'Não me arrependo de nada': Ele foi campeão com Pogba no United, se aposentou aos 25 e hoje trabalha em supermercado
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Luke Giverin era promessa na base do Manchester United, mas viu sua carreira tomar outros rumos e pendurou as chuteiras com apenas 25 anos
Nesta terça-feira, o Manchester United visita o Villarreal, às 14h45 (de Brasília), pela Uefa Champions League, na 1ª partida após a demissão do técnico Ole Gunnar Solskjaer, que foi mandado embora no último domingo.
Na partida, os Red Devils certamente contarão com a torcida via televisão de Luke Giverin, um fã da equipe de Old Trafford que tem a história de sua vida intimamente ligada ao gigante inglês.
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O Manchester United volta a campo pela Premier League no domingo (28), às 13h30 (de Brasília), contra o Chelsea, com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+
Nascido na cidade de Salford, na grande Manchester, e filho de um casal de torcedores fanáticos do United, Luke tornou-se torcedor dos "Diabos Vermelhos" desde a infância. Bom de bola, passou em peneira do time e foi selecionado para atuar na base da equipe de coração na adolescência.
Com o tempo, o lateral-esquerdo passou a se destacar e passou a ser apontado como uma grande promessa para o futuro em Old Trafford.
Seu maior momento foi em maio de 2012, quando ele fez o 2º gol da vitória por 2 a 0 sobre o rival Manchester City, em pleno Etihad Stadim, na final da Manchester Senior Cup, competição disputada por clubes de Manchester e região, e na qual United e City usam seus times reservas ou sub-21.
Na ocasião, o time dos Red Devils contava com vários atletas que depoim brilhariam no futebol profissional, como o meia Paul Pogba e o atacante Jesse Lingard, que estão atuamente nos Red Devils, além do zagueiro Michael Keane, hoje titular do Everton.
Nos tempos de base, Giverin ainda atuou ao lado de um brasileiro: Rafael Leão, ex-atleta que passou pelas canteras do United na adolescência e que teve sua história contada pelo ESPN.com.br em 2019.
Em entrevista à reportagem, Leão, que pendurou as chuteiras aos 21 anos e hoje estuda direito e prega em igrejas evangélicas, recordou os tempos em que jogou ao lado de Luke na Inglaterra.
"O Giverin dentro de campo era um bom jogador e tinha ótimas qualidades, mas, naquele time, não tinha a mesma badalação de outros nomes, como Pogba, Lingard, Januzaj e Ravel Morisson. Ele não tinha o mesmo status que esse outros", rememorou.
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"Era um bom lateral-esquerdo, que batia bem na bola, com efeito. Cobrava falta e escanteios com grande facilidade, e isso sempre chamou a atenção nele. Era cria da base desde cedo, e ele e o Lingard subiram juntos várias categorias", contou.
Durante o período que que ficou em Manchester, Rafael formou boa amizade com Luke e Lingard.
"O Giverin era um dos que andava sempre na nossa turma com o Lingard, e fazia também parte das nossas brincadeiras. Ele era um cara mais na dele, meio quietão e tímido, diferente dos outros, que era mais da zoeira. Era um cara tranquilão, bem inglês, mas muito gente boa", relatou.
"Tinha um setor no CT do United que tinha uma cesta de basquete, e no fundo tinha a academia do profissional. A gente começou a chegar mais cedo nos treinos e jogávamos muito basquete, era bem legal", recordou.
As vidas de Rafael Leão e Luke Giverin, aliás, teriam destinos parecidos.
Ex-lateral hoje trabalha em supermercadoLogo após a conquista da Manchester Senior Cup, em 2012, Luke Giverin foi emprestado pelo Manchester United ao Royal Antwerp, da Bélgica, para ganhar rodagem antes de ser testado na competitiva Premier League.
No entanto, o lateral-esquerdo pouco conseguiu jogar na Bélgica. Ao retornar à Inglaterra, foi chamado à sala de Sir Alex Ferguson, então treinador dos Red Devils, e recebeu a triste notícia de que seria dispensado do clube.
O motivo era simples: Giverin não cresceu e ganhou musculatura suficiente para aguentar o frenético ritmo do Campeonato Inglês.
"Ferguson me disse que, do ponto de vista de futebol e da técnica, eu era um jogador do nível do United. Mas, pelo lado físico, caso eu quisesse jogar em alto nível, me faltavam atributos. Ele me disse que, infelizmente, o lado físico não veio para mim durante a base e, por causa disso, eles não iriam me oferecer um contrato", recordou Luke, em entrevista concedida em fevereiro deste ano ao jornal Manchester Evening News.
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"Em todos os meus anos de base, eu sempre era o primeiro a chegar na academia. Eu estava o tempo todo na academia, tentei vários tipos de dietas e suplementos nutricionais, mas nunca consegui chegar ao estágio que eles esperavam. Não me arrependo de nada. Tentei de tudo, mas, infelizmente, as coisas não aconteceram para mim nesse aspecto", salientou.
Com isso, Luke deixou o Manchester United aos 20 anos e teve que correr atrás de chances.
"Eu fiquei tanto tempo no United que, quando fui dispensado, achei que apareceriam várias pessoas batendo na minha porta e oferecendo contratos. Mas foi muito diferente disso. Eu tive que provar que podia jogar e mostrar meu futebol", admitiu.
Ele só conseguiu se recolocar no mercado na temporada 2014/15, quando acertou com o semi-amador Hyde FC para jogar a 6ª divisão inglesa. O lateral até disputou 33 partidas, mas seu time fez péssima campanha e terminou a competição na lanterna.
Depois disso, ele passou rapidamente pelo Salford City, de sua cidade natal, fazendo apenas 12 jogos, e em seguida tentou a sorte no futebol da Austrália. Atuou pelos minúsculos Manly United e Dulwich Hill até janeiro de 2018, quando decidiu se aposentar do futebol profissional aos 25 anos.
Após pendurar as chuteiras, ele resolveu tomar outro rumo no esporte e atualmente faz o curso para ter a licença B da Uefa.
Para ter alguma fonte de renda, porém, ele também trabalha meio-período em uma loja da rede de supermercados ASDA, uma das maiores da Inglaterra.
"Eu não tinha outra opção para ganhar dinheiro no momento, então fui atrás de emprego e consegui no ASDA. É trabalho duro, começamos bem cedo no turno da manhã. Mas não posso reclamar de nada, pois isso me manteve com uma boa renda fixa, então sou extremamente grato", finalizou Giverin.
Curiosamente, seu local de trabalho se localiza bem em frente ao Etihad Stadium, a casa do Manchester City, onde ele viveu sua maior glória como atleta.
Por isso, todas as vezes quando faz sua pausa de almoço e sai para comer, ele se lembra do famoso gol que fez pelo Manchester United no estádio do rival, e do caloroso abraço que ganhou de Paul Pogba logo após fechar o placar do 2 a 0...