Análise: escolha de Seabra constrói vitória, e Cruzeiro supera ...

Foi um jogo entre dois times que sofrem com desfalques neste momento do Brasileirão, mas no qual o Cruzeiro, de elenco bem menos encorpado do que o rival, conseguiu ser consistente no aspecto coletivo para merecer o resultado.

Esperava-se que Fernando Seabra mantivesse o esquema que vem adotando, com Arthur Viana na vaga do lesionado Rafa Silva. Mas o treinador surpreendeu, escalou Filipe Machado, jogou sem centroavante e foi eficiente.

A atuação defensiva do Cruzeiro passou muito por essa mudança no esquema. Mesmo durante bons jogos, o meio-campo tem sido setor problemático, principalmente por não ser “povoado”. Com boas atuações de Machado e Ramiro, jogando ao lado de Lucas Silva, isso mudou. O setor deu consistência à pressão sobre a saída do Fluminense, e o time combateu bem a bola, inclusive com dobras de marcação, sem desguarnecer a defesa como em outras partidas.

O primeiro tempo foi de jogo franco, aberto, com chances para os dois lados. O esquema deu liberdade aos laterais, e Matheus Pereira recuou para encontra-los no espaço às costas da defesa carioca. Deu resultado, principalmente com Marlon, que pecou no acabamento, com cruzamentos ruins e um gol perdido cara a cara com Fábio.

O Cruzeiro foi um time paciente, que rodou a bola até encontrar os espaços que normalmente são oferecidos pelo time de Fernando Diniz. Faltou, além da competência nas finalizações, uma aproximação maior na linha de fundo, para diminuir os cruzamentos em um jogo que naturalmente teria pouca presença de área. Mas, em uma jogada de lado, surgiu o pênalti convertido por William. Gol importante para dar tranquilidade em um jogo aberto.

O segundo tempo teve mais posse do Fluminense, que assustou em arremates de Terans e Cano, parados por excelentes defesas de Anderson. Mas o Cruzeiro também conseguia ser perigoso, principalmente porque não recuou em meio ao resultado e às mexidas ofensivas de Diniz. Seguiu roubando bolas longe da área e produzindo boas chances. Faltou ser letal, principalmente com Matheus Pereira, dentro da área.

Nos minutos finais, já sem Filipe Machado como primeiro volante, o Cruzeiro perdeu um pouco de combatividade sobre a bola e, naturalmente, recuou. Mas foi estratégico, buscando explorar os espaços em contra-ataques. Deu certo. O Fluminense girou a área, mas sem oferecer perigo. Ao Cruzeiro, faltou ser eficiente como William foi, já nos acréscimos, para matar a partida com uma pintura individual.

Resultado e atuação importantes, principalmente em um momento de elenco fragilizado pelos desfalques. Cinco dos 12 jogadores do banco de reservas, por exemplo, disputaram a Copa São Paulo neste ano. Além disso, Rafael Bilu não joga há mais de um ano, Kaiki busca o melhor ritmo após lesão, e Palacios não entra em campo desde janeiro por opção técnica.

Com todo esse contexto, não há como não valorizar o trabalho de Fernando Seabra, que tem problemas, mas também consegue soluções em vários momentos, como na escalação diante do Fluminense. O Cruzeiro arranca bem no Brasileiro e consegue fôlego importante para engrenar quando tiver um elenco mais encorpado.