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Dia do orgulho LGBTQIAP+: conheça as Mães da Diversidade, grupo de apoio em Juazeiro do Norte

Dia do orgulho LGBTQIAP conheça as Mães da Diversidade grupo de apoio em Juazeiro do Norte
Encontros são mensais e lutam contra o preconceito.
Janice e Ana Laisa — Foto: Arquivo pessoal
1 de 4 Janice e Ana Laisa — Foto: Arquivo pessoal

Janice e Ana Laisa — Foto: Arquivo pessoal

Maria de Fátima Dias de Melo, 60 anos, é auxiliar de serviços e mãe de Alysson Dias de Melo, 28. Ela esteve presente no segundo encontro do grupo Mães da Diversidade, nesta segunda-feira (27), em Juazeiro do Norte. O relato da Fátima resume um pouco o que espera do futuro o grupo criado para apoiar mães e filhos LGBTQIAP+:

“Nós temos que dar força para que a gente possa ter um futuro sem preconceito, porque no momento em que a gente mostra ter preconceito, tá machucando o outro. E a gente precisa trabalhar isso para num futuro próximo, não ver esse tipo de coisa na cabeça das pessoas.”
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Bem antes de dar esse depoimento, Fátima precisou conhecer o mundo de Alysson, que, na adolescência, contou aos pais que era homossexual: “Não conversávamos sobre isso, sofri bastante antes de contar, porque a sociedade ia moldando a gente, dizendo que era errado, a gente sofria por não poder ser o que era”. Mas, segundo o filho, o que veio após a revelação foi acolhimento e amor. Agora, o desejo dele é que esse acolhimento não seja apenas privilégio para alguns.

Primeiro encontro das Mães da Diversidade em Juazeiro do Norte — Foto: Arquivo pessoal
2 de 4 Primeiro encontro das Mães da Diversidade em Juazeiro do Norte — Foto: Arquivo pessoal

Primeiro encontro das Mães da Diversidade em Juazeiro do Norte — Foto: Arquivo pessoal

Os dois participam dos primeiros encontros na Casa da Diversidade Cristiane Lima, que, além de acolher, busca criar espaços de conversa e de escuta, para tirar dúvidas, trocar experiências e aprendizados, e também para falar sobre direitos das pessoas LGBTQIAP+.

Fátima e Alysson — Foto: Arquivo pessoal
3 de 4 Fátima e Alysson — Foto: Arquivo pessoal

Fátima e Alysson — Foto: Arquivo pessoal

Janice Matos, 49, é outra mãe que participa dos momentos. Tem duas filhas, uma delas é a Ana Laisa Matos, 28, mulher trans, que hoje vive na Europa. De acordo com a mãe, a filha, que nasceu em um corpo masculino, sempre mostrou uma personalidade mais feminina. Mas a família esperou o momento em que ela decidisse conversar sobre isso, o que aconteceu aos 16 anos. Daí em diante, Janice procurou entender as diferenças entre as questões de gênero:

Evânia, do Mães da Diversidade, e a filha — Foto: arquivo pessoal
4 de 4 Evânia, do Mães da Diversidade, e a filha — Foto: arquivo pessoal

Evânia, do Mães da Diversidade, e a filha — Foto: arquivo pessoal

“Naquele momento, eu entendi que meu filho era uma linda filha, que precisava libertar-se das amarras morais de uma sociedade excludente e preconceituosa. Entendi que ela precisava apenas de amor e compreensão para ser feliz.”

De acordo com a coordenadora da Casa da Diversidade, as dúvidas de Janice foram e ainda são as de muitas mães que enfrentam as dificuldades de entender o que é o mundo para as pessoas LGBTQIAP+.

“A gente via a dificuldade dos pais lidarem com a orientação sexual e principalmente com a identidade de gênero. Muitas pessoas não conhecem esses conceitos. Recebemos pedidos de ajuda de famílias que não estavam sabendo lidar com a situação, explica Ana Pereira.

Para a filha da Janice, o apoio dos pais desde a infância foi essencial para que ela pudesse se conhecer e se entender. Formada em engenharia civil e trabalhando na Irlanda, ela acompanha e apoia de longe o desenvolvimento do grupo.

“A mim foi dada essa liberdade de me conhecer, e eu pude desenvolver essa autoconfiança. Porque uma pessoa que cresce com essa segurança, ela raramente é derrubada pelo falar de alguns, que pejorativamente ainda insistem em falar. Daí vem a importância dos pais no desenvolvimento dessas pessoas, principalmente das crianças que fazem parte das minorias. Com o apoio dentro de casa, o suporte dos pais, elas vão poder ter um desenvolvimento, nessa sociedade tão predatória em que a gente vive”, conclui Ana Laisa.

Os encontros do grupo são realizados mensalmente, a ideia é ter uma reunião uma vez por mês para que, aos poucos, novos pais possam participar. A Erivânia Soares, 58, é outra mãe que resolveu entrar nessa convivência. Ela acolheu a filha lésbica após todo um processo para entender a situação. A filha, Ester Soares, 25, considera os encontros entre as famílias algo essencial. Segundo ela, a junção de forças, de histórias diferentes, ajuda a todos.

“Se, no período em que eu estava me descobrindo, minha mãe tivesse um suporte, teria sido menos doloroso para ambas. Hoje eu fico imensamente feliz com esse projeto.”

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