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Oscar 2021: documentário de Bárbara Paz sobre Héctor Babenco vai representar o Brasil

Oscar 2021 documentário de Bárbara Paz sobre Héctor Babenco vai representar o Brasil
'O amor venceu! É uma história de amor ao cinema, de amor à vida', comemora a atriz e diretora; filme superou outros 18 concorrentes em reunião realizada nesta quarta-feira pela Academia Brasileira de Cinema (ABC)

SÃO PAULO — Está batido o martelo: o documentário "Babenco: Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou", de Bárbara Paz, será o representante do Brasil na disputa pela indicação ao Oscar de melhor filme internacional em 2021. A cerimônia da Academia está marcada para o dia 25 de abril.

O filme dirigido por Bárbara, que chega ao circuito nacional na quinta-feira que vem (26), é uma crônica dos últimos dias de Héctor Babenco ("Carandiru", "Pixote", "Coração iluminado"), diretor argentino radicado brasileiro morto em 2016, depois de décadas lutando contra o câncer.

— Eu acabei de ficar sabendo, estou super emocionada — comemorou Bárbara Paz, que foi casada com Babenco entre 2010 e 2016, em contato com o GLOBO. — É uma surpresa maravilhosa, o Héctor merecia muito isso, ele merece estar de volta. O amor venceu, sabe? É uma história de amor ao cinema, de amor à vida, e foi isso que eu tentei fazer nesse filme, essa carta de amor, um poema visual. Posso dizer que estou muito feliz e que o Brasil vai estar muito bem representado pelo Héctor e por nós.

O longa, uma coprodução entre Canal Brasil, Globo Filmes e GloboNews, levou o prêmio de melhor documentário sobre cinema da Venice Classics, mostra paralela do 76º Festival de Veneza, em setembro do ano passado. No último dia 6, "Babenco" foi premiado também no Festival Internacional de Cinema de Viña del Mar, no Chile.

— O filme está fazendo uma trajetória maravilhosa em festivais, e agora vai ser melhor ainda. Por conta de Veneza, ele já vinha sendo falado, visto, mas agora teremos uma abertura maior — afirma Bárbara. — Ele chega aos cinemas do Brasil agora dia 26, seguindo todos os protocolos, e vamos começar essa campanha para o Oscar lá fora, também sabendo que muitos cinemas ainda estão fechados. Logo, logo vai para o streaming.

Esta é a primeira vez que um documentário é escolhido pela comissão da Academia Brasileira de Cinema (ABC) — "Democracia em vertigem", de Petra Costa, conseguiu indicação direta para o Oscar 2020 de melhor documentário.

'É um filme-missão'

Bárbara Paz conta que o ímpeto de contar a história de Héctor Babenco veio no leito do hospital, ao lado do cineasta.

— Fiquei com medo que não tivesse mais tempo. Eu precisava registrar esse homem, congelá-lo, era um filme-missão — lembra ela, que também lançou um livro, "Mr. Babenco – Solilóquio a dois sem um". — Héctor é um homem que se manteve vivo para fazer cinema. Descobriu sua doença aos 38 anos e a partir daí fez sua carreira, enquanto lidava com a doença. O cinema foi o oxigênio, a morfina dele. A minha paixão era deixar essa história registrada, e ele também tinha essa urgência, sentia que o ciclo estava se fechando. E ele confiou a mim a responsabilidade de contar essa história.

Barbara Paz e Héctor Babenco em foto de 2011 Foto: Marcos Ramos
Barbara Paz e Héctor Babenco em foto de 2011 Foto: Marcos Ramos

Bárbara conversou com o GLOBO do Rio, onde filma como atriz "Porta ao lado", próximo longa-metragem de Júlia Rezende. Ela recebeu a notícia da escolha da comissão da Academia Brasileira de Cinema (ABC) no set, em que contracena com Leticia Colin.

— Preciso lavar meu rosto agora, já chorei bastante. Minha vontade era falar com Héctor agora, mas sei que ele está aqui — disse ela, emocionada. — Mais do que qualquer coisa, eu quero que todo mundo assista ao filme. As novas gerações não necessariamente conhecem o Héctor e o documentário traz essa vontade de assistir aos filmes dele, rever esse cinema-denúncia dele.

Como diretora, Barbara está finalizando o curta-metragem "Ato", filmado em Ouro Preto e estrelado por Alessandra Maestrini e Eduardo Moreira.

— É um cineteatro sobre essa suspensão no tempo que estamos vivendo, sobre solidão, sobre pessoas sem vozes — adianta. — Também vamos levar para festivais.

Comissão inédita e independente do governo

A escolha por "Babenco: Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou" veio nesta quarta-feira após uma reunião virtual entre os nove integrantes da comissão responsável formada pela Academia Brasileira de Cinema (ABC) — quatro deles também são membros da entidade responsável pelo Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood: o diretor de fotografia Afonso Beato, a produtora e diretora Lais Bodanzky, o diretor de fotografia Lula Carvalho e o produtor Rodrigo Teixeira.

A comissão analisou uma lista com 19 pré-indicados, que contava ainda com outras produções elogiadas em festivais, como "Marighella" (Wagner Moura), "A febre" (de Maya Da-Rin), "Três verões" (de Sandra Kogut), "Pacarrete" (Allan Deberton) e o documentário "Narciso em férias" (Ricardo Calil e Renato Terra).

Os nove integrantes que formaram a comissão deste ano na ABC nunca tinham participado da seleção antes. São eles Afonso Beato (diretor de fotografia), Clelia Bessa (produtora ), Lais Bodanzky (produtora e diretora), Leonardo Monteiro de Barros (produtor), Lula Carvalho (diretor de fotografia), Renata Magalhães (produtora ), Rodrigo Teixeira (produtor), Roberto Berliner (produtor e diretor) e Viviane Ferreira  (diretora e roteirista).

Este ano, a Academia Brasileira recebeu uma carta da Academia de Artes e Ciências Cinemtográficas de Hollywood legitimando previamente sua futura decisão. Trata-se de um ato simbólico que fortalece um processo gradual de independência da entidade brasileira em relação à atuação do governo federal na dinâmica de seleção.

Até 2016, a escolha do filme brasileiro apto a uma vaga no Oscar era uma atribuição da Secretaria do Audiovisual, vinculada ao Ministério da Cultura. A Academia Brasileira tinha direito apenas a duas vagas fixas dentre os membros da comissão. Naquele ano, gerou polêmica a escolha de "Pequeno Segredo", em detrimento do premiado "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho. À época, o cineasta chegou a afirmar que seu longa havia sofrido uma "retaliação política".

No ano seguinte, após um acordo com o então ministro da Cultura do governo Temer, Sérgio Sá Leitão, a Academia passou a ser responsável pela formação da comissão, mas ainda sob supervisão da Secretaria do Audiovisual.

Para Jorge Peregrino, presidente da entidade, essa solidificação dos laços entre as duas Academia é de suma importância.

— É um espaço que foi ocupado pelos governos, mas não havia qualquer determinação de que deveria ser assim. Natural que a Academia ganhe esse papel de protagonismo, assim como o de entidades similares ao redor do mundo — analisa Peregrino, que assumiu o cargo após a morte do ex-presidente, o cineasta Roberto Farias, em 2018.

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