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'Transparência impacta vidas e gestão pública', diz gestor de Goiás

Transparência impacta vidas e gestão pública diz gestor de Goiás
Bruno Rolim, da Controladoria Geral da União, coloca Goiás no mapa da transparência mundial com apoio da Fiquem Sabendo, finalista na categoria Soluções que Inspiram do Prêmio Empreendedor Social 2024

Ao migrar de São Luís (MA) para Brasília (DF), o gestor público Bruno Rolim, 34, revela que o objetivo da família era ter emprego e renda.

Conseguiu trabalho numa livraria, onde lia de tudo e se apaixonou pela Constituição. Aos 19 anos, foi aprovado em um concurso da Secretaria de Educação do DF. Mais do que trabalho e renda, ele experimentou ali como a política pública e a transparência podem mudar vidas.

E mudou a dele, reconhecido internacionalmente pela parceria com a Fiquem Sabendo, liderada pela jornalista Maria Vitória Launberg Ramos, que é finalista no Prêmio Empreendedor Social 2024 na categoria Soluções que Inspiram.

"Quando fiz o concurso, passei seis meses carimbando documento. Era chato, mas me permitiu pagar a faculdade de gestão de política pública.

Na Educação, uma coisa renovou minha opção pela gestão pública: uma mãe questionou via Lei de Acesso à Informação o gasto por aluno na rede pública.

Com os dados, ela conseguiu mover a comunidade escolar para que o valor fosse triplicado e a merenda fosse melhorada. Vi ali impacto enorme quando a população participa das decisões do governo.

Aí fui para a Saúde. Lá ajudei a construir o portal da transparência da pasta. Vi que toda semana recebíamos 300 ligações de pessoas que gostariam de saber onde era a UBS mais próxima ou o local da consulta ou exame.

Era época sem Waze e Google Maps como temos hoje. Então eu só georreferenciei e coloquei no site da secretaria endereços, telefones e horários de todas as unidades de saúde. Não deu uma semana, e as ligações pararam.

Foi coisa simples que teve impacto grande. Mas o principal foi quando tivemos alta de casos de dengue no DF, e recebíamos denúncias de favorecimento político e até de uso das filas de leitos e cirurgia para benefícios próprios.

Decidimos, então, implantar a transparência na fila de leitos e cirurgias e mostrar todos os casos da doença. Em pouco tempo, paramos de receber denúncias.

A coisa foi tão positiva que o secretário de Saúde à época levou essa solução quando foi trabalhar em Goiás. Por coincidência, eu também fui trabalhar em Goiás, na Controladoria-Geral da União.

Quando entrei, como superintendente da Controladoria Especializada em Transparência, o governador antecessor tinha tido prisão decretada. Havia ali legislação de transparência, mas com muitas lacunas.

Uma delas era ativar a Comissão Mista de Reavaliação de Informações. A Fiquem Sabendo chegou a indagar o estado sobre a comissão.

Pedi ajuda a eles sobre como poderíamos ativá-la. Foi fantástico porque entraram de cabeça. Construímos juntos, do zero, uma lei para Goiás.

Conseguimos aprovar a lei, tiramos mais de 3.000 pedidos da fila e acabamos com a perseguição a quem faz o pedido. Aqui em Goiás, garantimos o anonimato de quem pede a LAI. Quem entra em cena é o servidor.

E o melhor foi que com a WikiLAI, portal da Fiquem Sabendo que explica como qualquer um pode obter dados públicos, pudemos treinar os servidores. Criamos essa cultura em Goiás.

Em 15 dias de parceria com a Fiquem Sabendo, a gente aprovou a lei, reativou a comissão, inativa havia dez anos, zeramos a fila. O governo todo encampou.

Criamos os Embaixadores da Cidadania, em que treinamos gente de todas as idades para usar a LAI. Levamos essa formação às escolas, informando 100 mil alunos. Um tremendo sucesso, que levou Goiás a ser reconhecido na Open Government Partnership, o nível mais alto de transparência mundial.

O estado virou exemplo. Hoje dou treinamento para gente de todo o Brasil. Muita gente não vê, mas o impacto da transparência é certo, na vida e na gestão pública."

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