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Macron dissolve Parlamento na França e antecipa eleições após ...

Macron dissolve Parlamento na França e antecipa eleições após
Presidente francês pretende reverter desvantagem na Assembleia Nacional
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Dissolvendo a Assembleia Nacional (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) e convocando novas eleições, Macron pretende reverter o fato de não ter maioria na Casa, o que dificulta que o governo aprove leis mais complexas.

Mas a manobra é arriscada: alguns de seus antecessores que dissolveram o Parlamento viram a oposição (normalmente de esquerda) ganhar espaço, e até conquistar a maioria, como ocorreu com François Mitterrand e Jacques Chirac. Hoje quem está do outro lado do campo político é uma extrema direita que tem ganhado espaço, força e, sobretudo, votos.

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— A ascensão dos nacionalistas, dos demagogos, é um perigo para a nossa nação, mas também para a nossa Europa, para o lugar da França na Europa e no mundo — disse Macron, reafirmando ter “confiança na nossa democracia". — Ouvi a sua mensagem, as suas preocupações e não as deixarei sem resposta.

Com a decisão, Macron destituiu todos os deputados que atualmente estão no cargo e ficariam até 2027, quando a França realizaria novas eleições parlamentares e também presidenciais.

Macron afirmou, em seu pronunciamento, ter consultado o artigo 12 da Constituição francesa. O trecho citado permite que o presidente, "após consulta ao primeiro-ministro e aos presidentes das assembleias, pronunciar a dissolução da Assembleia Nacional". O artigo aponta, ainda, que "as eleições gerais ocorrem no mínimo 20 dias e no máximo 40 dias após a dissolução", e que "não pode haver o procedimento de uma nova dissolução no ano seguinte a essas eleições".

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Presidente da França, Emmanuel Macron, ao anunciar realização de eleições legislativas em junho — Foto: Ludovic MARIN / AFP

O risco dessa estratégia, no entanto, é que a representação da oposição na Casa pode aumentar, desatando um resultado oposto ao esperado pelo presidente. Caso isso aconteça, o Reagrupamento Nacional pode chegar ao comando do Legislativo, o que levaria Marine Le Pen ou Jordan Bardella aos cargos de primeira ou primeiro-ministro.

— Estas eleições históricas mostram que, quando o povo vota, o povo ganha — disse Le Pen, que na eleição presidencial de 2022, contra o próprio Macron, obteve 13,2 milhões de votos, ou 41,45% dos votos válidos. — Depois das eleições legislativas de 2022, que permitiram designar o Reagrupamento Nacional como o principal adversário parlamentar [do governo], estas eleições europeias estabelecem o nosso movimento como a grande força de mudança para França.

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A votação está prevista para o dia 30 de junho e, caso algumas disputas precisem de um segundo turno, ele ocorrerá em 7 de julho. Durante o pronunciamento, Macron — cuja coalizão ficou em segundo lugar nas eleições europeias — afirmou que o resultado das urnas foi ruim “para os partidos que defendem a Europa”, e que a decisão de adiantar as eleições foi um “ato de confiança” no país. Ainda na noite de domingo, o presidente se reuniu com integrantes do governo para discutir os próximos passos, além dos detalhes sobre a campanha.

Resposta de Macron

Conforme os primeiros resultados começaram a ser anunciados, e o Reagrupamento Nacional confirmou o que as pesquisas apontavam há semanas, Macron foi à TV comentar os números e destacou que não podia observar o movimento político em seu país "como se nada tivesse acontecido".

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— Os partidos de extrema direita, que, nos últimos anos, opuseram-se a tantos progressos tornados possíveis pela nossa Europa, (…) estão progredindo em todo o continente — disse. — Não poderei, portanto, no final deste dia, agir como se nada tivesse acontecido. A esta situação soma-se uma febre que tem tomado conta do debate público e parlamentar no nosso país nos últimos anos.

De acordo com os primeiros resultados, o Reagrupamento Nacional, sigla de extrema direita liderada por Bardella e Le Pen, recebeu 31,5% dos votos, o que deve corresponder a 30 assentos no Parlamento Europeu. Ao comentar a decisão de Macron, Le Pen, que ao lado de Bardella tem conseguido "amenizar" a imagem da sigla junto à população, especialmente os mais jovens, afirmou que o partido "está pronto para exercer o poder". Hoje, a sigla tem 88 deputados na Assembleia Nacional.

No contexto europeu, a vitória da extrema direita na França foi, ao lado do segundo lugar obtido pela Alternativa para a Alemanha, o resultado mais importante do movimento que analistas viam como uma guinada à direita no Parlamento comunitário. O comparecimento às urnas foi de 51%, segundo um porta-voz da União Europeia, um número quase igual aos 50,66% de 2019.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e presidente do EPP, Manfred Weber, comemoram os resultados das eleições para o Parlamento Europeu — Foto: JOHN THYS / AFP

Apesar da coalizão moderada que lidera o órgão, formada pelo Partido Popular Europeu (EPP, centro-direita), pelos Socialistas e Democratas (S&D, centro-esquerda) e pelo Renovar a Europa (centro), ainda ser majoritária, a margem diminuiu em relação a 2019. Mesmo assim, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o EPP, do qual faz parte, saiu vencedor.

— Esta noite é para celebrarmos nossos êxitos de todas as formas possíveis. A partir de amanhã, temos de trabalhar pela Europa e pelos europeus, e assim o faremos — disse Von der Leyen, descrevendo o EPP como o "partido mais forte, que é um bastião da estabilidade". — Junto com outros construiremos um baluarte contra os extremos da esquerda e da direita.

Há cinco anos, a coalizão tinha 417 deputados, mais do que os 361 exigidos para escolher o presidente da Comissão Europeia, e mesmo assim Von der Leyen foi eleita com apenas nove votos a mais do que necessário. Este ano, apontam as projeções, o grupo terá 398 votos, tornando a tarefa de reeleger Von der Leyen mais difícil.

Manifestações tomam as ruas da França após vitória do partido francês de extrema direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias

Manifestação contra o partido político francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) após o seu sucesso nas eleições europeias, em Nantes. — Foto: Sébastien Salom-Gomis/AFP
Manifestação contra o partido político francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) após o seu sucesso nas eleições europeias, em Nantes. — Foto: Sébastien Salom-Gomis/AFP
1 de 11 Manifestação contra o partido político francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) após o seu sucesso nas eleições europeias, em Nantes. — Foto: Sébastien Salom-Gomis/AFP
Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024 — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024 — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
2 de 11 Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024 — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
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Manifestantes reúnem-se durante uma manifestação contra o partido francês de extrema-direita
3 de 11 Manifestantes reúnem-se durante uma manifestação contra o partido francês de extrema-direita "Rassemblement National" (RN) em Marselha, sul de França, em 10 de junho de 2024, um dia depois de o partido ter vencido as eleições europeias em França. — Foto: Nicolas TUCAT/AFP
Um manifestante segura um cartaz que diz
4 de 11 Um manifestante segura um cartaz que diz "Bardella: vá embora, não queremos você aqui" durante uma manifestação contra o partido francês de extrema direita "Rassemblement National" (RN) em Marselha, sul da França, em 10 de junho de 2024, um dia depois que o partido venceu as eleições europeias na França. — Foto: Nicolas TUCAT/AFP
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5 de 11 Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024. — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
Manifestantes se reúnem nas ruas durante uma manifestação contra o partido francês de extrema direita
6 de 11 Manifestantes se reúnem nas ruas durante uma manifestação contra o partido francês de extrema direita "Rassemblement national" (RN), um dia depois de o partido ter vencido as eleições europeias em França, em Bayonne, sudoeste de França, em 10 de junho de 2024 — Foto: GAIZKA IROZ/AFP
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Manifestantes seguram um cartaz onde se lê
7 de 11 Manifestantes seguram um cartaz onde se lê "Frente Popular" enquanto se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024. — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
Manifestantes agitam bandeiras da coalizão de esquerda Nupes (Nouvelle Union Populaire Ecologique et Sociale - Nova União Ecológica e Social Popular), conhecida como
8 de 11 Manifestantes agitam bandeiras da coalizão de esquerda Nupes (Nouvelle Union Populaire Ecologique et Sociale - Nova União Ecológica e Social Popular), conhecida como "L'Union Populaire", enquanto se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas convocadas pelo Presidente francês após os resultados eleitorais, em Paris, em 10 de junho de 2024. — Foto: Geoffroy VAN DER HASSELT / AFP
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Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024. — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
9 de 11 Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024. — Foto: VAN DER HASSELT / AFP
Um manifestante segura um cartaz que diz
10 de 11 Um manifestante segura um cartaz que diz "Vergonha! Todos às urnas em 30 de junho" durante uma manifestação contra o partido francês de extrema direita "Rassemblement National" (RN) em Marselha, sul da França. — Foto: Nicolas TUCAT/AFP
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11 de 11 Manifestantes se reúnem na Place de la Republique para manifestar-se contra a vitória do partido francês de extrema-direita Rassemblement National (RN) nas eleições europeias, assumindo uma posição de força nas eleições legislativas antecipadas chamadas pelo presidente francês após os resultados das eleições, em Paris, em 10 de junho de 2024. — Foto: VAN DER HASSELT / AFP

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou neste domingo a dissolução do Parlamento do país e a convocação de novas eleições legislativas para o fim deste mês. A decisão ocorre após a vitória da extrema direita local na votação que escolheu a nova formação do Parlamento Europeu, neste domingo.

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