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Polícia Civil e MPRJ tentam prender Bernardo Bello; já são 5 ...

Polícia Civil e MPRJ tentam prender Bernardo Bello já são 5
Agentes saíram para cumprir, no total, 8 mandados de prisão, mas 5 alvos já estavam encarcerados.
Polícia Civil e MPRJ tentam prender Bernardo Bello

Polícia Civil e MPRJ tentam prender Bernardo Bello

A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram na manhã desta quinta-feira (7) a 3ª fase da Operação Ás de Ouros, com o objetivo, mais uma vez, de prender o contraventor Bernardo Bello, no inquérito da morte do advogado Carlos Daniel Ferreira Dias, em maio de 2022, em Niterói. Este é o 5º mandado de prisão contra o bicheiro (relembre aqui quem é Bello).

Agentes saíram para cumprir, no total, 8 mandados de prisão, mas 5 alvos já estavam encarcerados. Todos são acusados de envolvimento no atentado a Carlos Daniel. Os 8 já haviam sido indiciados e denunciados pelo homicídio e agora responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Até a última atualização desta reportagem, Bello e os outros 2 alvos — como o ex-PM Marcelo Sarmento Mendes, o Repolhão — ainda não tinham sido encontrados.

Os mandados, expedidos pela 2ª Vara Criminal Especializada da Capital, eram cumpridos em São João de Meriti e em Nova Iguaçu e, no Rio, na Penha Circular, na Freguesia e na Barra da Tijuca.

A 1ª fase da Operação Ás de Ouros foi em julho de 2022, e a 2ª, um ano depois. A etapa desta quinta-feira é coordenada pelo Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCor-LD) da Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ). As investigações tiveram apoio do recém-criado Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra) e do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA).

Bicheiro Bernardo Bello em cena de 'Vale o escrito' — Foto: Reprodução/Globoplay
1 de 3 Bicheiro Bernardo Bello em cena de 'Vale o escrito' — Foto: Reprodução/Globoplay

Bicheiro Bernardo Bello em cena de 'Vale o escrito' — Foto: Reprodução/Globoplay

De acordo com as investigações, Bernardo Bello e o braço financeiro da organização, Allan Diego Magalhães Aguiar, utilizavam negócios como venda de kits de churrasco, postos de gasolina e até lojas de roupas para superfaturar movimentações financeiras e assim lavar o dinheiro proveniente da contravenção.

Segundo a força-tarefa, parte do grupo utilizou pelo menos 6 empresas e diversos “laranjas” para tentar ocultar e tornar legal o dinheiro proveniente do jogo do bicho e outros crimes.

Os relatórios financeiros analisados apontam intensa atividade. Em 8 meses de 2021, por exemplo, uma das empresas movimentou R$ 70 milhões, enquanto outras duas giraram R$ 80 milhões nos últimos 3 anos.

Os mecanismos de ocultação patrimonial também incluíam a aquisição de bens de luxo como automóveis, lanchas, terrenos e animais de raça. Nesta quinta, a Justiça determinou a apreensão de 200 deles, como cavalos.

O secretário de Polícia Civil, Marcus Amim, afirmou que a operação desta quinta-feira é relacionada à lavagem de dinheiro da organização criminosa comandada por Bernardo Bello. Segundo ele, a polícia trabalha com a hipótese de Bello estar fora do Rio e até mesmo do Brasil.

“Estamos trabalhando com algumas hipóteses com relação à localização dele. Estamos diuturnamente atrás para fazer a prisão não só dele, como também dos comparsas”, disse.

Amim também explicou que a polícia conseguiu mapear as empresas e fazer o bloqueio de bens de pessoas físicas e jurídicas ligadas a Bello.

“Entre essas empresas, estão alguns estabelecimentos como Kit Churrasco, postos de gasolina e outras empresas que ele usava para lavar dinheiro com todo um esquema operado por outras pessoas, algumas mais próximas, e outras que ele tentou tomar”, disse o secretário.

“Algumas pessoas jurídicas estão sendo bloqueadas e vão ser administradas pela Justiça, essas empresas não vão parar de funcionar”, pontuou Amim.

Quem é Bernardo Bello

Bernardo Bello Pimentel Barboza é apontado como um dos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. O posto foi assumido após romper com a mulher e com toda a família dela — o clã Garciaem uma ascensão marcada a sangue, segundo as investigações.

O contraventor Bernardo Bello — Foto: Reprodução/Globoplay
2 de 3 O contraventor Bernardo Bello — Foto: Reprodução/Globoplay

O contraventor Bernardo Bello — Foto: Reprodução/Globoplay

Bello responde a 4 tipos de crimes em diferentes processos:

  1. A morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid, tio da ex-mulher, Tamara;
  2. A morte do advogado Carlos Daniel Dias André;
  3. Lavagem de dinheiro;
  4. Formação de quadrilha.

Bello se casou com Tamara Harrouche Garcia, filha de Waldermir Paes Garcia, o Maninho, assassinado em setembro de 2004.

Com a morte de Maninho, a rede de contravenção dos Garcias seria herdada pelo irmão dele, Bid.

Bello ficou detido na Colômbia por 4 meses, quando obteve um habeas corpus, e voltou ao Brasil, respondendo ao atentado em liberdade.

A morte de Bid foi uma das que marcaram a guerra do jogo do bicho no RJ. Também foram executados Waldemir Garcia, o Myro, o filho dele, e Fernando Iggnácio.

Em novembro de 2022, Bello voltou a ser procurado, na Operação Fim da Linha, por corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação começou com a notícia-crime sobre um bingo clandestino em Copacabana, na Zona Sul do Rio, que funcionaria com a permissão de policiais militares.

Segundo a investigação, Bello e Sheik fizeram uma permuta de uma cobertura do ex-jogador por uma casa na Barra da Tijuca. Apesar de declararem que não havia valor envolvido, Bello transferiu “à margem da transação imobiliária formal”, em 4 depósitos em espécie, R$ 473.550 para Sheik – “utilizados clandestinamente como parte do pagamento pela aquisição de imóvel”. Os valores não passaram por contas bancárias de Bello e não foram registrados nas escrituras.

Investigadores afirmam ainda que a Vila Isabel foi utilizada, entre 2014 e 2015, para lavagem de dinheiro “oriundo, sobretudo, da contravenção do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níqueis”.

A morte do advogado

3 de 3 O advogado Carlos Daniel Dias André, de 41 anos. — Foto: Reprodução

O advogado Carlos Daniel Dias André, de 41 anos. — Foto: Reprodução

O advogado cumpriu 6 anos de prisão. Na cadeia, ele estudou, se formou em direito e começou a trabalhar na advocacia criminalista. Tornou-se especialista no ramo de execuções penais — área em que advogou para muitos policiais e contraventores do jogo do bicho e máquinas caça-níqueis.

Carlos Daniel atuou pontualmente como o advogado da viúva do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega (morto em confronto na Bahia, em fevereiro de 2020), Julia Lotufo. Ela foi alvo do Ministério Público, em março do ano seguinte, por suspeita de lavagem de dinheiro e organização criminosa — teria feito uso do dinheiro oriundo do espólio de Adriano.

À época, Julia tentou fazer um acordo de delação premiada. Foi neste momento que, segundo as investigações, Carlos Daniel entrou de vez na mira do contraventor Bernardo Bello.

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