Gabigol se consagra como segundo maior ídolo do Flamengo em ano de transformações
Mudar por conta própria é mais difícil quando as coisas já estão dando certo. É flertar com uma reviravolta negativa cuja responsabilidade será impossível transferir. Mesmo assim, Gagibol assumiu o risco. A temporada de 2022 entrará para a biografia do jogador como aquela em que se transformou, dentro e fora de campo, e venceu.
O atacante começou o ano investindo na carreira de cantor, assumiu um codinome artístico — Lil Gabi —, dando de ombros para as críticas que fatalmente viriam e vieram, de que não estava mais tão focado assim no futebol quanto antes.
Contrariou a todos com os títulos da Copa do Brasil e o da Libertadores. Mais do que isso, manteve-se saudável, disponível. Fez ontem contra o Athletico a 62ª partida pelo Flamengo na temporada, o ano em que mais entrou em campo pelo rubro-negro desde que foi contratado, em 2019. Superou o desgaste da temporada para ser eleito o craque da partida em Guayaquil, autor do gol que garantiu o tricampeonato sul-americano ao Flamengo.
— Sempre falei que gosto muito de Libertadores. É o nosso campeonato mais importante e especial. Claro que queremos ganhar todos os títulos. Mas a Libertadores é algo que motiva — afirmou depois da vitória.
mudança de posição
Outra metamorfose que encarou em 2022 foi ainda mais complexa. Lançar-se como artista não se compara ao gesto de abrir mão da posição de centroavante no ataque do Flamengo. É o tipo de movimento que envolve vaidade, competições internas, o próprio sonho que alimenta, desde criança, de disputar uma Copa do Mundo com a seleção.
Mas ele encarou mesmo assim. O efeito no desempenho da equipe foi imediato. O Flamengo cresceu de produção tendo Pedro como homem de referência e o camisa 9 se movimentando, abrindo espaços.
Cada vez mais ídolo
Quando, mesmo não tão presente na área quanto antes, é o jogador decisivo, autor do gol do tricampeonato, Gabigol acaba premiado com mais uma partida histórica no seu currículo de segundo maior ídolo do Flamengo. Aos 26 anos, Gabigol chegou a 11 títulos pelo rubro-negro. Serão, ao fim da atual, quatro temporadas completas pela equipe.
Estar atrás apenas de Zico em termos de idolatria não é vergonha para ninguém. Assim como oferecer o protagonismo conquistado por mérito, em prol do desempenho coletivo da equipe.
— Não gosto de falar as coisas que eu acho, mas muita gente disse que o Gabriel não fazia mais gols. Nosso centroavante que faz gols e está na Copa do Mundo é o Pedro e ele tem 29 gols, assim como eu. As atitudes valem mais que as palavras, me reinventei e quero melhorar ainda mais. Quero olhar no futuro e pensar que eu melhorei. Sei que posso crescer com o pé direito, com o cabeceio...