México captura Ovidio Guzmán, filho do poderoso narcotraficante El ...

A polícia do México prendeu nesta quinta-feira (5) Ovidio Guzmán, 32, filho do narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán, um dos maiores traficantes de drogas de todos os tempos, informou o Secretário de Defesa Luis Cresencio Sandoval.

Guzmán foi capturado na cidade de Culiacán, no estado de Sinaloa. Em resposta, criminosos trocaram tiros com forças de segurança e atearam fogo em veículos. Durante a noite, autoridades locais informaram que três pessoas morreram nos confrontos.

Conhecido como El Ratón, Guzmán é acusado de liderar a facção Los Menores, ligada ao cartel de Sinaloa. Ele está sob responsabilidade da promotoria especializada em crime organizado e foi transferido para a capital, Cidade do México, em um avião da Força Aérea.

O narcotraficante já havia sido preso em 2019, mas foi solto horas depois em uma concessão feita pelas autoridades para conter a escalada de violência. À época, o caos instaurado por criminosos aumentou a pressão sobre o presidente Andrés Manuel López Obrador, que tinha assumido o cargo meses antes prometendo pacificar o país.

Nesta quinta, criminosos buscam repetir a estratégia e tentam pressionar as autoridades. Segundo Sandoval, ao menos 19 pontos de bloqueio foram registrados em Culiacán, onde moram cerca de 800 mil pessoas. Imagens nas redes sociais mostram veículos em chamas e presença ostensiva de militares nas ruas. Tiroteios foram relatados próximos do aeroporto, onde a Aeromexico informou que um avião que se preparava para decolar foi atingido por um disparo —ninguém ficou ferido.

As operações no terminal foram interrompidas, e autoridades suspenderam as aulas e um jogo do Campeonato Mexicano de futebol.

O governador de Sinaloa, Rubén Rocha Moya, pediu calma à população. "Diante dos acontecimentos em Culiacán, peço aos cidadãos que mantenham a calma e se refugiem em suas casas. As autoridades estão exercendo sua função", escreveu nas redes sociais.

Sandoval destacou que a captura de Ovidio Guzmán foi resultado de seis meses de trabalho das equipes de inteligência, em um esforço conjunto com diversos órgãos do Estado. O narcotraficante era um dos mais procurados do país —os EUA tinham oferecido recompensa de US$ 5 milhões (R$ 27 milhões) por informações que pudessem levar à sua prisão.

Na véspera, autoridades mexicanas deslocaram cerca de 200 soldados a Ciudad Juárez, na fronteira com os EUA, para combater o crime organizado. O deslocamento dos militares ocorreu dois dias depois de um ataque armado a uma penitenciária na mesma cidade terminar com 26 mortes e a fuga de dezenas de detentos —25 estavam foragidos nesta quarta.

A crise acontece a poucos dias da visita do presidente dos EUA, Joe Biden, ao país. O americano deve ir à Cidade do México na próxima terça (10) para uma cúpula com AMLO e Justin Trudeau, premiê do Canadá. Espera-se que o tema da migração seja central durante a viagem —nesta quinta, Washington anunciou um pacote de medidas para aliviar a pressão migratória.

El Chapo, pai de Ovidio e que era considerado o narcotraficante mais poderoso do planeta, escapou em 2001 da prisão de Puente Grande, na primeira de suas fugas espetaculares. Foi recapturado em 2014, mas 17 meses depois protagonizou outra fuga, desta vez de uma prisão de segurança máxima.

Ele foi preso pela terceira vez em janeiro de 2016 e, no ano seguinte, extraditado para os EUA. Em julho de 2019, foi sentenciado e levado a uma prisão de segurança máxima no Colorado. Ainda não está claro se Ovidio será extraditado como o pai.

O Cartel de Sinaloa é considerado pela DEA (Drug Enforcement Administration), órgão federal dos EUA responsável pela repressão e controle de narcóticos, como o principal responsável pelo tráfico de fentanil, droga 50 vezes mais potente que a heroína e que tem sido responsável por inúmeras overdoses no país.