'Alergia O Corpo em Alerta': o dia a dia de crianças que lidam com ...
O dia a dia de crianças que lidam com crises frequentes de asma e dermatite atópica
Três pessoas morrem de asma todos os dias no Brasil. 80% dos pacientes com asma têm também rinite alérgica.
Quem tem dermatite atópica pode ter alergia alimentar, asma e rinite. É a chamada marcha atópica. É que as alergias costumam vir em combos. Ao longo da vida, se a gente desenvolve uma, aumenta o risco de ter outras.
No último episódio da série "Alergia - O Corpo em Alerta" - o Doutor Drauzio Varella mostra os incômodos e os tratamentos das alergias respiratórias e da dermatite atópica. Saiba mais abaixo.
Dermatite atópica: causas e tratamentos
"Eu fiz um chá de camomila. No dia seguinte, ele amanheceu com a roupa, o pijama todo grudado na pele e era muito difícil de tirar. A gente correu no hospital da forma que ele estava. O segurança pegou uma cadeira de rodas, ele não conseguia andar, e ele falou: que que é isso, queimadura? Eu falei: não, é dermatite", conta Marilúcia Dias Gabriel, mãe do Pedro.
Pedro, 12 anos, tem dermatite atópica. Uma alergia que provoca a inflamação da pele - a primeira camada de proteção do corpo. Aparecem a vermelhidão, o ressecamento e lesões, principalmente, nas dobras do corpo como cotovelos, mãos e pescoço. As terminações nervosas - que ficam em contato com a pele - levam o sinal de coceira para cérebro. Uma sensação perturbadora.
A dermatite atópica também é conhecida como eczema atópico. De origem grega, o termo significa pele que ferve. As causas são múltiplas, envolvem um sistema imunológico descontrolado, uma pele muito sensível à invasão de alérgenos e - na maioria dos casos - herança genética.
Na maioria dos casos leves, a dermatite é tratada apenas com hidratante. Mas, ao longo dos anos, o quadro do Pedro se agravou, ficou constante. Só hidratação não adianta mais.
Pedro trata a dermatite grave com um medicamento imunossupressor no Instituto da Criança, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. E tenta - pelo convênio médico - um outro tipo de tratamento, o imunobiológico ou terapia-alvo.
"Essa nova medicação vai agir a nível do processo alérgico, bloqueando esse processo inflamatório da doença", destaca Lúcia Girau, pediatra alergista.
Asma: sintomas e tratamentos
"Ele tem alergia a poeira caseira, suor também. O corpo enche de caroço. Ele desce pra jogar bola na quadra, doutor, aí ele sobe, e já sobe todo vermelho", conta Marcos Miranda Góes, pai do Erick. "O que mais me atrapalha é a asma", completa o garoto.
Erick tem 11 anos. Aos três meses, Erick teve a primeira crise de asma. Aos seis meses, uma alergia alimentar. Com um ano, vieram a rinite e a conjuntivite. Aos cinco anos de idade, a dermatite. Esse combo é um exemplo de marcha atópica.
Na crise de asma, a respiração fica ofegante. Os batimentos cardíacos aumentam. Os brônquios se fecham e produzem uma secreção que obstrui as vias respiratórias. Aparece o chiado. Quando a rinite alérgica ataca, o nariz entope porque as vias respiratórias ficam inchadas. A inflamação provoca irritação. A secreção aumenta. Vêm os espirros.
Erick conseguiu tratamento no Hospital das Clínicas e faz teste de função pulmonar.
"Você tem asma. Como é que você se trata? Quando vem a falta de ar, você usa a bombinha. Se entra numa crise mais forte, você vai para o pronto-socorro. Chega lá faz inalação, eventualmente toma soro, uma injeção, melhora, volta pra casa. Você só vai retornar ao médico quando tiver uma outra crise. Está completamente errado!", destaca o doutor Drauzio Varella.
"A asma é uma doença com a qual dá pra conviver por muitos anos. Mas ela pode ser fatal. As crises têm de ser prevenidas. Nós precisamos de tratamento continuado. Os medicamentos necessários são distribuídos gratuitamente pelo SUS. Não tem desculpa", completa Drauzio.
Na Unifesp, Rafael começa o tratamento imunobiológico contra a asma. O medicamento vem pronto numa caneta, que é pressionada e injetada a cada 28 dias.
"Eles vão no que seria o alvo do que causa. Então, existem substâncias liberadas na reação alérgica, e eles vão lá neste e bloqueiam", explica Márcia Carvalho Mallozi, médica imunologista/Unifesp.
"Eu espero que melhorem, eu possa voltar a fazer as coisas que eu conseguia fazer antigamente", diz o estudante Rafael Ta Piglini Rodrigues.
"Estou bastante feliz agora eu espero que isso consiga ajudar nesses problemas que eu tenho", relata Erik.
Dermatite atópica severa: ansiedade ou depressão
Metade das pessoas com dermatite atópica severa sofre com ansiedade ou depressão. É o caso do Pedro. Os médicos orientam: com tratamento contínuo e adequado - e uma rede de apoio - é possível enfrentar as restrições impostas pelas alergias. E fazer atividades que divertem e dão prazer.
"Nosso objetivo é fazer a roda girar para frente. A doença não impede de fazer as coisas, mas é preciso alguns ajustes", diz a médica Ana Paula.
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