Dr. Jairinho e mãe de Henry são presos pela morte do menino
RIO — A professora Monique Medeiros da Costa e Silva e o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), foram presos, na manhã desta quinta-feira, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), acusados de envolvimento na morte do filho de Monique, Henry Borel Medeiros, de 4 anos. Após um mês de investigação, a polícia concluiu que o vereador agredia o enteado, e que a mãe da criança sabia disso — pelo menos desde o dia 12 de fevereiro. Ele, Monique e a babá do menino teriam mentido quando disseram que a relação da família era harmoniosa. De acordo com as investigações, Jairinho dava bandas, chutes e pancadas na cabeça do menino, que morreu no último dia 8 de março. Jairinho e Monique foram encontrados na casa de uma assessora do vereador.
Convicção: Pai diz não ter dúvida do envolvimento de Dr. Jarinho na morte do menino Henry
O laudo de necropsia aponta que o menino teve hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, e que o corpo da criança apresentava equimoses, hematomas, edemas e contusões. Peritos ouvidos pelo GLOBO afirmam que os ferimentos não são compatíveis com um acidente doméstico. Um alto executivo da área de saúde afirmou ter sido contactado por Jairinho para agilizar a liberação do corpo sem o encaminhamento para o Instituto Médico Legal (IML), no Centro da cidade.
Foto Anterior Proxima Foto
A mãe: Quem é Monique, a professora presa pela morte do próprio filho
Contra o casal foram cumpridos mandados de prisão temporária por 30 dias, expedidos pela juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri da capital. A polícia monitorava a casa onde o casal estava desde a última segunda-feira. Nesta quinta-feira, os agentes descobriram que eles não dormiram na residência. Dr. Jairinho e Monique foram levados para a 16ª DP. Ao longo das investigações, o delegado Henrique Damasceno ouviu outras 16 testemunhas no inquérito, entre familiares, vizinhos e funcionários da família. Uma ex-namorada de Jairinho relatou que ela e a filha, de 3 anos à época, sofreram agressões do parlamentar. A ex-esposa, a dentista Ana Carolina, chegou a registrar ocorrência contra ele por lesão corporal, mas dias depois desistiu.
Investigação: confira o que cada uma das 18 testemunhas contou em depoimento à polícia
O que mostra o inquéritoO inquérito aponta que menino chegou ao condomínio Majestic, no Cidade Jardim, levado pelo pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, por volta de 19h20 do dia anterior à morte. Monique teria dado banho no filho e o colocado para dormir no quarto que dividia com Jairinho. Por volta de 3h30, quando já tinham pego no sono após assistir uma série na televisão, de acordo com depoimento, a professora e o vereador disseram ter encontrado a criança caído no chão do cômodo, com pés e mãos gelados e olhos revirados.
Eles, então, levaram Henry para a emergência do Hospital Barra D’Or, onde as médicas garantem que Henry já chegou morto e com as lesões descritas nos laudos de necropsia.
Foto Anterior Proxima Foto
Ao ser questionada durante seu depoimento, Monique afirmou acreditar que Henry possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão. Também na delegacia, Jairinho contou que, após ouvir os gritos da mulher, caminhou até o quarto, colocou a mão no braço de Henry e notou que o menino estava com temperatura bem abaixo do normal e com a boca aberta, parecendo respirar mal.
Investigação: Polícia Civil monta força-tarefa para elucidar a morte do menino Henry
O vereador disse que acreditou que Henry havia broncoaspirado, mas seu quadro evoluía mal, já que no caminho para o hospital não respondeu à respiração boca a boca nem aos estímulos feitos por Monique. Jairinho contou que, apesar de ter formação em Medicina, nunca exerceu a profissão e a última massagem cardíaca que realizou foi em um boneco, durante a graduação.