Paciência, trabalho e ótimo mercado: os segredos do Leverkusen ...

Na temporada 2022-23, após oito rodadas, o Bayer Leverkusen era o penúltimo colocado da Bundesliga. Em 5 de outubro, a diretoria decidiu demitir o suíço Gerardo Seoane e apostar no espanhol Xabi Alonso, cuja única experiência anterior como técnico havia sido no time B da Real Sociedad.

A partida que culminou com a troca de técnico foi uma derrota por 2 a 0 para o Porto, pela fase de grupos da Champions League. Dezenove meses depois, o Leverkusen goleou o Werder Bremen por 5 a 0 e conquistou pela primeira vez o título alemão.

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Nesta partida histórica, nove dos jogadores utilizados estavam também na derrota em Portugal.

O Bayer Leverkusen, com Simon Rolfes como diretor esportivo, não passou por uma enorme revolução nesse período. O clube acertou na escolha do treinador, passou confiança em seu trabalho, buscou novas peças no mercado que se adaptassem ao estilo de jogo de Xabi Alonso e à cultura do clube e colhe na atual temporada os frutos de um trabalho muito bem executado.

A conquista inédita da Bundesliga pode ser acompanhada do segundo título do clube em duas competições: DFB Pokal, onde é favorito na final com o Kaiserslautern, e na Europa League, já com vantagem de 2 a 0 após a partida de ida das quartas de final contra o West Ham. Tudo isso invicto após 43 jogos na temporada.

A figura de Xabi Alonso é a mais valorizada após a conquista. Sua qualidade como treinador é evidente. É necessário, de qualquer modo, valorizar o que fez a diretoria na montagem dessa equipe.

Após deixar o Benfica, Álex Grimaldo assinou por quatro anos com o Leverkusen a custo zero. Ao Arsenal, o clube alemão pagou 25 milhões de euros para ter a experiência de Granit Xhaka no meio-campo.

Por Jonas Hofmann, 10 milhões de euros ao Borussia Mönchengladbach. Para o ataque, chegou do Union Saint-Gilloise o nigeriano Victor Boniface que custou 20,5 milhões de euros.

Esses quatro jogadores se tornaram protagonistas de uma equipe que tem Florian Wirtz como craque. Aos 20 anos, se desenvolveu como jogador de elite e nesta temporada explodiu como talento mundial. Houve paciência com Wirtz, atleta do time principal desde 2020 e que em 2022 rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.

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Com Xabi Alonso, o Bayer Leverkusen adotou a variação tática do 3-4-3 com a bola e o 5-4-1 na fase defensiva. Odilon Kossounou, Jonathan Tah e Edmond Tapsoba formam um trio de zagueiros muito seguros; à frente, Xhaka controla o ritmo com Robert Andrich ou Exequiel Palacios ao lado.

Pelos lados, a principal força ofensiva da equipe, com os avanços, gols e assistências de Jérémie Frimpong e Grimaldo. Hofmann deu o equilíbrio necessário entre ataque e defesa para Wirtz e Boniface (que ficou muito tempo fora, lesionado) se destacassem.

Há ainda outras apostas no elenco, como o lateral brasileiro Arthur, ex-América-MG, que perdeu boa parte da temporada lesionado, e Nathan Tella, contratação mais cara do clube para 2023 e que já entregou bastante atuando como ala pela direita. Sem falar no atacante tcheco Patrik Schick, que muito colaborou na ausência de Boniface, e de toda habilidade do marroquino Amine Adli.

Jogadores desacreditados anteriormente, como Tah, se valorizaram e, no caso do zagueiro, pode ser titular da Alemanha na próxima Euro. Fato é que nem mesmo o Bayern, em qualquer época, conseguiu permanecer invicto após as 29 rodadas iniciais da Bundesliga. O que faz o Leverkusen é algo incrível, gigantesco e histórico.

Neverkusen é passado. O pesadelo vivido na temporada 2001-02, quando o clube perdeu as finais da Copa da Alemanha e da Champions League e também a Bundesliga em um período de apenas dez dias, pode ser superado pelo sonho dos três títulos agora. Um já foi.

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