Zelensky diz que Bakhmut foi destruída, mas nega captura por russos
Yevgeny Prigozhin (de costas), líder do grupo paramilitar Wagner, cumprimenta seus soldados em Bakhmut — Foto: Prigozhin Press Service via AP
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (21) que a cidade de Bakhmut, desde agosto de 2022 palco de uma ferrenha batalha entre tropas russas e ucranianas, foi completamente destruída, mas negou que ela tenha sido tomada pelas forças russas.
"Hoje, eles [militares russos] estão em Bakhmut", declarou Zelensky durante a cúpula do G7 em Hiroshima. "Mas Bakhmut não está ocupada pela Rússia hoje."
Questionado a respeito durante encontro no Japão com o presidente dos EUA, Joe Biden, Zelensky foi impreciso na resposta, o que levou alguns sites e jornais a noticiarem que ele havia confirmado a tomada da cidade.
A pergunta foi a seguinte: "Presidente Zelensky, Bakhmut ainda está nas mãos dos ucranianos? Os russos dizem que tomaram Bakhmut".
"Penso que não", respondeu Zelensky, embora não fique claro se ele respondia à primeira ou à segunda parte da pergunta. Mais tarde, o porta-voz do presidente ucraniano foi categórico: "O presidente desmentiu a captura de Bakhmut".
Na continuação da sua resposta, Zelensky disse ao jornalista que "o que você tem de compreender é que não lá existe nada, todos os edifícios foram destruídos. Por ora, Bakhmut existe apenas nos nossos corações. Não há nada".
Foto do início de maio mostra bombardeios na cidade de Bakhmut, região ucraniana de Donetsk — Foto: Libkos/AP Photo
???? O que diz a Rússia: O presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou o Exército e o Grupo Wagner após este ter anunciado a "conquista" da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
Nas primeiras horas deste domingo, o ministério russo da Defesa também afirmou que o Grupo Wagner, com o apoio de militares russos, assumiu o controle total da cidade.
Membros do grupo paramilitar russo agitam bandeira russa em cima de prédio destruído em Bahkmut — Foto: Prigozhin Press Service via AP
A tomada de Bakhmut foi negada pelas Forças Armadas da Ucrânia já neste sábado.
"Isso não é verdade. Nossas unidades estão lutando em Bakhmut", disse um porta-voz do Grupo de Forças do Leste, à agência de notícias Reuters.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, afirmou que a situação é crítica em Bakhmut.
"Há batalhas pesadas em Bakhmut. A situação é crítica. Ao mesmo tempo, nossas tropas estão mantendo a defesa na área de "Litak". A partir de agora, nossos defensores controlam certas instalações industriais e de infraestrutura na área e o setor privado”, escreveu no Telegram no sábado.
No domingo, ela retornou ao Telegram para anunciar o cerco parcial de Bakhmut pelas forças de Kiev.
"O avanço das nossas tropas para os flancos nos subúrbios, que ainda está ocorrendo, torna muito difícil a presença do inimigo em Bakhmut", escreveu.
"As nossas tropas cercaram parcialmente a cidade, o que nos dá a oportunidade de destruir o inimigo. É por isso que o inimigo, na parte da cidade que controla, tem de se defender", acrescentou, segundo a agência ucraniana Ukrinform.
Também neste domingo, o resumo da manhã do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia diz que "a luta pela cidade de Bakhmut não para".
❗ Analistas dizem que Bakhmut tem pouca importância estratégica, mas que a conquista da cidade pelos russos teria um forte valor simbólico e elevaria a moral das tropas russas.
Em Hiroshima, Biden anunciou o fornecimento de mais armas e munições à Ucrânia durante uma reunião com o presidente ucraniano à margem da cúpula do G7.
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O americano disse que os caças poderiam ser usados em áreas tomadas por tropas russas dentro da Ucrânia. Ele acrescentou ainda ser altamente improvável que os aviões sejam usados em uma ofensiva ucraniana nas próximas semanas, mas que servirão para dar um alcance maior ao Exército ucraniano para se defender.
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Infográfico sobre o caça F-16 — Foto: Arte/g1
As novas remessas americanas incluirão munições, artilharia e veículos blindados, disse Biden, que não especificou o valor do novo pacote. Porém, um alto funcionário do governo americano declarou à agência de notícias Efe que está avaliado em 375 milhões de dólares.
A mesma fonte disse que o novo pacote de assistência inclui armas que os Estados Unidos já enviaram à Ucrânia, como artilharia, munições, veículos blindados e mísseis de artilharia de alta mobilidade Himars.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a ajuda militar de Washington a Kiev já chegou a 37,3 bilhões de dólares, segundo o Departamento de Defesa dos EUA.