Gabriela Duarte fala de voto nulo e ameaças após mãe entrar na política
"Não é fácil ser filho de peixe", começa Pedro Bial em sua introdução para chamar a entrevistada da noite, Gabriela Duarte, no programa "Conversa com Bial".
Além da carreira, um assunto que não fugiu de pauta foi a mãe da atriz, Regina Duarte. Logo no começo no bate-papo, Bial fez uma reflexão sobre o momento em que ela disse, ainda em 2002, ter medo da vitória do PT.
"Foi perseguida por grande parte da classe artística, que em sua maioria é de esquerda", disse o apresentador, que perguntou para Gabriela se ela notou a mudança de comportamento nos colegas de trabalho com a mãe.
Acho que houve uma mudança na forma de olhar sobre como ela se posicionou [...] Me sinto muito pouco na posição de fazer esse julgamento. Uma coisa posso afirmar, nós somos muito diferentes realmente."
Eu entendo que exista uma associação, até mesmo pelo trabalho. É uma coisa que eu poderia ter feito o movimento de separação antes, talvez me expondo mais."
Em 2020, Regina assumiu a Secretaria de Cultura do governo Bolsonaro, uma decisão que não foi discutida com a família. "Ela fez um comunicado. Era um desafio. Não tem que consultar os filhos, tem que comunicar", disse Gabriela.
Julgada igualmente pelas decisões da mãe, que deixou o cargo poucos meses depois, Gabriela diz que ainda é difícil de entender. "Até hoje me pego pensando em como a coisa respingou tanto em mim."
Não somos a mesma pessoa. Esse momento foi muito forte. Primeiro por pessoas que não tinham tanta relação comigo, mas me apoiaram muito. Essas pessoas realmente entenderam essa questão."
"E teve também um lado duro demais de pessoas me julgando, me cobrando um lugar de ter que me posicionar, de ter que apedrejar minha própria mãe em praça pública."
Foi um período muito difícil. Já não bastasse estar no período da pandemia, e ainda ter que lidar com isso. Recebi muitas ameaças, isso nunca me passou pela cabeça que seria possível. Tenho tudo documentado, mas é bizarro."
Na entrevista, a atriz confessou ter notado em Ciro Gomes no primeiro turno das eleições de 2018. "No segundo turno, eu não me sentia representada por nenhum lado. Infelizmente eu anulei meu voto."
'Sempre aberta para entender'Gabriela Duarte, que hoje está de volta a São Paulo, morou por um tempo em Nova York, nos Estados Unidos, com a família. "Decidimos ter uma nova experiência. Nós entendemos que queríamos conhecer uma nova sociedade."
Questionada sobre feminismo, ela diz que ainda é um assunto em construção para ela. "Às vezes, não me sinto pronta publicamente para determinados debates."
"Mas estou com o meu coração sempre aberto para entender. E a minha luta é essa, é pela justiça, é pelos direitos iguais. Não cabe mais, hoje em dia, os homens decidirem e as mulheres obedecerem."