Padre Kelmon: criminalização do aborto, armas e fim das cotas; saiba o que defende candidato do PTB
Um dos destaques do debate presidencial do SBT deste sábado, o candidato à Presidência pelo PTB Padre Kelmon usou a primeira oportunidade de exposição na televisão para defender pautas conservadoras e acenar para o público cristão — ele se autointitula sacerdote da Igreja Católica ortodoxa. Kelmon reiterou a criminalização do aborto e o movimento pró-vida e condenou a lei de cotas para ingresso em universidades públicas, que deve ser revista neste ano.
Em dois momentos durante o debate, o autointitulado sacerdote fez perguntas a presidenciáveis para saber como se posicionavam sobre o aborto, hoje permitido no Brasil apenas em casos excepcionais. Em questionamento à senadora Simone Tebet (MDB), Kelmon afirmou que o aborto, pauta que associa aos movimentos feministas, representa "o assassinato de bebês indefesos no ventre de suas mães". Já em pergunta direcionada a Ciro Gomes (PDT), ele chamou o procedimento de "ato diabólico" e que deveria ser rechaçado por candidatos que se dizem cristãos.
— Todos os candidatos aqui vão à igreja no período eleitoral. Curiosamente, só os vemos nos templos e igrejas nesses períodos. Como um cristão, que o senhor (Ciro Gomes) é, é contra o aborto? Caso a resposta seja positiva, aceitaria assinar ainda hoje um pacto pela vida, se comprometendo a proteger as vidas dos bebês nos ventres de suas mães? — questionou o candidato do PTB.
Kelmon também se mostrou contrário à manutenção da política de cotas raciais para ingresso no Ensino Superior, legislação que deve ser revista neste ano. Ao responder questionamento de um jornalista sobre o assunto, o presidenciável afirmou que a política de inclusão incentiva a "divisão racial entre um e outro" e, ao apresentar propostas sobre educação, afirmou que há muito investimento em universidades, em comparação com o fluxo de recursos destinados à Educação Básica:
— Vocês falam tanto de lei de cotas, de negros. Parece que pregam uma política para realmente levar o brasileiro a odiar o próprio brasileiro. O preto, o branco, o índio. Isso é a miscigenação, a nossa cultura, a nossa raça. Os negros não precisam de subterfúgios, de dinheiro, de ajuda de um e de outro. Cada um é capaz de mostrar que, com os seus esforços, pode, sim, chegar à universidade, a um trabalho de qualidade.
Outras agendas conservadoras são endossadas no programa de governo da campanha de Padre Kelmon apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele reaproveita as propostas elaboradas quando o postulante pelo PTB ainda era Roberto Jefferson — ele teve a candidatura indeferida pelo TSE e a cúpula do partido optou por alçar o suposto padre, então vice na chapa, para o posto. Entre as pautas defendidas pela legenda estão o direito a porte e posse de armas e a criminalização do que chamam de "cristofobia".
"O PTB entende que o cidadão tem o direito à legítima defesa, portanto deve ter direito à posse e porte de arma de fogo, conforme resultado de consulta popular realizada no país com essa finalidade específica e que nunca foi respeitada", diz trecho do programa de governo.