Gabriel Monteiro, preso acusado de estupro, se casa em presídio

Preso acusado de estupro há nove meses, o ex-vereador Gabriel Monteiro se casou enquanto estava atrás das grades. A união foi oficializada em maio, mas ele já estava em união estável, desde setembro do ano passado, com Ana Carolina dos Santos Chagas. A informação foi publicada pelo jornalista Leo Dias e confirmada ao GLOBO por um de seus advogados, Sandro Figueredo, e pela própria esposa do ex-vereador. Monteiro está na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, conhecida como Bangu 8, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio.
- Peculato: Além de acusações de crimes sexuais, Gabriel Monteiro é acusado desvio de dinheiro público
- 'Usou a arma como um brinquedo', diz delegado sobre investigação de estupro
Segundo Ana Carolina, um oficial do cartório foi ao presídio pegar a assinatura de Monteiro nos documentos de formalização do relacionamento. Ela diz que não houve nenhum motivo especial para a oficialização da união estável. Ela e o ex-vereador optaram pela separação total de bens.
Gabriel Monteiro está preso desde novembro de 2022. De acordo com o Ministério Público, o ex-PM forçou uma jovem a manter relações com ele após a inauguração de uma casa noturna, em 15 de julho de 2021, na Barra da Tijuca. Nesse processo, Gabriel teve a prisão preventiva decretada no início de novembro do ano passado. Monteiro também é réu em pelo menos mais três processos que tramitam em sigilo de Justiça. Neles, as acusações são de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, coação à testemunha e por filmar relações sexuais com uma adolescente de 15 anos.
Gabriel Monteiro se entregou na 77ª DP (Icaraí) no dia 7 de novembro do ano passado, após a Justiça ter decretado sua prisão no processo no qual ele é acusado de estupro. Antes de ir para a delegacia, ele gravou um vídeo no qual negou o crime e disse que vai provar sua inocência. O ex-vereador responde por um crime que teria ocorrido no dia 15 de julho, já depois da divulgação de outras denúncias contra ele, inclusive por estupro.
O inquérito apontou que o ex-parlamentar conheceu a vítima na reinauguração de uma boate e a levou para a casa de um amigo no bairro do Joá, onde a teria forçado a manter relações sexuais sem preservativo e teria lhe transmitido HPV. Na delegacia, a vítima contou que o início do relacionamento foi consensual, mas terminou em violência. Após se beijarem e trocarem carícias na casa noturna, os dois seguiram em um carro com cinco seguranças e uma amiga da jovem. Ainda no veículo, ele sacou uma arma da cintura e entregou para a amiga da mulher, que, assustada, a devolveu. Ao entrarem no quarto, ainda com a porta destrancada, o ex-vereador foi ao banheiro. Na volta, ao ver que a mulher tentava deixar o cômodo, impediu-a de sair.
- Novo Censo: moradias vagas duplicam em 12 anos e chegam a um milhão no Estado do Rio
Segundo a denúncia assinada pelo promotor Marcos Kac, Gabriel Monteiro "trancou a porta do quarto, retirou a arma da cintura, passou no rosto da vítima, constrangendo-a com o fim de ter conjunção carnal, e começou a rir. Em ato contínuo, pegou o telefone celular, para gravar fatos que se sucederiam, contudo, o aparelho estava sem bateria", relata o documento. Em seguida, o youtuber "foi para cima da vítima" para despi-la de forma violenta. Ela, então, teria dito que tiraria a própria roupa. Com a mulher nua, o ex-vereador "a empurrou de forma violenta sobre a cama e começou a ter relação sexual de forma também violenta, sem usar preservativo, mesmo após os apelos da vítima para que ele não mantivesse relação sem camisinha".
Durante o estupro, com a mulher chorando muito e imobilizada por ele, que segurava os dois braços dela pelos pulsos, ele passou a lhe fazer perguntas: "É minha?", "Você está gostando?" e "Se eu pedir para você ficar com um dos meus seguranças na minha frente, você ficaria?" A denúncia do Ministério Público narra que, a cada pergunta, respondendo ou não, a mulher recebia um forte tapa no rosto. Ao dizer que não ficaria com o segurança, a vítima, após apanhar de Gabriel, foi questionada novamente, respondendo sim, por medo. Mesmo assim, "recebeu um tapa mais forte, tendo o denunciado dito na sequência: 'Você não tem personalidade'.
Em depoimento, a jovem também contou que tentou, em vão, soltar as mãos para proteger sua região genital. Aos prantos e sendo xingada, ela ainda ouviu do ex-vereador: "Se você continuar assim, vai ser pior, eu vou lhe espancar". Quando parou de tentar se defender, relata ela, Gabriel Monteiro começou a falar de assuntos desconexos, como da máfia de reboque e de outros temas sem muito sentido. A vítima teria esperado o ex-vereador dormir para conseguir deixar o local. Exames médicos mostraram que ela sofreu lesões e fissuras na região genital, tendo contraído HPV.
Gabriel Monteiro foi o terceiro vereador mais votado do Rio em 2020 pelo PSD, com 60.326 votos, ficando atrás apenas de Carlos Bolsonaro (Republicanos), com 71 mil votos, e Tarcísio Motta (PSOL), com 86.243.
Como estava na PM há menos de dez anos, Gabriel Monteiro teve de pedir demissão da corporação para assumir o cargo. Em menos de quatro anos na corporação, ele cometeu 16 transgressões disciplinares. Por 14 delas, o soldado recebeu, no total, penalidades que somam 33 dias de detenção. Em outros dois casos, foi punido com repreensão. Por causa das transgressões, ele foi classificado como um PM com “mau comportamento”, a pior das cinco classificações do estatuto da corporação.
Brasil
Argentina
Australia
Austria
Canada
Chile
Czechia
France
Germany
Greece
Italy
Mexico
New Zealand
Nigeria
Norway
Poland
Portugal
Sweden
Switzerland
United Kingdom
United States