Arma usada para matar Fernando Ignácio foi um fuzil calibre 556, diz polícia
RIO — Policiais da Delegacia de Homicídios que estão no local do assassinato do contraventor Fernando Iggnácio, alvo de tiros no início da tarde desta terça-feira, suspeitam que os disparos partiram de um terreno baldio vizinho ao da empresa de táxi aéreo no qual ele desembarcou de um helicóptero, no Recreio. O terreno é cercado por uma grade, mas uma chapa solta no portão leva investigadores a acreditar que foi por ali que o autor do ataque entrou. Agentes acreditam que Iggnácio foi alvejado por alguém que estava posicionado a cerca de cinco metros do alvo e que portava um fuzil 556. Cerca de dez tiros foram disparados.
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"Hoje pela manhã, poucas horas antes dos tiros, essa chapa estava no lugar, intacta. Foram muitos tiros", disse um funcionário que cuida do terreno, que tem aproximadamente 15 mil metros quadrados.
Há ainda a suspeita de que o autor dos disparos se posicionou atrás de um muro de aproximadamente 1,70m de altura. "Pelo barulho, foram tiros de fuzil", disse uma testemunha. Policiais estão neste momento no terreno para tentar colher pistas.
O corpo do contraventor foi removido por volta das 16h15 e levado para o Instituto Médico Legal. Duas mulheres, uma delas uma irmã de Fernando Iggnácio, chegaram ao local.
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Depois que o corpo foi removido, a polícia seguiu com o trabalho de perícia. O que se sabe é que o contraventor caminhava até seu carro no estacionamento, uma Land Rover, que foi atingida por pelo menos cinco tiros de fuzil 556. Outros cinco acertaram o prédio da empresa, que teve vidros estilhaçados.
No começo da noite, três pessoas foram ouvidas pela Delegacia de Homicídios. Duas delas são funcionárias da Heli-Rio. Pouco depois das 19h, policiais chegaram à DH com HDs de que reúnem as imagens de 64 câmeras de vigilância da empresa de fretamento. Segundo Edmar Neves, da empresa Vertec de tecnologia, os policiais também checam a movimentação de quatro carros que estiveram na Rua Servientes, local que pode ter servido como rota de fuga do atirador.
Disputa familiarCastor Gonçalves de Andrade e Silva tornou-se o chefão da contravenção no Rio nos anos 70 e chegou a expandir seus domínios para o Nordeste. Ele morreu de infarto em abril de 1997, dando início a uma guerra na família pela sucessão. Ainda em vida, Castor escolhera Rogério, seu sobrinho, para comandar a contravenção na Zona Oeste e em outras áreas do estado. O filho de Castor, Paulinho, não concordou e iniciou uma batalha com o primo. Em 1998, Paulinho e um segurança foram assassinados na Barra. O genro de Castor, Fernando Iggnácio Miranda, assumiu o lugar na disputa com Rogério.
De acordo com investigações da polícia, a partir da metade dos anos 1990, Fernando Iggnácio passou a controlar a Adult Fifty, empresa que explorava caça-níqueis em toda a Zona Oeste. Em 1998, Rogério teria fundado a Oeste Rio. O próprio Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2001. Em abril de 2010, outro ataque: o filho de Rogério, de 17 anos, morreu num atentado na Barra. Em vez do pai, era o rapaz que dirigia um carro no qual foi colocada uma bomba. Segundo uma investigação da Polícia Federal, os contraventores César Andrade de Lima Souto e Fernando Andrade de Lima Souto estariam envolvidos no crime.