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Dia da Consciência Negra tem programação para celebrar cultura e ancestralidade

Dia da Consciência Negra tem programação para celebrar cultura e ancestralidade
Música, dança, gastronomia, moda e saberes ancestrais são alguns dos temas que estão presentes na programação especial no Rio neste domingo para celebrar o Dia...

Música, dança, gastronomia, moda e saberes ancestrais são alguns dos temas que estão presentes na programação especial no Rio neste domingo para celebrar o Dia da Consciência Negra. Na data, atribuída à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, as pessoas são convidadas à reflexão sobre a contribuição e a influência da comunidade negra no país e, como tem sido pauta, a questionar o racismo ainda presente.

No Centro da cidade do Rio, no monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares, ocorre a tradicional celebração, iniciada nesta manhã com a lavagem do busto. Também com uma programação variada, a celebração é resumida por Luiz Eduardo Negro Ogum, presidente do Conselho Estadual do Direito dos Negros (Cedine), como uma das oportunidades de elevar a autoestima das pessoas negras ao se verem em manifestações culturais.

O evento, que se estende até as 19h, reúne feira gastronômica, desfile de moda, apresentação de capoeira, feira com marcas de empreendedores negros, shows, entre outros.

— A primeira coisa que temos que deixar explícita é que estamos celebrando a nossa raiz, a nossa cultura, elevando a autoestima. É um evento empoderado, lindo, que mostra o quanto merecemos estar acolhidos e unidos — diz Negro Ogum. — O combate ao racismo é feito com educação, não com briga, com discussão, e sim mostrando sua verdadeira história, a sua potencialidade, a sua beleza cultural, física e religiosa. As pessoas começam a ver que não estão sozinhas, que há possibilidade de serem o que quiser, como quiser, quando quiser.

Música e dança estão presentes em programação em evento no Centro do Rio
Música e dança estão presentes em programação em evento no Centro do Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Ainda no Centro do Rio é feito um cortejo também em homenagem a Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata. A concentração foi no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, às 10h, onde alguns grupos se apresentaram, como o Batuke de Ciata, Baianas, Filhos e Filhas de Gandhi, Fina Batucada e Tambores de Olokum. Artistas e público seguem em caminhada até a escultura de Tia Ciata, de Sandro Lucena, em seguida, passam pelo busto de Zumbi de Palmares e voltam ao centro de artes para encerrar o dia com a famosa Roda de Samba da Cabaça.

Em Madureira, na Zona Norte, tem dia de apresentações na Quadra da Portela (Rua Clara Nunes, 81), a partir das 13h. Entre os artistas estão Jorge Aragão, Bateria da Portela, Roda de Samba Tia Surica, DJ Orlando, Negão da Serrinha e Stracho Temelkovski, Roda de Samba Tia Gessy com Dunga da Vila. Essa programação faz parte do Madureira Zona de Música, que integra o edital Zona de Cultura Madureira, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, com a proposta de fomentar iniciativas econômicas e culturais na região.

Dia da Consciência Negra é celebrado em monumento a Zumbi dos Palmares, no Centro do Rio
Dia da Consciência Negra é celebrado em monumento a Zumbi dos Palmares, no Centro do Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Niterói, na Região Metropolitana do Rio, começou o dia com a já tradicional lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, no bairro de Gragoatá. A escultura em bronze com 2 metros de altura, obra do escultor, artista plástico e pintor niteroiense Rodrigo Pedrosa, tornou-se uma referência aos seguidores de religiões de matrizes africanas. O monumento inaugurado há exatos quatro anos passou pela lavagem na manhã deste domingo.

— Essa cerimônia é uma singela homenagem do povo lavando, limpando e renovando as energias do Zumbi. É uma estátua que fica aqui, exposta à rua, passam pessoas que reverenciam, passam pessoas que são da religião, que cumprimentam. Então, essa lavagem é feita anualmente, nesse dia, para que ele receba nossa água, o nosso axé, para que a imagem seja sempre reverenciada dessa mesma forma que está sendo hoje.

Estátua de Zumbi dos Palmares em Niterói recebe limpeza no Dia da Consciência Negra
Estátua de Zumbi dos Palmares em Niterói recebe limpeza no Dia da Consciência Negra Foto: Divulgação/Yasmin Guastini

A cidade sorriso segue durante todo o dia com programação cultural e gratuita para celebrar a data e colocar em destaque a contribuição da comunidade negra em diferentes setores. O Viva Zumbi, organizado pela ONG Cidadania em Movimento, chega à 14ª edição para mais uma vez celebrar a ancestralidade com capoeira, literatura, shows, debates, feira com empreendedores negros e 5 mil porções de feijoada gratuita. O evento ocupa o Caminho Niemeyer até a meia-noite deste domingo.

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Neste ano, as mulheres sambistas são as homenageadas, conta Verônica Lima, uma das idealizadoras do evento e vereadora de Niterói, sendo a primeira mulher negra a ocupar o cargo e autora do primeiro Estatuto Municipal de Igualdade Racial do Brasil, com cotas de 20% para negros e negras nos concursos públicos.

— Não tínhamos uma data para celebrar a importância de Zumbi, que é um herói para nós no país. O evento cresce a cada ano, fica mais potente, com maior visibilidade, com atividades que de alguma maneira contribuíram para a cultura. E mulheres de matriz africana deram e dão sua contibuição para dar voz e visibilidade ao povo negro — disse.

Verônica vê o evento como uma chance de aproximar e exaltar a cultura negra. O simbolismo da data dá destaque à resistência.

— A violência, a desigualdade, o que vivenciamos nos últimos anos na pandemia ficou claro que a população negra foi a mais afetada. Nós sofremos muito nessa última quadra histórica, e é preciso celebrar a luta e a resistência, e para isso é preciso se reencontrar com a nossa cultura popular, nossa cultura negra. E fazer esse resgate no dia 20 é muito importante como resistência e para apontar um caminho para que a população negra tenha um lugar na sociedade brasileira, onde todos tenham oportunidade.

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