Mãe de Cazuza, Lucinha Araújo fala da saudade do filho nos 31 anos de sua morte
Há 31 anos morreu Cazuza, compositor de sucessos como “Brasil”, que acabamos de ouvir, “Exagerado”, “O Tempo Não Para”, “Pro Dia Nascer Feliz”, “Ideologia”, “Codinome Beija-Flor”, “Beth Balanço”, “Maior Abandonado” e, para completar, filho único de Lucinha Araújo, que conversou com a rádio Itatiaia sobre a saudade de Cazuza e como esse sentimento mudou ao longo dos anos.
“O sentimento muda com o passar dos anos, ele piora. Você sabe que perdeu um filho e fica um buraco na sua vida para sempre. Mas, não era assim que meu filho gostaria que eu ficasse. Continuo pensando nele 24 horas por dia, mas vivo minha vida porque era isso que ele gostaria que eu fizesse. Ainda mais agora que estou viúva desde 2013. Hoje, ao meu lado, tenho uma sobrinha que é como se fosse minha filha, sou muito ligado a ela”, disse a mãe de Cazuza.
Lucinha também respondeu sobre porque a obra de Cazuza continua tão atual e tocando tantas pessoas. “O Cazuza nunca foi esquecido. Uma pessoa que deixa uma obra como ele deixou, nunca será esquecido. É muita qualidade. Ele será lembrado para sempre, assim como Noel Rosa, Vinicius de Moraes e Cartola.
Música preferida
Mãe-coruja, Lucinha ainda fala sobre a sua música predileta de Cazuza. “Eu gosto de todas. Mas, a minha predileta depende muito do meu estado de espírito. Ultimamente tenho escutado uma, que até vou ligar para o Ney (Matogrosso) perguntando se ele não quer gravar, vai ficar lindo na voz dele, chama-se: amor amor. É do Cazuza e Jorge Israel. Era o outro lado de Beth Balanço, ela foi feita há uns 35 anos e tem uma letra muito forte”.
Músicas inéditas e Sociedade Viva Cazuza
Desde 2015, ela trabalhada em um projeto com letras inéditas de Cazuza, que estava previsto para ser lançado em 2020, mas acabou adiado por conta da pandemia. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Rogério Flausino e Bebel Gilberto estão confirmados no disco. Outra novidade recente foi o encerramento das atividades da Sociedade Viva Cazuza, após 30 anos, em outubro do ano passado.
“O projeto das letras inéditas deu uma parada, mas já tem muita coisa pronta. Tem o Xande de Pilares que fez uma música muito bonita de uma letra de Cazuza. Estamos esperando que a pandemia seja amenizada para dar prosseguimento ao projeto, mas já tem muita coisa gravada e pronta. Vários documentários sobre o Cazuza que vão sair ainda. Quanto ao fechamento da Sociedade Viva Cazuza, trabalhávamos com crianças portadoras do vírus HIV há 30 anos, no entanto como hoje, felizmente, nascem poucas crianças portadoras do HIV, o projeto perdeu o foco. Então, fiquei só com os pacientes adultos, que não moram lá, mas que vão semanalmente buscarem cestas básicas, aconselhamento e remédios”, explica.
Superação
Lucinha Araújo superou um câncer, pegou e se curou da Covid-19, além de ter perdido o único filho, amado pelo Brasil inteiro. Exemplo de força, ela se prepara para completar 85 anos e agosto e conta o segredo de tanta vitalidade. “Só fica velho quem vive muito, é uma troca: envelhecimento em troca de anos de vida. A energia que tenho, uso para divulgar a obra do meu filho, para ajudar a quem precisa até hoje as pessoas portadoras de HIV”, finalizou.
Codinome-Beija-Flor
A música “Codinome-Beija-Flor” tem uma história curiosa, contada por Zeca Baleiro, onde ele fala que o verso “segredos de liquidificador” é a prova de que os poetas também erram. Em uma conversa com a cantora Simone durante a gravação do show “Uma Prova de Amor”, Cazuza explica que esse verso é sobre o segredo que a pessoa conta para a outra no momento de intimidade e o prazer é tão grande que a rua inteira escuta.