"Novo normal" dá as caras em Bangu x Flamengo, muda hábitos do Maracanã, mas não resiste aos abraços
Um Maracanã diferente bem além do silêncio e vazio das arquibancadas. A volta do Campeonato Carioca colocou em prática o tão falado "novo normal" na vitória por 3 a 0 do Flamengo sobre o Bangu, na noite de quinta-feira, pela quarta rodada da Taça Rio. Novas logísticas, novos procedimentos, mas um protocolo que ainda escorrega diante da emoção.
Gabriel e Bruno Henrique se abraçam em momento do gol — Foto: André Durão
Passando a limpo o "Jogo Seguro" da Ferj, poucas foram as recomendações não cumpridas. A principal delas, praticamente utópica: a não reunião ou abraços nas comemorações dos gols (orientação descumprida em quase todos os países onde o futebol voltou).
Além disso, Jorge Jesus e Eduardo Allax acompanharam a partida sem máscaras na beira do gramado, contrariando o uso obrigatório listado no oitavo tópico do protocolo.
Oitavo item do protocolo diz não permitir aglomeração nas comemorações — Foto: Reprodução
Feitos os adendos, o que se percebeu no Maracanã foi uma realidade bem diferente do habitual em dias de jogos. Com o hospital de campanha instalado no Célio de Barros, o portão de acesso das delegações foi alterado do 2 para o 9, assim como seu procedimento.
Bolas são higienizadas por gandulas constantemente — Foto: André Durão / GloboEsporte.com
Bangu e Flamengo chegaram com uma diferença de meia hora. Suficiente para que todos os jogadores e membros de comissão técnica cumprissem com distanciamento e paciência o protocolo de passagem pela câmara de desinfecção e seguissem para os vestiários.
Durante o dia, todos os 40 integrantes de cada delegação passaram por testes de PCR e sorológicos disponibilizados pela Ferj em suas concentrações para acelerar o processo e permitir que chegassem ao Maracanã próximo do horário do jogo. O Flamengo chegou somente às 20h.
Jorge Jesus sem máscara, enquanto jogadores seguem protocolo no banco — Foto: André Durão
Todos os outros profissionais que tiveram que trabalhar no gramado, por sua vez, passaram por exames de PCR. Para os membros da imprensa que trabalharam na tribuna, a exigência era somente de desinfecção na câmara e medição da temperatura.
Já dentro do estádio, cartazes espalhados pelos corredores reforçavam as regras básicas de combate a Covid-19, além de inúmeros frascos de álcool em gel. O mesmo valia para os acessos ao gramado.
Funcionários higienizam o banco de reservas a cada paralisação — Foto: André Durão / Globo Esporte
Com distanciamento, os gandulas também carregavam consigo o produto e limpavam a bola cada vez que vinha para suas mãos. Funcionários do Maracanã higienizaram os bancos de reservas durante o intervalo e ao término da partida.
Os suplentes também tiveram a rotina bastante alterada. Sinais indicavam que os assentos deviam ser utilizados de maneira espaçada e os jogadores permaneceram de máscara - retiradas durante o aquecimento.
Álcool em gel disponível nos acessos ao gramado — Foto: André Durão / GloboEsporte
Foi possível perceber o protocolo também nas entradas dos times em campo, em momentos distintos. Não houve fotos ou cumprimentos. Os jogadores seguiram diretamente para o centro do gramado, onde fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas do coronavírus.
Se os protocolos foram perfeitos, só novos exames vão poder comprovar. Mas que o "novo normal" foi colocado em prática no Maracanã, não há dúvidas. Difícil vai ser fazer o gol e não correr para o abraço.
Gabriel passa por câmara de desinfecção na chegada ao Maracanã — Foto: André Durão / Globo Esporte