Leilões do BC e avanço do pacote fiscal no Congresso ajudam ...
O dólar hoje encerrou a sessão desta quinta-feira (19) com queda de 2,27%, a R$ 6,1237. O desempenho corrige parte do estresse visto no mercado de câmbio na véspera, quando as incertezas fiscais e a decisão de juros nos Estados Unidos levaram o dólar a R$ 6,26, o maior valor da história.
Leia tambémA abertura da sessão aconteceu com atraso, enquanto investidores aguardavam um primeiro leilão à vista de até US$ 3 bilhões, realizados pelo Banco Central entre 09h15 e 09h30. A modalidade, desta vez, foi diferente: cada dealer de câmbio pôde enviar até três propostas com o volume pretendido e o diferencial, com até seis casas decimais, a ser adicionado ou diminuído da taxa de venda Ptax do fechamento do dia. Isso poderia levar a uma queda da cotação, para formar uma Ptax menor de forma que os participantes comprassem o dólar “mais barato”.
O resultado não foi imediato e, com a persistência da incerteza fiscal, o dólar chegou a bater R$ 6,30 logo nas primeiras horas da manhã. A máxima fez o Banco Central anunciar um novo leilão à vista de venda de dólar de até US$ 5 bilhões das 10h35 às 10h40. A notícia deu um choque na cotação, que virou para queda.
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Para André Valério, economista sênior do Inter, as intervenções do BC se justificam pelo excesso de volatilidade e pelo forte fluxo de saída de dólares. “Nos dez primeiros dias de dezembro, o fluxo de saída foi de US$ 6,79 bilhões, bem acima da média histórica para esse período – portanto, o leilão é uma solução para prover esse fluxo e impedir uma desvalorização desordenada do real.”
Como mostramos aqui, o BC vem realizando leilões cambiais para tentar injetar liquidez no mercado cambial e segurar a disparada da cotação – sem muito sucesso até então. Especialistas explicam que o verdadeiro motivo por trás da desvalorização do real é a piora do sentimento em relação ao fiscal. “A incerteza fiscal continua imperando, e a demora na aprovação do pacote de gastos, além da eventual desidratação do mesmo, não contribui para o cenário doméstico”, ressalta Valério.
O governo tem até a sexta-feira (20) para conseguir aprovar todas as medidas de ajuste fiscal no Congresso, antes do recesso parlamentar de fim se ano. A desidratação do pacote fiscal e a demora da aprovação das propostas ajudam a manter um plano de fundo de cautela no mercado.
Avanços na tramitação das propostas também ajudaram a dar alívio ao câmbio na sessão. Até o fechamento, a Câmara já havia aprovado em 1º turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote fiscal, que inclui alterações no abono salarial e no Fundeb, disciplina os chamados “supersalários”, prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e autoriza ajuste orçamentário em subsídios e subvenções. Veja detalhes aqui.
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