme que o Inter tenha que reservar mais dinheiro para se resguardar e deixe de investir em crescimento, por exemplo.
Para amortecer a desvalorização, o Inter divulgou uma prévia operacional em que mantém a provisão em relação aos trimestres anteriores, representando 2,5% da carteira de crédito.
Além disso, informou que a companhia alcançou 14 milhões de clientes no terceiro trimestre, crescimento de 16% sobre o segundo trimestre deste ano e de 94% sobre o terceiro trimestre de 2020.
Por ora, não houve grandes efeitos. Por volta das 13h10, as ações ordinárias BIDI3 caiam 9,5% e as ordinárias BIDI4, 9,4%.