Contraventor Fernando Iggnácio é assassinado em heliporto no Recreio
RIO — O contraventor Fernando Iggnácio Miranda foi morto a tiros de fuzil, no início desta tarde, num heliporto no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. O genro de Castor de Andrade foi vítima de uma emboscada após chegar de Angra dos Reis, de helicóptero.
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O atirador estaria posicionado em cima de um muro à espera do contraventor. Os disparos atingiram Iggnácio quando ele passava próximo a uma churrasqueira.
A empresa Heli-Rio, onde Fernando Iggnácio foi morto, conta com circuito de vigilância, que pode pode ser útil para a investigação. Pouco depois das 15h, policiais da Delegacia Homicíidios da Capital começaram a fazer uma perícia. O atirador pode ter tido acesso ao heliporto através de um dos três terrenos baldios que ficam nas proximidades. Um deles é colado à propriedade, e é maior a probabilidade de que tenha sido o local de espreita.
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O autor dos disparos fugiu após o assassinato. Os advogados de Fernando Iggnácio também foram ao heliporto.
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Testemunhas relatam ter ouvido muitos tiros no local, logo após a chegada de um helicóptero.
— A gente ouviu um helicóptero chegando. Pouco depois escutamos os tiros. Foram muitos disparos, uns dez mais ou menos. Na hora, eu fiquei assustado, e minha reação foi de ficar abaixado — contou um homem que preferiu não se identificar.
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Um dos terrenos ao lado da empresa de fretamento o portão estava com uma chapa solta e pode ter servido de acesso.
— Até pouco antes dos tiros, essa chapa estava no lugar. Foram muitos tiros — disse um funcionário que cuida do terreno.
O corpo do contraventor foi removido por volta das 16h15 e levado para o Instituto Médico Legal. Duas mulheres, uma delas uma irmã de Fernando Ignácio, chegaram ao local.
Disputa familiarCastor Gonçalves de Andrade e Silva tornou-se o chefão da contravenção no Rio nos anos 70 e chegou a expandir seus domínios para o Nordeste. Ele morreu de infarto em abril de 1997, dando início a uma guerra na família pela sucessão. Ainda em vida, Castor escolhera Rogério, seu sobrinho, para comandar a contravenção na Zona Oeste e em outras áreas do estado. O filho de Castor, Paulinho, não concordou e iniciou uma batalha com o primo. Em 1998, Paulinho e um segurança foram assassinados na Barra. O genro de Castor, Fernando Iggnácio Miranda, assumiu o lugar na disputa com Rogério.
De acordo com investigações da polícia, a partir da metade dos anos 1990, Fernando Iggnácio passou a controlar a Adult Fifty, empresa que explorava caça-níqueis em toda a Zona Oeste. Em 1998, Rogério teria fundado a Oeste Rio. O próprio Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2001. Em abril de 2010, outro ataque: o filho de Rogério, de 17 anos, morreu num atentado na Barra. Em vez do pai, era o rapaz que dirigia um carro no qual foi colocada uma bomba. Segundo uma investigação da Polícia Federal, os contraventores César Andrade de Lima Souto e Fernando Andrade de Lima Souto estariam envolvidos no crime.