Cidade se une na hora da virada na Praia de Copacabana: veja imagens da queima de fogos
RIO - Mais do que um ano novo, é o começo do fim de uma década. Um começo que vale por dez. Que vale por 2,9 milhões, número estimado de pessoas reunidas na Praia de Copacabana para comemorar a chegada de 2020. Reunidas. A palavra carrega a simbologia do momento: união. Outras também cabem no glossário. Encontro, equilíbrio, harmonia... Depois de um 2019 marcado por opostos que se enfrentaram mais que se complementaram, a busca por moderação e tolerância embalou a maior festa da cidade.
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Um Rio, lotado de turistas, desaguou à beira-mar para assistir à queima de 17 toneladas de fogos que transformaram noite em dia por 14 minutos. Os grandes destaques foram os em forma de cascata e de flores que se abriam dentro de outras multicoloridas. Além de cubos e corações com efeitos 3D. Os tipos, estilos e ritmo da iluminação variavam conforme a música tocada no palco principal.
Sob as luzes, cariocas, brasileiros, estrangeiros. Um mundo de gente que fez refletir na orla um sentimento maior: o de virada. Literalmente, a hora da virada. Virada em serviços básicos, fundamentais, para cada um, para a cidade e para o país. Saúde apareceu no topo da lista de desejos. Em se tratando do Rio, que em 2020 vai passar por uma eleição municipal, essa foi uma questão crítica em 2019. De um lado, padeceu a população, com a falta de atendimento; do outro, funcionários do setor, com salários atrasados.
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Maior oferta de emprego veio logo em seguida entre as prioridades. Uma vontade movida pela esperança de que a recuperação da economia se consolide. Sem ordem de grandeza, embalou tudo isso a torcida para que o novo ano seja, acima de tudo, de paz.
— São milhões de pessoas reunidas num único bairro, com pensamentos, religiões e opiniões diferentes. Se é assim todo último dia do ano, por que não podemos viver em paz ao longo do ano inteiro? Que 2020 seja diferente de 2019, um ano com muito conflitos — resumiu o marceneiro Antônio Prudêncio, de 69 anos, que há sete passa a virada em Copacabana com a mulher, Alzira Maria, com quem é casado há 47 anos.
Ajudante de caminhoneiro, Carlos Henrique do Nascimento, de 51 anos, saiu ontem de madrugada de Nova Iguaçu para chegar cedo em Copacabana e garantir um lugar próximo ao palco principal. No transporte público, tomou cuidado para não amassar o cartaz em que pedia paz para a “cidade mais linda do mundo’’, que tem a “praia mais famosa do mundo’’, que abriga o ‘‘melhor réveillon do mundo’’:
— Eu quero que a paz reine na nossa cidade.
O casal Thais Lima Pontes, de 20 anos, e Luis Felipe Duda de Oliveira, de 22 anos, queria paz, amor e... casamento. Eles levaram uma placa para Copacabana pedindo ajuda para realizar o sonho de celebrar a união com uma festança.
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Nada que se compare ao “melhor réveillon do mundo’’ do Carlos Henrique. Réveillon que este ano vai ficar marcado pelos cercadinhos. A começar pela polêmica. Primeiro eles foram autorizados pela prefeitura; depois, proibidos pela Justiça. Nesta terça-feira, passaram novamente a liberados. Resultado: a areia foi tomada por quadrados isolados e com cobrança de ingressos. Teve “área VIP’’ até no calçadão, tirando o espaço de quem passava a caminho do mar.
E no meio do caminho em frente ao Hotel Copacabana Palace tinha o palco principal — outros três estavam espalhados entre o Leme e o Posto 6. Os shows começaram às 18h50m, com a cantora gospel Anayle Sullivan. Coube a ela, aliás, outra polêmica pré-réveillon. Dias antes da virada, sua participação foi barrada por uma liminar, após um pedido da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos. Na segunda-feira, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu a apresentação, seguida dos cantores Diogo Nogueira e Ferrugem, entre outros.
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Fora dos limites de Copacabana, duas atrações se destacaram : a cascata de fogos de 50 metros do Hotel Nacional, em São Conrado, e as projeções no Cristo Redentor. O show de luzes no monumento-símbolo teve sincronia com os fogos da praia, provando que a união pode também deixar a festa mais bela.